Depois de visitarmos Keukenhof e do regresso a Amesterdão, fizemos uma refeição ligeira e descansámos um pouco no hotel. Como os museus, igrejas e outros monumentos fecham relativamente cedo (17 ou 18 horas) - e em abono da verdade nem apetecia por aí além, após a longa passeata da manhã - resolvemo-nos por uma volta pelas redondezas. No entanto, depressa descobrimos que o centro da cidade é relativamente pequeno, após uma curta caminhada e de repente já estávamos no mercado das flores - onde noutros tempos os comerciantes vendiam flores nas suas barcaças, mas hoje o comércio das plantas e bolbos já se efetua em bancas fixas.
Embora algumas bancas já tivessem encerrado, noutras ainda a mercadoria estava exposta. Novamente abundam flores em ramos ou envasadas e também muitos bolbos (principalmente de tulipas, mas não só).
Tudo muito barato, senão fosse a chatice do transporte no avião toda a famelga receberia flores no nosso regresso. Assim, tiveram de se contentar com uns queijinhos...
Bom, enquanto deambulávamos por ali mais ou menos ao acaso - sem receio de nos perdermos, pois esta zona da cidade é constituída por ruas paralelas e perpendiculares, que diferem da baixa lisboeta por terem canais ao meio, que lhe desviam ligeiramente o traçado, formando uma espécie de taça - vimos algumas bandeirolas brancas com a data de 4 de maio, que era a única coisa que entendíamos do palavrório explicativo em holandês. Assim, foi com alguma surpresa que vislumbrámos ao longe um ajuntamento de pessoas que caminhava na nossa direção. Uma manifestação, na Holanda?!? Não era! Era "Dia da Lembrança", data em que se realiza anualmente uma marcha silenciosa em memória das vítimas civis e militares que pereceram na guerra e em missões de paz. Um carro da polícia seguia à frente, depois surgiam dois cavaleiros e mais atrás 4 militares ritmavam a passada dos marchantes que os seguiam com o rufar dos seus tambores: o único som que se ouvia, já que até os barcos no canal pararam os motores em sinal de respeito. Dirigiam-se ao monumento nacional, onde iriam depositar flores (que na noite seguinte ainda lá estavam). Mais tarde, lá pelas 8 da noite, quando descansávamos num bar a beber uma cerveja, foi-nos pedido que observássemos dois minutos de silêncio, ainda no âmbito desta tradição. A 5 de Maio é feriado nacional, em 2016 celebraram o 71º aniversário do fim da II Guerra Mundial - o "Dia da Libertação" - o que não coincide com a data celebrada nos países aliados, mas isso agora não interessa nada...
O facto de ser feriado não buliu em nada com os nossos planos, fomos visitar o museu Van Gogh logo pela manhã. Sem pretendermos um "banho de museus", este era dos poucos que desejávamos mesmo conhecer, uma vez que ambos somos fãs do pintor e é aqui que se encontra o maior espólio da sua obra. Os quadros não se podem fotografar com máquinas fotográficas, só com telelés e afins. Esta foto tem este ar meio desmaiado pois é de um placard electrónico, o que está longe ser a mesma coisa, né?
Lá fora a primavera estava ao rubro e os holandeses começavam a dar mostras da sua descontração em dias mais quentes...
Os moinhos são uma imagem de marca holandesa (em tempos serviram para drenar a terra que conquistaram ao mar e não exatamente para fazer pão), claro que não deixámos de espreitar o de Gooyer: mais para a fotografia, já que não está aberto ao público!
Magere Brug, uma das pontes móveis mais antigas da capital holandesa, nas margens do rio Amstel - onde em finais do século XII surgiu a pequena aldeia piscatória que daria origem à cidade - também foi local de paragem obrigatória. Nas imediações preparavam-se os festejos do dia, muita gente já se encontrava abancada na rua (com o mesmo nome, em ambas as margens) à espera do espectáculo. Em algumas janelas desfraldavam-se bandeiras holandesas.
À noite e depois da janta, ainda passámos pelo monumento nacional, onde as crianças da marcha da véspera tinham depositado as flores.
Oude Kerk - a mais antiga igreja protestante de Amesterdão (1306) - teria muitas histórias para contar, se as suas paredes, vitrais e túmulos falassem. A história da religião cristã passou por lá, nomeadamente no que respeita à cisão no seio da própria Igreja no século XVI: imagens de apóstolos e santos foram arrancadas e, posteriormente, os próprios vitrais foram "retocados" para retirar as auréolas... O chão da igreja é constituído por cerca de 2500 pedras tumulares, que encerram cerca de 12 mil sepulturas, pelo que a ideia de caminharmos em cima de um cemitério não deixou de nos causar uma estranha sensação. Ainda mais quando algumas sepulturas têm jarras de flores a pontuá-las. A mais visitada dizem ser a de Saskia van Uylenburgh (a primeira mulher de Rembrandt e a morta mais famosa da Holanda, depois de Anne Frank), falecida em 1642.
Pessoalmente, gostei bastante mais dos vitrais que retratam várias cenas bíblicas, com ou sem retoques feitos a posteriori.
Curiosamente esta igreja situa-se em pleno Red-Light District, o bairro mais famoso de Amesterdão pela prostituição, onde as mulheres se exibem em montras aos potenciais clientes. Nada de muito chocante, já que se apresentam em lingerie ou biquini, mas mesmo assim não querem ser fotografadas. Como explicava o papel à porta do sindicato destas trabalhadoras!
Foi de certeza um passeio de recordar. Gostei imenso desse soberbo vitral. Também me dá alguma estranheza pisar sobre as sepulturas, mas quando são tantas...
ResponderEliminarE as flores são alegria às cores posta à venda. Já pensei o mesmo, em trazer flores; com propósito mais egoísta, eram para mim.
Foi mesmo um passeio a recordar, BEA. O vitral era um dos muitos, todos eles lindíssimos.
EliminarNão trouxe flores para ninguém, mas para me "vingar" comprei umas rosas lindíssimas no super (para a minha casa). Foram um pouco mais caras que lá, mas era a "vingança", portanto desculpa-se... :)
Lindo, lindo passeio!!! Thanks for sharing!
ResponderEliminarBjos
Foi mesmo, CATARINA! E partilho com todo o gosto... :)
EliminarBeijocas
Está a aguçar-me o apetite para visitar Amesterdão.
ResponderEliminarBeijocas
Vá que não se arrepende, PEDRO! :)
EliminarBeijocas
Lindas fotografias dessa cidade maravilhosa que eu já tive o privilégio de visitar.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de uma boa semana.
Obrigada, FRANCISCO! E concordo que é uma cidade maravilhosa... :)
EliminarAbraço
Não sendo um destino para se ir várias vezes, pelo menos uma será importante, pelas diferenças de paisagem, pelas flores, pelo trânsito auto (falta dele), pelos canais, pelas diferenças culturais e outras, com o resto da Europa !
ResponderEliminarO Red light district, não sendo nada de especial e notável, é um local visitado por todos os turistas, por motivos óbvios, sobretudo pela "diferença" e pela "novidade" (já velhinha por lá) ! :)
Uma bela reportagem que terá a vantagem de aguçar o apetite para uma ida lá e também para reviveres aqueles momentos ! :)
Beijocas de socos de madeira e tulipas ! :)
Bom, no Red-Light District também fica a igreja mais antiga da cidade e um dos mercados mais badalados, de modo que não passar por lá é praticamente impossível, RUI... :)
EliminarObrigada e beijocas a bater as socas!
Gostei bastante de viajar contigo, Teté! Obrigada pela companhia...
ResponderEliminarBeijinhos
Eu é que agradeço, GRAÇA! :)
EliminarBeijocas
Agora ainda fiquei com mais vontade de ir lá, gostei muito das fotografias e sobretudo das legendas, assim fiquei com um bocadinho com a ideia de como será, obrigada :) e quero ir também!
ResponderEliminarum beijinho
REDONDA, se aqui há uns anos me dissessem que iria a Amesterdão, duvidaria. Portanto, sonhar não custa um chavo e, quem sabe, algum dia ainda o consegues realizar?! :)
EliminarBeijinhos
Gostei muito de Amesterdão e gostei de rever a cidade aqui. Estive na Holanda ainda há pouco tempo, a visitar a exposição do Bosch.
ResponderEliminarBeijinhos
Somos duas a gostar, TERESA. Essa exposição não vi, mas se gostas do pintor ele está patente noutra exposição aqui mesmo ao lado, no museu do Prado, em Madrid, até dia 11 de setembro. É só dares lá um"pulinho"... :)
EliminarBeijocas
Que belo colorido! :)
ResponderEliminarTambém, LUISA! É uma cidade com muita cor... :)
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