Fez ontem 25 anos que o meu pai morreu. Afogado na praia, durante as férias, como já referi aqui. Quatro anos depois, noutras férias em Caminha, eu e a minha mãe assistimos pela televisão a imagens do incêndio do Chiado. As lágrimas corriam-nos cara abaixo ou no coração, num desgosto imenso e duplicado! Pela primeira vez, ao longo destas mais de duas décadas, não me deitei a pensar nesses dias infelizes, nem a data fatídica me ocorreu quando acordei. O tempo passa, os desgostos amenizam...
A irritação incidia exclusivamente no relógio de pulso, que parou. Se durante décadas nunca usei, por vontade própria, porque é que agora me faz tanta falta? Porque é que já não consigo adivinhar a hora exacta, com um diferencial de poucos minutos? Porque olho para ele tantas vezes, para me assustar com os ponteiros estáticos? Mudo-lhe a pilha ou meto-o na gaveta? Para já tirei-o, na verdade não simpatizo muito com relógios!
Mas como a vida tem destas coincidências, por volta das sete da tarde fui à lavandaria buscar algumas peças de vestuário. Distraída com uma montra que acabava de ver em tons de violeta - uma das minhas cores preferidas - escorreguei no passeio abaulado de uma entrada de garagem e aterrei nas pedras da calçada, acabando a rebolar por ela. As lágrimas saltavam-me dos olhos, com a dor intensa no joelho direito, mal consegui agradecer às duas mulheres que me auxiliaram a levantar. Não sei se para me animar, a empregada da lavandaria afirmou que o INEM tem socorrido muita gente naquele local, onde as quedas são frequentes.
Só algumas horas e um joelho negro e inchado mais tarde, relembrei que o dia 25 de Agosto costuma ser aziago para mim! Mas o que é um joelho dorido, comparativamente com as causas de desgosto do passado?!
A irritação incidia exclusivamente no relógio de pulso, que parou. Se durante décadas nunca usei, por vontade própria, porque é que agora me faz tanta falta? Porque é que já não consigo adivinhar a hora exacta, com um diferencial de poucos minutos? Porque olho para ele tantas vezes, para me assustar com os ponteiros estáticos? Mudo-lhe a pilha ou meto-o na gaveta? Para já tirei-o, na verdade não simpatizo muito com relógios!
Mas como a vida tem destas coincidências, por volta das sete da tarde fui à lavandaria buscar algumas peças de vestuário. Distraída com uma montra que acabava de ver em tons de violeta - uma das minhas cores preferidas - escorreguei no passeio abaulado de uma entrada de garagem e aterrei nas pedras da calçada, acabando a rebolar por ela. As lágrimas saltavam-me dos olhos, com a dor intensa no joelho direito, mal consegui agradecer às duas mulheres que me auxiliaram a levantar. Não sei se para me animar, a empregada da lavandaria afirmou que o INEM tem socorrido muita gente naquele local, onde as quedas são frequentes.
Só algumas horas e um joelho negro e inchado mais tarde, relembrei que o dia 25 de Agosto costuma ser aziago para mim! Mas o que é um joelho dorido, comparativamente com as causas de desgosto do passado?!
Mas já estás aí em pé, de novo, dando guerra, menina.
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=lRLDq1KgzPg
Beijoca
Um joelho (ou mesmo dois) são coisa pouca relativamente aos outros acontecimentos. Um beijo, Teté, e vê se mudas de lavandaria.
ResponderEliminarOlá, Teté
ResponderEliminarSabes, até há pouco tempo ria-me quando me falavam de destino e de coincidências a mais. Agora ponho tudo em dúvida. Mas não seja por uma queda que vais recuar no tempo e abrir feridas. Essas são profundas e vão ganhando a crosta do tempo.
Foi só um joelho dorido. Temos de sublimar tanta coisa na vida.
Beijinho grande, daqui a uns dias volto à blogosfera,
Isabel
Existem datas marcantes que nos acompanham ao longo da vida.
ResponderEliminarComo amo a minha cidade, também chorei (no local)com o incêndio do Chiado. Nem fui trabalhar.
Tudo passa.
As melhoras do joelho.
já pensaste em ir falar com a dona da montra para mudar a cor?
ResponderEliminarserá que vale a pena ter o passado tão presente? o caminho é para o futuro...
:(
ResponderEliminarNão sou muito crente em que hajam dias de especial azar mas também tenho alguma dificuldade em acreditar em coincidências... sei é que cada vez que chega o 25/8 tu estás mais atenta... e, infelizmente, tens motivos para isso.
Beijo grande.
Não imagino a dor que terão tido de amenizar ao longo dos anos. Sabes, lembro-me de ser pequena e estar numa praia- quarteira talvez- super impressionada porque tinha acabado de perceber que um senhor tinha tentado salvar o filho do mar e tinham acabado por se afogar os dois...lembro-me muitas vezes da senhora...
ResponderEliminarÉ injusto como o mundo e o destino podem ser tão cruéis. :(
Fico contente por te saber forte e amenizada. Às vezes, uma dor de joelho dá-nos a desculpa perfeita para deixar que as lágrimas saiam.
Como já disse, não posso imaginar o que será tal dor na vida de alguém. :( Mas, o tempo mitiga tudo. Não faz esquecer, mas transforma a recordação em algo menos doloroso.
Tb não gosto de usar relógios, apesar de os apreciar em termos estéticos (esse aí da foto é mimoso!). Tenho uma paranóia com as horas e com o tempo a passar...detesto ver o tempo a passar...prefiro nem usar relógio e tentar adivinhar as horas que são (ou dar uma olhadela ao tele ou à tv ahahahaha).
Um beijinho e um abraço muito,muito apertados, tetezita.
Que lembrança triste desse dia, mas não precisavas de cair para te lembrar do dia...e se tanta gente cai ali, não será culpa de quem não arranja o piso? e isso levou a que lembrasse há anos quando atravessava a estrada no semáforo e de sapatões de tacão, e caí bem esparramada no meio da rua, doeu, se doeu...
ResponderEliminarNão sabia que o teu pai tinha perecido dessa forma. Lamento nina, muito. Um pai faz sempre falta, durante toda a vida.
Um beijinho de ternura, da, laura
Nessas situações, as más e tristes, esqueço literalmente as datas.
ResponderEliminarAcredita que não sei a data do falecimento da minha mãe!
Como não ia ficar melhor por a saber, apaguei a data da memória!
Para mim a morte de um ente querido é a coisa mais horrível que há nesta vida. Ficamos marcados/feridos para toda a vida.
ResponderEliminarO Chiado, de certeza, já está como antes do incêndio, e o teu joelho também vai melhor, só o teu pai...
Nunca acreditei no destino e em coincidências, e imagino-te, Teté, uma mulher, que também não acredita nessas coisas.
Beijinho e sopro no joelho!!!
Um beijo bem grande...e tal como a queda física que deste, nas outras maiores da vida, vais revelando uma atitude de força bem grande no esforço supremo de te ergueres.
ResponderEliminarAs datas e as horas são rótulos que inventamos para nos guiarem...a verdade é que o tempo passa, e todos os dias são dias sempre diferentes uns dos outros...nós é que criamos uma espécie perfil psicológico para determinados dias, determinadas datas.
Tudo de bom, linda.
Olá amiga Teté
ResponderEliminarOs nativos de Peixes (também sou, sabia?) sempre foram considerados como muito sensíveis, místicos, intuitivos...
Há de tudo neste mundo! Quero com isto também dizer que estes episódios pertencem a este mundo mas estão de alguma forma relacionados com estudos realizados por parapsicólogos e médiuns, entre outros. Não devem ser motivo de chacota. Mas também não devem ser motivo de preocupação exacerbada.
A Teté escreve maravilhosamente.
Desejo as melhoras do seu joelho e continue a deliciar-nos com a sua escrita.
Beijo com ternura.
António
Existem datas que não podem ser esquecidas.. apenas, como dizes, amenizadas...
ResponderEliminarNo ano em que perdi a minha mãe e uma outra pessoa muito próxima, houve uma série de coincidências estranhas em datas que não me deixam esquecer a cada ano que passa..
Quanto à queda espero que estejas melhor! O que não nos acaba torna-nos mais fortes! ;)
Beijocasss
Claro que se tem de dar guerra, SUN! (`_^)
ResponderEliminarNão consegui ver esse link!
Beijoquitas!
Um ou dois joelhos doridos são mesmo coisa pouca, RAFEIRITO, face aos restantes traumas!
Mudar de lavandaria é que é difícil... ;)
Beijoca!
Há coincidências, ISABEL, que me parecem estranhas!
Mas claro que na vida se tem de ultrapassar muita coisa, não podemos seguir em frente, a levar às costas todos os desgostos do passado...
Beijinhos e bom regresso a casa e à blogosfera! :)
Existem, sim, CARLOS, datas muito marcantes na vida...
ResponderEliminarPassam, mas não esquecemos!
Obrigada, suponho que hoje o joelho já estará menos dorido! ;)
Foi por "um bocadinho assim" que não me esqueci, VÍCIO! Se não fosse o malho, até era capaz! :p
Ná, vou deixar a dona da montra lá descansada, que isto não é a América, nem ando à procura de "culpados" para as minhas distracções! ;)
Ah, PAX, nem sou crente nem virada para o misticismo, só acho que há coincidências estranhas...
E não, não estava especialmente atenta à data!
Beijo grande para ti também! :)
Olha, VANI, ainda bem que não imaginas a dor e a confusão do momento! É bom sinal... ;)
ResponderEliminarMas, como em tudo na vida, aprende-se que algumas coisas não acontecem só aos outros. E desde essa altura tenho essa consciência...
A dor no joelho não foi desculpa nenhuma para as lágrimas, que doeu para caramba, mas passa mais depressa que as outras!
Abração para ti também, amiga! :)
Pai e mãe fazem sempre imensa falta, LAURINHA! Por todas as razões!
Mas trambolhões destes há muitos anos que não dava, costumo ser mais atenta! Acontece... :)
Beijinho ternurento para ti, nina!
O problema, RODERICK, é que para além de boa memória, durante décadas as televisões anunciaram a data do incêndio do Chiado...
Na verdade, também preferia não me lembrar! :p
Há marcas que não saem mesmo da nossa cabeça, EMATEJOCA, se bem que nos habituemos à ideia dos nossos velhinhos morrerem um dia mais tarde... e mesmo assim custa e dói!
ResponderEliminarTens razão, não sou muito de destinos e coincidências, nem de grandes misticismos, mas alguns destes acasos parecem-me estranhos! (e não, não bati com a cabeça em lado nenhum... :) )
O Chiado ganhou em arquitectura, mas perdeu em alma de outras eras, aquela zona vivia de música, agora são só lojas de marca! :p
O joelhinho há-de recuperar...
Beijinhos!
Pois, SU, com ou sem ajuda, lá nos temos de reerguer e seguir em frente!
Até acho piada aos relógios físicos (sei que és coleccionadora), não gosto é da submissão a horários múltiplos, como se estivéssemos todos programados pelo tempo... ;)
Beijo grande, amiga!
Oh, ANTÒNIO, não fiz chacota de ninguém, nem tenho nenhuma preocupação exacerbada!
ResponderEliminarNem sendo especialmente virada para o misticismo, só sei que há coisas que não consigo explicar com um raciocínio lógico, que, no mínimo, acho estranhas!
Em tempos também acreditei imenso nos perfis traçados na astrologia - tinha uma amiga barra no assunto que nos convencia - confesso que cada vez estou mais céptica... :D
Beijinho para ti!
Tens razão, TÁ-SE BEM!, mazelas são uma coisa que passa, grandes desgostos são difíceis de esquecer... ;)
Desta vez até ia esquecendo, mas o "tralho" relembrou...
Beijooocas!
Cara amiga Teté
ResponderEliminarQuando falei em chacota quis referir-me a alguns comentários que havia lido. Mas não os estava a criticar. São pessoas amigas que apenas quiseram levar a coisa para a brincadeira e animá-la. As minhas melhores saudações para eles.
O joelho já está a melhorar, não está?
Beijinho
António
ANTÓNIO, o joelho ainda não está pronto para outra, mas para lá caminha!
ResponderEliminarOs comentadores cá do cantinho costumam ser todos uns queriduchos! Mérito deles, obviamente... :)
Beijinhos!
Há datas que nos marcam. O tempo ajuda a atenuar e até a deixar passar essas mesmas datas como se já não existissem, mas elas estão lá.
ResponderEliminarEspero que esse joelho já esteja em condições!
Beijinhos e cuida-te!
O joelho está bastante melhor, TONS DE AZUL, já quase nem coxeio... ;)
ResponderEliminarSim, há datas que nunca esquecemos, mesmo que não seja exactamente no próprio dia, elas estão lá coladas num compartimento da nossa mente!
Beijinhos!
Algumas datas marcam para sempre as nossas vidas, algumas desenham a tristeza nos olhos, de todo o modo perfiro as que me fazem sorrir ao recordar porque razão estão assinaladas no calendário. Creio que não deveremos orientar o nosso relógio por um destino pré-marcado, por esta ou outra data qualquer, mas deixar que o tempo ajude a cicratizar as feridas da vida.
ResponderEliminarTambém prefiro recordar os momentos felizes, PAULOFSKI! :)
ResponderEliminarMas pronto, de vez em quando, uma coincidência faz-nos recordar uma ou outra infeliz! C'est la vie! ;)