Elena Ferrante é o pseudónimo de uma escritora italiana que não revela a sua identidade, da qual se sabe apenas que viveu em Nápoles, onde possivelmente terá nascido por volta de 1943, e na Grécia, e que escreveu recentemente a tetralogia de "A Amiga Genial" - leram bem, são quatro livros em que este é o primeiro volume, seguindo-se "História do Novo Nome", "História de Quem Vai e de Quem Fica" e "História da Menina Perdida".
Curioso também é que uma das as duas personagens principais tem o nome de Elena, pelo que se especula se esta não será uma obra autobiográfica - o máximo que a escritora concorda em revelar é que “As mulheres das minhas histórias são ecos de mulheres reais que, por causa do seu sofrimento ou da sua combatividade, influenciaram muito a minha imaginação: a minha mãe, uma amiga de infância, mulheres conhecidas cujas histórias eu sabia” (jornal "Público", de 30/01/2015)
Seja como for, esta história começa pelo final, quando Lila cumpre finalmente a vontade de desaparecer sem deixar rasto: tem agora 66 anos de idade! Isso motiva Elena, escritora conceituada, a escrever toda a história de como se conheceram na escola e se tornaram amigas deste essa tenra infância. Mas não só, relata também o dia a dia do bairro pobre da periferia onde elas habitam, das suas casas, das famílias, da escola, das querelas, dos amores e desamores de miúdos, adolescentes e graúdos, onde não falta até o homicídio do senhor Achille às mãos de um vizinho comunista radical. Este volume retrata apenas a infância e adolescência das duas raparigas, no período pós-guerra, pelo que temo que tenha de chegar ao final do 4º livro para descobrir que destino levou Lila.
Enfim, houve unanimidade no Clube de Leitura, todas adorámos o livro. Pessoalmente, já me agarrei ao segundo volume...
Citações:
"Ela, Nino e Marisa tinham a sorte de ter uns pais que levavam os filhos a fazer passeios até longe, não só meia dúzia de passos até aos jardins em frente da igreja. Os nossos não eram assim, faltava-lhes tempo, faltava-lhes dinheiro, faltava-lhes vontade. "
"Disse que não porque se o meu pai viesse a saber que eu tinha entrado naquele automóvel, embora fosse um homem bom e amável, e embora gostasse muito de mim, matava-me com pancada imediatamente, e ao mesmo tempo os meus irmãozinhos, Peppe e Gianni, apesar de ainda serem pequenos, sentir-se-iam na obrigação, agora e no futuro, de tentar matar os irmãos Solara. Não havia regras escritas, sabia-se que era assim e pronto."
"Se não houver amor, não é só a vida das pessoas que se torna árida, mas também a das cidades."
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A próxima sessão do Clube de Leitura terá lugar no dia 2 de julho deste ano, versando o livro "O Assassínio de Cinderela", de Mary Higgins Clark e Alafair Burke.
Vai já para a lista "a ler". :)
ResponderEliminarAposto que vais gostar, LUISA! :)
EliminarHá quem seja de opinião de que há um componente autobiográfico nestes livros. Para mim seria difícil manter este tipo de relacionamento com uma amiga – complexo, intenso, rivalidade pouco amigável por vezes. São livros que nos fazem sentir uma certa inquietação. Apesar de algumas passagens serem “dark and raw”, é com dificuldade que se põe qualquer um destes livros de lado. Gostei, de facto, mas confesso que depois de ter lido os 2 primeiros de seguida, tive que fazer uma pausa, para depois começar com o terceiro e o quarto com uma certa antecipação. Ainda hoje, ao fim de muitas semanas, penso neles.
ResponderEliminarNão li os dois primeiros de enfiada, li pelo menos um livro e um conto pelo meio. Aliás, ainda não acabei o segundo volume. Mas Tens razão, CATARINA, o relacionamento entre elas é demasiado competitivo e intenso, não tenho nenhuma amizade assim... Felizmente! :)
EliminarParece interessante! Boa continuação para o segundo e outros mais, eu ando meia mandriona.
ResponderEliminarBeijinho e boa semana.
Acontece a todos de vez em quando, ADÉLIA! :)
EliminarBeijocas
Parecem ser inquietantes...mas fiquei com vontade de ler.
ResponderEliminarObrigada, Teté
bjs
É, são um bocado, PAPOILA, que o mundo delas é completamente dominado por homens, pelo menos até ao momento, que suponho estar prái na Itália dos anos 60... ;)
EliminarBeijocas
Gostei bastante de cada um. Creio que há muito de ficção e know how por parte da escritora. As diatribes entre as duas amigas são um dos elos que nos empurra a ler mais, foge ao que entendemos por amizade. Pareceu-me também uma pessoa de cultura invulgar e fluidez sobre temas variados. Apreciei a visão de conjunto presente em cada livro e que não se demora demais no corriqueiro e trivial que também existe e lá está. Uma característica dos quatro livros é a forma como nos agarram pelo insólito tanta vez asqueroso, maldoso, vil das personagens. São livros um pouco Paula Rego.
ResponderEliminarPercebo o que queres dizer, BEA,embora não goste muito da pintura da Paula Rego e goste bastante da crueza com que a Ferrante compõe as personagens. E sim, a amizade delas é muito competitiva e intensa, pessoalmente não tenho nenhuma amizade assim. E duvido que muita gente tenha, classificando-a como amizade... ;)
EliminarGostei do que li, desconhecia esta autora, daí que este tipo de posts sejam óptimos, um dia logo que haja tempo e não me perca tanto na fotografia, pode muito bem fazer parte da lista dos meus livros a ler.
ResponderEliminarBeijinhos Teté
É, a blogosfera também nos vai dando a conhecer autores e livros que doutra maneira nem nunca desconfiaríamos da sua existência, MANU... ;)
EliminarBeijocas
Tenho mesmo que ler um livro desta escritora italiana..
ResponderEliminarBoa semana, linda
E fazes muito bem, podes começar por um que não pertença a nenhuma série, SÃO. Eu pelo menos preferia, senão estivesse com vontade de ler uma tetralogia... :)
EliminarBoa semana!
Ando com muita curiosidade de ler um livro de Elena Ferrante, mas tenho sempre algum receio de me desiludir quando um/a escritor/a vira coqueluche.
ResponderEliminarBeijinhos e boa semana
É, CARLOS, ela ficou muito na moda de repente, escrevi este post no sábado à noite, sem fazer ideia que no "Expresso" tinha saído um artigo enorme sobre ela e a sua obra... ;)
EliminarBeijinhos
Vou mencionar Elena Ferrante no próximo encontro do Círculo Literário.
ResponderEliminarEla escreve desde 1991, altura em que publicou o primeiro romance, "Um Estranho Amor", que não li; o realizador Mário Martone leu-o e converteu-o num filme que também não vi.
O último romance policial que li de Mary Higgins Clark era péssimo. Ela já está tão vélhinha que precisou ajuda do Alafair Burke. Desejo que este romance tenha mais qualidade.
Uma boa semana, Teté, com excelentes leituras.
Verdade, a Mary Higgins está com 88 anos, é possível que a outra escritora esteja a dar-lhe um "help" para tornar a coisa legível, EMATEJOCA.
EliminarQuanto à Ferrante, por cá e em poucos meses virou coqueluche, como diz o Carlos... ;)
Boas leituras para ti também!
Uma escrita muito convulsiva, muito incisiva, muito intensa a de Elena Ferrante. Andei a ler «Crónicas do Mal de Amor» e gostei muito, mas marca-nos profundamente.
ResponderEliminarAinda não ganhei coragem para «atacar» a Amiga genial....
Beijinhos e boas leituras
Não li esse, mas parece-me que intensidade deve ser imagem de marca da escritora, GRAÇA! ;)
EliminarBeijocas e boas leituras para ti também!
Mais uma sugestão que registo com agrado.
ResponderEliminarBeijocas, boa semana
Já sabe que sugestões de leituras por aqui não costumam faltar, PEDRO! :)
EliminarBeijocas!
Num dos vossos encontros, sugiro “O homem chamado Ove”. Não desistam antes das primeiras 10 páginas! Vão gostar! : )
ResponderEliminarLi uma sinopse sobre esse livro, CATARINA, e tem muito bom ar. Gracias pela sugestão, também creio que vou gostar! :)
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