terça-feira, 29 de janeiro de 2008

RIO DAS FLORES

A discussão, no Clube de Leitura, recaíu sobre o livro:

RIO DAS FLORES

Miguel Sousa Tavares
Oficina do Livro (2007)


Confesso que gostei! Aliás, gostámos todas, embora houvesse quem o considerasse um pouco banal, em termos de literatura. Na verdade, o autor não se conseguiu desprender de um certo relato jornalístico, a evidenciar o trabalho na pesquisa histórica. Umas quantas páginas a mais, com vantagens para quem não sabe nada sobre a história da primeira metade do século XX, pouco inovadoras para os restantes.
A acção decorre no seio de uma família de latifundiários alentejanos, os Ribera Flores, entre 1915 e 1946, com duas posturas diferentes de dois irmãos que se amam e respeitam: um é idealista, culto e fervoroso democrata; o outro é mais ligado à terra, ao trabalho e às raízes familiares. Em comum, só tem o gosto pela caça!
O(s) romance(s) em si são um pouco inverosímeis, para a época, mas não deixa de ser um livro agradável e fácil de ler, mesmo com as suas 608 páginas...

*****
O próximo será o livro “Uma Questão de Beleza”, de Zadie Smith!

Na aventura de ler autores diferentes do habitual...

*****
CITAÇÕES:
"E assim, todas as noites ao serão, no Palácio de S. Bento - onde criava galinhas e patos como se ainda vivesse na aldeia e sempre assistido em tudo pela sua governanta dos tempos da Universidade de Coimbra -, aquele desconfiado beirão sentava-se na sua poltrona de sempre, descalçava as botas de polaina do século passado que insistia em usar ainda, substituía-as por umas pantufas de lã e ficava a ler e a responder à correspondência diplomática que lhe chegava dos seus embaixadores espalhados pelo mundo. Aos 47 anos de idade, fizera de si próprio o primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros que nunca tinha posto um pé no estrangeiro."

*****
"Quanto à política, Salazar explicara, num dos seus célebres discursos, o quanto os portugueses lhe agradeciam não terem de se preocupar com o assunto [...] Ele sozinho dispunha-se assim a arcar com esse patriótico sacrifício de pensar na política."

*****
"Gostava de fado, mas não gostava da moral derrotista e fatalista do fado: um lamento de vencidos, de conformados, de gente perdida numa nostalgia sem grandeza."

*****
"Ao longo de todos esses anos em Valmonte, ela aprendera a ver o tempo escoar-se, ao seu próprio ritmo, que, como se sabe, nunca é igual ao longo da vida, e aprendera também que tudo se pode perder de um instante para o outro, tanto a tristeza como a felicidade."

22 comentários:

  1. Não li. Conheço o "Equador" e acho que, enferma (não é um mal em si) de uma certa forma jornalística de dar a conhecer a história. Trata-se de uma técnica, simples, que cai bem a leitores pouco exigentes.

    ResponderEliminar
  2. como é que são os teus autores habituais?
    altos, morenos, corpo atletico...

    ResponderEliminar
  3. não acho que tenha muito a ver com o equador...é um livro diferente, mesnos ao meu gosto, e com umas páginas a mais claro. mais interesante pela parte histórica, os romances dos dois são assim pouco atractivos...

    ResponderEliminar
  4. Ainda o tenho na prateleira dos não lidos...
    Não poderei nada mais dizer...
    Mas deixo-te um beijinho

    ResponderEliminar
  5. Deixa-me adivinhar, Capitão: O MST não é homem com quem simpatizes?! :)
    Pronto, mas isso não impede que o livro seja agradável, sem ser genial!:P

    Carlos II, pois não li o "Equador", mas como o escritor é o mesmo, sei o que referes. Não sendo uma grande obra literária, lê-se bem! O que num país onde grassa a iletracia, nem se pode considerar uma desvantagem...

    Credo, Vício, tirando o alto, não vejo nada disso no Sousa Tavares. Aliás, tem um certo espírito trauliteiro, nas opiniões polémicas que defende, que me desagrada profundamente. Mas o livro não é mau, só porque não simpatizo muito com o homem... ;P

    ResponderEliminar
  6. Fernando Pessoa, não sendo um grande livro, não se pode dizer que seja um mau livro...

    Tons de azul, para calhamaço, lê-se lindamente, pois a escrita não é muito rebuscada. Jinhos para ti também! :)

    ResponderEliminar
  7. Teté:
    Apenas quis brincar! :)

    Nada me move contra o homem. Aliás, nunca li nada dele para além dos artigos publicados em jornais e revistas...

    ResponderEliminar
  8. Desculpa, Capitão! Julgava que eras mais um a engrossar as fileiras dos antipatizantes do MST.

    Continuo a achar que ele é melhor jornalista/cronista do que escritor. Ou seja, como escritor tem de amadurecer mais um pouco o seu próprio estilo, demarcando-se da herança jornalística. Dito isto, é óbvio que o homem escreve bem...

    E podes brincar à vontade, 'tá claro! :)))

    ResponderEliminar
  9. Mas percebeste a brincadeira em si mesmo, não?
    Da "patetice"...

    ResponderEliminar
  10. Ná, nem por isso, Capitão!

    ResponderEliminar
  11. Então o MST não está sempre a utilizar o termo "patetice"?

    ResponderEliminar
  12. Ah!!! Sim, mas como julgava que vias pouca televisão... ;)

    ResponderEliminar
  13. E não vejo!

    Mas sei que é assim... :)

    ResponderEliminar
  14. Pois é, Capitão! Para refutar argumentos contrários atalha sempre com a "patetice"... :)))

    ResponderEliminar
  15. Anónimo1/29/2008

    Eu gosto do humor sarcástico do MST.

    ResponderEliminar
  16. Ainda não o li...já ouvi dizer quem tenha gostado dele e quem não tenha. Deve ser daqueles que se ama ou detesta! Ou não mesmo! sei que gostei do Equador...
    Agora ando a ler romance histórico, sobre a Inquisição. O Inquisidor, baseado em manuscritos verídicos. Para mim, uma época simplesmente "atractiva"...de investigar. E de contestar!

    Um beijinho grande.

    ResponderEliminar
  17. Ah, ah, ah! Aninhas, sei bem que gostas do humor sarcástico do MST. Convenhamos que ele às vezes tem opiniões um bocado polémicas...
    Já comprei o da Zadie!!!

    Bom, Su, como não li o Equador (está em fila de espera), não sei comparar. Este também é um romance histórico, muito bem contadinho nos factos históricos, sem margem para interpretações que possam ser consideradas abusivas ou excessivas. E gostei dos pontos de vista dos dois irmãos serem radicalmente diferentes, enquanto personagens a viver aqueles tempos.
    Obrigada também por mais essa dica do Inquisidor!
    Jinhos!

    ResponderEliminar
  18. Das opiniões que já recebi (nós agora aqui no emprego temos uma espécie de clube de leitura) tem sido unanime a distinção entre a seca (parte histórica) e o bonzinho (parte do romance). Acho que vou passar este...

    ResponderEliminar
  19. Olá, já estive com ele nas mãos (o livro, apre!) folheei na Fnac, mas como nem posso comprar todos os livros, enfim...parece ser interessante.
    Beijinhos.

    ResponderEliminar
  20. Hoje não se escreve nada porquê?
    É por isso que o país não se desenvolve!

    ResponderEliminar
  21. Pois está claro, Rafeiro! Se o romance histórico não te interessa por aí além e ficando à partida com a dica que está longe de ser genial, tens mais é que ler qualquer outro que te agrade mais! :)))

    Pois é, Laurinha, infelizmente não se podem comprar todos os que nos parecem atractivos. Jinhos, nina!

    Rei da Lã, já tratei do teu caso... Mas o "menino" é apressadinho, não? :)

    ResponderEliminar

Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)