Um dia de Verão, enquanto procurava um livro na marquise em casa da minha mãe, encontrei um bibelot extremamente original: um mocho! Tão bonito e perfeito, que estranhei que ela o tivesse colocado lá no topo de uma prateleira. Ainda a admirar a peça, vi-a piscar os olhos... Que susto!
O cenório que se seguiu foi indescritível, mas por fim lá se conseguiu agarrar o bicho, que ficou temporariamente alojado na gaiola da porteira, conhecida por ser grande amiga da bicharada, em geral, e de aves, em particular. A mulher avisou logo que o mocho ali não sobreviveria muito tempo, tinha de se encontrar uma melhor solução. Na época, os poucos contactos possíveis eram via telefone, mas não resolveram!
Entretanto, lembrei-me de uns jovens ligados à ecologia que paravam no mesmo café de bairro onde costumava ir (o “entulho”, pois claro!), que perdiam horas a fio a falar entusiasmados da raposa do rabo prateado, do lince da Malcata ou dos lobos não sei donde, para tédio de todos os habituais frequentadores, que pretendiam estudar sossegados.
Enchi-me de coragem e abordei um deles:
“- Não és tu que gostas muito de animais?”
“- Sou! E tu, não?!”
“- Sim...”
Apesar da introdução não ter decorrido particularmente bem, desenrolei a história toda. Entusiasmo é pouco, para relatar a reacção do indivíduo! Vi-me dentro da carripana dele, a guiar esgroviado até ao meu prédio, depois de um sucinto xau aos restantes ambientalistas, para gáudio das minhas amigas, que riam que nem perdidas...
Afinal o mocho era uma coruja juvenil, a precisar de tratamento veterinário por ter uma asa magoada, que o ecologista se encarregou de proporcionar.
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ResponderEliminarEstiveste bem, Teté!
ResponderEliminarP.S. - Tinha havido um erro de interpretação...
Oh que lindo!!! Uma corujinha...
ResponderEliminarO mais estranho que tive foi um morcego, mas infelizmente não o consegui salvar.
cONCORDO COMMO CAPITÃO: estiveste bem! Só agora é ue me apercebi do caps lock! Ando mesmo extenuada!
ResponderEliminarGosto das corujas e mochos...mas a minha família lá do norte está habituada a associá-los a maus prenúncios...e a verdade é que em certas circunstâncias, acontece geralmente qualquer coisa, estranho!
Beijinhos grandes.
P.S. Ainda não viste a EXPIAÇÃO?
Ih, que fantástico!! Mochos nunca me aconteceram. Mas já me entrou um piri domesticado pela janela, foi quando me virei para as aves, ;-). Tb já tive gatinhos atrás de mim, =(. E uma vez dei com uma data de caezinhos abandonados na universidade, eram tão fofos! levei-os até ao pé do bar onde costumo parar e as empregadas deram-lhes logo de comer. Ao fim de um dia já não havia nenhum, já tinham sido todos adoptados! =)
ResponderEliminarora aí está uma boa-acção...
ResponderEliminarAh, eu tenho um mocho de pedra da africa do sul, e tive um feito em macramé, com a spata snum tronco de arvore, o bicho até era interessante, mas um dia fui levar as chaves à nina africana que me foi visitar com o marido e o filho, esqueceram-se delas, e para não ter de chamar o elevador d enovo, fui até lá e fechei a porta de casa ao Nuno que ficou sozinho um minuto, chorava desconsoladamente enquanto olhava para o mocho de macramé e dizia, ó bicho, ó bicho, mamã mamã, ele tinha um anito e pouco, arre, que lembrança, lá lhe disse que aquilo não fazia mal era um passarinho a fazer de conta, mas era um mocho..bolas coitado do nino...
ResponderEliminarFizeste bem em pedir ajuda para ele, assim mais uma ave que se salvou...
CAPITÃO, talvez não! Algumas amigas eram ainda muito miúdas... :)
ResponderEliminarSAFIRA, uma amiga minha costumava ter camalões... Confesso que não são uns bichinhos que me seduzam por aí além, assim como os morcegos... No caso, a coruja só esteve umas horinhas à espera que o outro a fosse salvar!
SU, a minha avó também tinha umas superstições dessas com os mochos, mas eu não sou muito de acreditar nessas coisas. Quanto à Expiação, quero ver se neste próximo fim de semana, que o passado não deu...
Jinhos, amiga!
VANADIS, não é assim tão frequente entrar uma coruja pela janela de um quarto andar, num prédio em Lisboa... :) Periquitos e canários, sim, normalmente fugidos de gaiolas da vizinhança.
ResponderEliminarRSM, tens razão, fiquei com mais admiração por aqueles "chatinhos" que tinham conversas tão enfadonhas. Pelo menos, sabiam o que fazer numa situação daquelas... :)
LAURINHA, pois, mas aquela não metia medo a ninguém: era pequenina, com a penugem bege e a coitadinha nem se mexia (só piscava os olhos). Depois, assustada, lá esvoaçou um bocado, quando a tentámos agarrar.
Sem o fulano, dificilmente a bicha se salvava!
Eu já tive o prazer de ter várias corujas a viver... sobre o meu tecto. Ouvia a respiração delas e tudo!
ResponderEliminarAssim como, noite dentro, as via entrar ou sair pelas fissuras do telhado.
Pois...
Vivia numa casa enorme - e antiga, no mínimo séc. XIX...
Já sei que ninguém me leva a sério, mas garanto que não estou a brincar.
Que saudades de tal casa...
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ResponderEliminarAh...
ResponderEliminarQuando estiver bem-disposto, sou homem para publicar (n'Os Dedos...) fotos da referida casa.
Casarão, melhor dizendo.
Hoje infelizmente em ruína...
Olá!
ResponderEliminarCá em casa entrou um pardalzito...coitado, o gato Baltazar, brincou com ele até que...um... desistiu.
Beijos
eu vi uma raposa aqui ha dias, e ia atropelando um mocho/coruja... como é bom viver no campo :)
ResponderEliminarja me entrou um pombo pela janela da marquise que andava perdido. o meu pai ligou para o centro columbofilo da zona e descobrimos que era de um senhor la da zona (foi busca-lo pouco depois).
fizeste bem em procurar auxilio para o passaroco :)
As corujinhas são aves que não fazem mal nenhum e são bonitinhas.As pessoas dizem que são agourentas,eu não acho.
ResponderEliminarAi,ai devagar vou retornando viu Teté?
:))))
Beijinhos e cheirinhos.
Lá me vais pôr a fazer pesquisa para descobrir a diferença entre mocho e coruja! :))
ResponderEliminarÉ sempre preocupante quando nos vem parar às mãos um ser do qual nada percebemos. Tiveste ou teve ela sorte de frequentares o 'entulho'.
Depois dum desfecho desses só te podes sentir orgulhosa, parabéns!
É caso para dizer “I love happy endings…“ ou recordando uma série antiga (the A team) “ I love it when a plan comes together! “;)
ResponderEliminarFATifer
Pois, REI, eu nem sequer distingo mochos de corujas, como se nota...
ResponderEliminarVou ficar atenta à postagem desse casarão! :)
Xi, que mau, MJF! Mas assim como assim acaba por ser instinto animal, não é? Jinhos!
FAUSTO, viver "no campo" tem vantagens e desvantagens! :) Essa de encontrar o dono de um pombo aqui em Lisboa... digamos que... ia ser muito complicado!!! ;)
Foi sorte da corujinha aquele ecologista saber o que fazer com ela...
KÁTIA, aquela era pequenina e eu nunca fui muito de ligar a agouros. Pois custa entrar na engrenagem depois de férias, né? Jinhos para ti também! :)))
ResponderEliminarAHLKINHA, a corujinha é que teve sorte do outro fulano saber onde levar um animal daqueles, a necessitar de cuidados. Coitada da bicha, de certeza não sobreviveria nas nossas mãos...
Eh, FATIFER lembro-me bem dessa série, com o George Peppard e o Mister T. Um pouco violenta, não???
:))) Não sei se tem alguma coisa a ver com a coruja, mas OK! :D
e no forno com batatinhas, não ocorreu?
ResponderEliminarNão, MOYLE, nem por isso! Mas é deixá-la crescer, que talvez ocorra a alguém... ?!
ResponderEliminarAhaha Lindo... surreal!
ResponderEliminarFoi a minha primeira visita!! espero voltar! Gostei.
Abraços
Bem-vindo, RP!
ResponderEliminarVolta sempre que quiseres!
Abraços para ti também!
Ó, Teté, eu também resgatei uma cria de mocho que encontrei perdida num caminho sem saber voar ainda. Foi da outra margem do rio e trouxe para esta, para uma associação ecologista, que tomou conta dele. Nunca mais soube, mas sempre pensei que ele cruzara de novo o rio quando a aprendeu a voar, sem entender de línguas nem fronteiras.
ResponderEliminarCá para mim fez foi um refogado de coruja...
ResponderEliminarOlá téte hoje tenho um bocadinho mais de tempo e vim aqui espreitar e gostei do tema.
ResponderEliminarSabes cá em cima nesta linda Serra onde vivo temos corujas a cantar ao anoitecer.......é um sonho espectacular que entoa em todo o vale...
Mas é um animal para o qual me custa olhar "olhos nos olhos".....não me perguntes porquê, pois não fazem mal a ninguem.......mas eles fixam o olhar em ti de tal forma que te sentes incomodado....
Beijokitas grandes e voltarei.
Ehehe
ResponderEliminarEngraçada esta tua história e com direito a final feliz! :)
Apesar de os achar engraçagos (mochos e corujas) não os posso ouvir nem perto, pois senão a minha mãe começa logo a dizer "Boas notícias não são de certeza!"
eu também já tive a sorte de soltar uma que encontrei presa num recinto vedado com rede!
ResponderEliminare apesar de ainda ter 4 marcas das garras dela numa mão, posso dizer que foi mesmo sorte porque nunca tinha visto tão de perto uma ave daquelas! das mais lindas que eu já vi!
quais sao as desvantagens de morar no campo?
ResponderEliminar“Eh, FATIFER lembro-me bem dessa série, com o George Peppard e o Mister T. Um pouco violenta, não???
ResponderEliminar:))) Não sei se tem alguma coisa a ver com a coruja, mas OK! :D”
Pois, por vezes esqueço-me que os outros não pensam da mesma forma (tortuosa) que eu mas deixa-me explicar pois a série tinha a sua violência (nada comparável em realismo ao que se assiste nos dias de hoje) mas não tem nada a ver com o que disse. Apenas fui buscar a frase que citei porque a tua história acabou bem foi apenas isso (se te lembras da série o personagem interpretado pelo George Peppard – Hannibal Smith – dizia quase sempre a frase no fim de cada episodio porque tudo acabava bem mesmo quando fugindo ao inicialmente planeado)
FATifer
SUN, suponho que as aves terão esse instinto de voltar ao local de onde vieram. Como tu dizes, sem conhecer línguas ou fronteiras... :)
ResponderEliminarNá, RAFEIRITO, era mesmo um jovem entusiasta... Eu é que julgava que não sobrevivia do curto trajecto na carripana! :P
PARISIENSE, ela estava tão quietinha, que até a confundi com um bibelot... Daí o susto! Medo, eventualmente, tenho dos olhos de alguma gente. De animais, nem por isso (pronto, tá bem, nunca me apareceu um crocodilo à frente!) :)
Jinhos, nina!
TONS DE AZUL, a minha avó também tinha essas superstições, mas eu já não alinho muito nisso. Embora continue a não gostar de trovoadas... :)
ResponderEliminarVÍCIO, embora me tivesse assustado da transição de bibelot para ser vivo, também achei a corujinha um encanto! ;)
FAUSTO, assim à partida, só vejo uma: há menos cinemas, teatros e livrarias por perto ('tá, esta última pode parecer-te exagero!) :)))
FATIFER, a frase era gira (longe de ter visto todos os episódios) e sim, aquilo fugia sempre ao planeado, mas como americanice pura, os "bons" - não é que eles fossem assim um gaijitos particularmente agradáveis de conviver - venciam sempre os maus (que esses, eram comáscobras). Mente tortuosa, tu? Ná, não me estava a gabar a mim própria, antes o jovem ecologista, mais novo, que já se preocupava com essas coisas e eu ainda andava a anos-luz dessas preocupações... ;)
Ehehe
ResponderEliminarBem... Confesso que as trovoadas só não me assustam quando estou em casa.
tambem so demoro uma hora e meia daqui a lisboa (menos se for eu ao volante). quando se quiser ir "passear" à cidade é um instantinho
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