Pearl S. Buck não precisa de apresentações: não só recebeu o Nobel da Literatura em 1938, como a sua vasta obra foca primordialmente a cultura chinesa, onde viveu grande parte da infância e início da idade adulta, até a revolução chinesa a ter obrigado a abandonar aquelas paragens. Mas não é a cultura chinesa de salão, mas mais de um povo camponês a lutar pela sobrevivência ou de classe média, ainda a enfrentar costumes feudais - para já não falar nos senhores da guerra.
Neste pequeno (grande) livro de apenas 191 páginas damos conta da luta de uma mãe que, com três filhos pequenos se vê abandonada pelo marido, homem dado à jogatina e pouco amigo de trabalhar. E do sofrimento que esconde de todos, dizendo que ele foi trabalhar para longe, chegando a mandar escrever cartas para ela própria para disfarçar o embuste. Com a ajuda do filho mais velho consegue trabalhar nos campos e pôr comida na mesa para toda a família e ainda amealhar algumas moedas. Infelizmente a sogra está velha e é de pouca serventia e a filha tem um mal nos olhos que vai agravando até fica cega, pelo que o futuro não augura nada de bom à menina. O filho mais novo, o seu predileto, tem um feitio bem disposto e risonho, mas infelizmente sai ao pai e é pouco amigo de trabalhar.
É a luta diária desta mulher que vamos seguindo com aquela interrogação de "será possível que algum dia tenha sido assim?" Para chegarmos à triste conclusão que foi e em alguns casos muito pior para as mulheres pobres do povo chinês do início do século passado. E que, provavelmente, por esse mundo fora ainda hoje existem mulheres que trabalham como escravas injustiçadas todos os dias.
Last but not least, na adolescência li uma série de livros de Pearl S. Buck, que a mãe de uma amiga me fez o favor de emprestar. Tantos anos volvidos não me lembro dos títulos da maioria deles, nem sei se li este na altura. Mas se gostei de a ler aos 15 e de a reler aos 55, parece-me muito bom sinal para a escritora: é que a sua escrita se mantém atual e interessante para leitores de várias faixas etárias, apesar do livro ter sido escrito em 1933, portanto há mais de 80 anos.... Quantos escritores se podem gabar disso?
Citações:
"Depois encheu-se de inquietação e pessimismo e pensava que, se a criança era uma alegria, também era uma nova fonte de preocupações, como são todas as crianças, e que podia nascer morta ou deformada, idiota ou cega, ou uma rapariga, ou qualquer coisa parecida."
"Mas havia muita gente à espera, porque tinha corrido pelos campos a notícia de que ia haver esta grande decapitação, e muitos vinham ver o espetáculo e traziam os filhos.[...] A multidão estava silenciosa, as pessoas esperando avidamente, sentindo um estranho prazer e, ao mesmo tempo, detestando o horror que ansiavam ver."
Que bom ver-te por aqui!! : x
ResponderEliminarLi tantos livros desta óptima escritora na minha juventude...não me recordo, porém, se li este ...o tempo não perdoa.
"A Mãe" de Gorki lembro perfeitamente ter lido.
Um abraço carinhoso e que tenhas boa semana e estejas recuperando a grande velocidade :)
Esse de Gorki nunca li, SÃO! Não se pode ler tudo... :)
EliminarBeijocas
Também o li há muitos anos mas de pouco me lembrava!
ResponderEliminarAgradeço por isso o resumo!
Abraço
Rosa dos Ventos
Acontece-me o mesmo com os livros dela, ROSA: 40 anos depois, pouco me lembro dos diversos enredos... ;)
EliminarAbraço
Comovi-me a ver o livro, tinha 16 aninhos quando o li, altura em que fui mãe pela primeira vez, faz este mês 41 anos, foi emprestado pela irmã do meu falecido marido, para eu ler durante o internamento.
ResponderEliminarObrigada pela lembrança!
Boa semana.
Beijinho e uma flor
Eheheh, FLOR DE JASMIM, quando tive o meu filho, levei para o hospital um dos diários de Adrian Mole, que assim como assim achei que me fariam rir, mesmo que o caso não fosse para isso. E em parte resultou, que lembro-me de estar a rir, com contrações... Claro que às vezes tinha de parar a leitura e já não dava para rir! ;)
EliminarBeijocas
Ah! Tb eu li muitos livros desta autora. Quem não os leu na sua adolescência?! Há dias uma amiga minha ofereceu-me “Há sempre um amanhã”. E como dizes…. lê-la décadas mais tarde é igualmente prazeroso.
ResponderEliminarPelos vistos, lemos quase todas livros dela. E também quase todas gostámos, CATARINA. Mas pronto, não há gostos universais. Nem leituras... :)
EliminarBeijocas
Já estava com saudades!
ResponderEliminarEste não me lembro de o ter lido e amanhã vou procurar se o tenho.
Bem re-aparecida :)
xx
PAPOILA, o meu problema é que não me lembro da maioria dos títulos da escritora, tanto porque li os livros há imensos anos,como por as leituras terem sido por "atacado" - era aproveitar enquanto a mãe da minha amiga mos emprestava... :)))
EliminarObrigada
xxx
Não me lembro de ter lido. Confesso que li pouco dela.
ResponderEliminarBeijinhos
É, não me parece muito o seu género de leitura,CARLOS... :)
EliminarBeijocas
Olá, Teté.
ResponderEliminarRegressaste com a minha autora preferida e de quem já por várias vezes abordei, no meu blog, a sua vasta obra.
Não vou repetir os livros que tenho dela, pois seria fastidioso, mas de um tenho de falar, uma vez mais,: "A Carta de Pequim".
Porquê? Porque se vires nas preferências literárias, no nosso perfil, só eu consto como leitora desse livro! Quando vi nem queria acreditar! E, essencialmente, porque foi o primeiro livro que li desta magnífica escritora, há várias décadas atrás.
"Há Sempre um Amanhã", que a Catarina fala, também o tenho.
Fiquei muito contente por voltares ao teu cantinho e à nossa companhia.
Que a navegação e a leitura continuem a soprar de vento em popa!
Beijinhos.
Como já disse anteriormente, JANITA, não me lembro da maioria dos títulos que li dela, exceção seja feita à trilogia de Wang Lung e a "Morte no Castelo", livros que li posteriormente. Mas lembro-me bem que a escritora enchia as minhas medidas aos 15 anos, e continuar a gostar de ler 40 anos depois é uma agradável surpresa. Será por isso que alguns autores são "imortais"? :)
EliminarObrigada e beijocas
E ainda existem casos como este, Teté.
ResponderEliminarAté aqui em Macau.
O mais frustrante é que o estigma é colocado no lado da mulher.
Que a tudo vai sobrevivendo, que tudo vai aguentando, para não quebrar (vou usar um adjectivo que os chineses adoram!) a harmonia do lar.
Qual harmonia, caramba??!!
Beijocas
Pois, também já houve tempo em que as mulheres portuguesas também se sujeitavam a essa dita "harmonia do lar", mas felizmente as mentalidades têm mudado bastante nesse capítulo, PEDRO. Isso se descontarmos os carcamanos que julgam que casamento significa que arranjaram uma escrava para a vida, o que na maior parte das vezes dá maus resultados... :P
EliminarBeijocas
~ Pela sinopse que apresentas, PB conta uma história muito parecida à de sua família, em 1933
~ Em 1935, escreve a biografia de seu pai e, no ano seguinte, a de sua mãe.
~ Cerca de 30 anos depois, aos 72 anos, escreve um livro autobiográfico impressionante: "A bridge for passing"
~ A vida de sua mãe é a de uma verdadeira heroína, exposta a viver num país insalubre que lhe roubou dois filhos.
~ Desta vez, o seu pai missionário é tratado como uma pessoa fria no relacionamento familiar.
~ ~ ~ Uma autora de livros inesquecíveis. ~ ~ ~ . . . Bjcs. . .
Da vida da escritora sei pouco, MAJO, tenho a certeza que nunca li nenhuma dessa biografias dela. Aliás, sou pouco de ler biografias, a ficção normalmente proporciona-me uma leitura mais cativante. Até porque muitas vezes nas biografias temos de fazer um certo esforço para tentar perceber o porquê de certas atitudes: "mas porque é que foi fazer aquela burrada?" E é difícil metermo-nos na pele de pessoas que viveram noutras épocas (quanto mais longínquas mais difícil, mas é engraçado tentar explicar o PREC a um adolescente de hoje - nenhum entende! E não foi assim há tantos anos...)
EliminarBeijocas
Também li bons livros dessa magnífica escritora na minha juventude. Mas ainda não me deu para a reler. Vi hoje no jornal que vai ser editado um livro inédito dela ao fim de tantos anos passados sobre a sua morte.
ResponderEliminarBeijinhos e boas leituras.
Acho sempre estranhíssimo livros inéditos passados tantos anos da sua morte, GRAÇA. Das duas uma: ou a autora não considerou que valesse a pena publicar ou... não é integralmente obra sua! Mas pronto... ;)
EliminarBeijocas e boas leituras para ti também!
Na minha adolescência li tudo ou quase tudo desta escritora americana.
ResponderEliminarTambém li este romance. Mais tarde li e gostei de "A Mãe" de Máximo Gorki, que ainda há dias tive nas minhas mãos.
Um abraço amigo.
Também li muitos livros dela,mas longe da totalidade, EMATEJOCA, que ela tem uma obra muito vasta. De Gorki nunca li nada - não calhou! :)
EliminarAbração
Voltei para desejar um bom domingo e, deixar o meu beijinho e uma flor.
ResponderEliminarBoa semanita para ti, FLOR DE JASMIM, que o domingo já passou... :)
EliminarJinhos
Também não me lembro se cheguei a ler este livro.
ResponderEliminarCompreendo-te, LUISA! Também não sei a maior parte dos títulos que li da escritora... :)
EliminarLi dois livros dela, não recordo o título, mas é uma época e uma corrente literária que não me apaixona.
ResponderEliminarÉ, também há quem não aprecie o género, TERESA DURÃES... ;)
EliminarSó para te dar um abraço. : )
ResponderEliminarAbraço para ti também, CATARINA! :)
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