segunda-feira, 25 de abril de 2016

GRANDES ESPERANÇAS

No dia 25 de Abril de 1974 não estive na rua: tinha 15 anos acabados de fazer e uma enorme otite que me fez passar dois dias de cama. Os sons da revolução soavam-me apenas como ruídos de fundo, quando só desejava silêncio. Com tantos dias para adoecer, logo havia de calhar naquele que tanto mudou a minha vida e a de todos os portugueses. Daí não ter gratas lembranças do dia. Mas depois de passada a maleita recordo com muita emoção a felicidade que reinava na minha casa, no liceu, nas ruas, em todo o lado. A alegria das pessoas era contagiante. Diária. Parecia que finalmente a todos nos era permitido ter grandes esperanças. E quer estas se viessem a concretizar ou não, só a possibilidade era uma fonte de alegria... 

Só voltei a sentir o mesmo clima de alegria generalizada durante a Expo 98, mas mesmo assim longe da dos tempos da revolução de cravos. É pena que essas sensações positivas não se repitam mais vezes. Ou que alguns, hoje de barriga cheia, não deem grande valor à liberdade que nos foi concedida a partir desse dia agora longínquo, por um grupo de militares corajosos. 

A Sophia de Mello Breyner Andresen expressou-o como ninguém no seu poema "25 de Abril":

"Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo"

25 de Abril, SEMPRE!

12 comentários:

  1. Água com fartura, a regar este cravo da esperança.

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  2. Eu tinha 17 anos e uma filha com 5 meses, meu marido fazia parte dos militar em Lisboa, quando ouvi no rádio, fiquei confusa, falavam muito em militares nas ruas de Lisboa, a minha cunhada (irmã do meu marido)veio ter comigo a chorar, aí o meu coração estava prestes a disparar, apertei minha filha nos braços e chorei imenso, até ao momento em que ela me explicou mais ou menos o que estava acontecer.

    Beijinho Teté, boa semana e viva a liberdade.

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  3. 25 de Abril, sempre, Teté!! E bem vermelho como o cravo!

    Beijinhos revolucionários...

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  4. ~~~
    Envio um beijo amigo num cravo vermelho perfumado.
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Desculpa Teté, escrevi uma gralha e retirei o comentário.
    Belissíma escolha este poema de Sophia.
    Que nunca nos falte a liberdade.
    Beijinhos

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  7. Que bom é ter havido alguém como Sophia para sentir por nós e escrever esta maravilha que nos faz pensar na espera, nessa prolongada e mesmo dolorosa espera. Que nós não vivemos ou nem sabíamos que existia. Que apenas conhecemos porque alguém a disse fazendo-a nossa. E quem nos dera habitar a substância do tempo!

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  8. Com um PR a sério a celebrar.
    Beijocas

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  9. Mantenho a esperança de dias ainda melhores :)

    Blog LopesCa | Facebook

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  10. Para mim não teve qualquer significado, até porque vivia fora. O significado que teve depois foi algo muito negro....por isso é um dia que para mim não tem o significado que tem para os portugueses que viviam em Portugal .
    Mas tenho a esperança que melhores dias venham e que estas celebrações não sejam só para ser bonito.

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  11. Excelente poesia da Sophia !

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)