quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O OLHAR DOS INOCENTES

Como muitos dos que passam por aqui saberão, sou fã de policiais, de um modo geral, e da escritora sueca Camilla Läckberg, em particular: este é o último livro dela publicado em Portugal e o oitavo da coleção que tem o inspetor Patrik Hedström e sua mulher Erica como protagonistas principais.

Nestas 471 páginas, o mistério envolve a pequena Ebba, uma bebé de meses que é encontrada na casa onde funciona o colégio dirigido pelo pai, no domingo de Páscoa de 1974, tendo desaparecido toda a restante família sem deixar rasto, após o almoço familiar: pai, mãe e três meio-irmãos, com idades compreendidas entre os 7 e os 17 anos. O alerta às autoridades é dado pelos cinco alunos que não foram a casa nas férias e que, não tendo sido convidados para o almoço, foram pescar. Sem que a polícia consiga descobrir nenhuma pista sobre o que se passou, a bebé é criada por uma família adotiva. Mas tantos anos volvidos, depois de perder um filho pequeno num trágico acidente, Ebba e o marido resolvem voltar à pequena ilha frente a Fjällbacka, para transformarem a casa numa pousada. E, após um inexplicável incêndio, começam a acontecer outros incidentes que levam a suspeitar que alguém não os quer por lá. É aí que Patrik é chamado a investigar o caso, contando com a sua equipa e  a perspicaz ajuda de Erica, escritora e conhecedora da história local.

Enfim, mesmo numa pequena localidade sueca é pouco provável que a polícia possa contar desta maneira com o apoio da população civil, mesmo tratando-se de familiares próximos, mas ficção é ficção, não tem de se comparar à realidade existente. De qualquer das formas, bem patente está o ressurgimento de grupos nazis na sociedade sueca atual e, essa sim, parece não ser fruto da imaginação da autora. Muito bom, para todos aqueles que apreciam enredos policiais.

Em relação aos restantes livros lidos nas férias, por muito que aprecie a escrita de John Grisham, este "Calico Joe" foi nitidamente um erro de "casting" - nunca o devia sequer ter comprado. Consegui lê-lo até ao final porque Grisham tem aquela facilidade de cativar os seus leitores - e porque o livro não chega a ter 200 páginas, diga-se em abono da verdade! - mas basebal não é definitivamente assunto que me interesse minimamente, nem sequer entendo como se joga. Se bem que o autor tenha feito um esforço de explicar as regras do jogo na introdução e por muito que tente resumir os momentos que ele considera empolgantes, aqui e ali parecia um daqueles romances russos com muitas personagens, sendo que neste caso eram os membros das equipas de basebal. Que tédio! Mesmo que não seja relevante para a história se jogou assim ou assado, é óbvio que um fã do jogo cai na tentação de contar episódios verídicos e feitos estrondosos de alguns jogadores, o que para quem não gosta da modalidade diz zero.

Para quem preferir uma leitura bem ligeira em tempo de férias, "O Carteirista que Fugiu a Tempo", de Francisco Moita Flores, é a escolha ideal: menos de 150 páginas, um tom de comédia, o dia a dia dos pequenos meliantes numa grande cidade, os planos arrojados que levam a cabo para enriquecer rapidamente, já que com os cartões multibanco os carteiristas profissionais têm a vida complicada - não conseguem gamar dinheiro a ninguém! Muito engraçado, sem dar cabo dos neurónios de nenhum leitor...

E autografado pelo escritor, que este ano encontrei em plena Feira do Livro de Lisboa!

20 comentários:

  1. Não sou fã de policiais, embora leia com prazer os policiais dos autores do Norte da Europa.

    Nunca li nada do Francisco Moita Flores.
    Trouxe uma mala cheia de livros do Porto e ainda não li nenhum.
    Leio os livros que tenho que entregar na biblioteca, um deles é o STONER.

    Os filmes baseados nos romances de John Grisham ainda vejo, mas não leio os seus livros. Li um que era tão maçador.

    Beijinho de amizade.

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    1. Temos poucos gostos em comum em termos de livros, EMATEJOCA, "Stoner" será uma possível exceção. De Grisham, maçador só achei este, se bem que entenda que nem toda a gente aprecia romances em que a parte jurídica é bastante relevante. Eu adoro!

      Em compensação, também não costumo ler autores alemães, o último que adorei tu não gostaste por aí além.

      Mas é assim, cada uma com as suas preferências, as tuas mais literárias que as minhas, sem dúvida! :)

      Beijocas

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  2. Também gosto imenso de policiais, mas gosto muito de cenas de tribunal !
    O que eu gostava disto Perry Mason

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    1. Também eu Ricardo! Hoje em dia é a única coisa que vejo na tv, são as séries passadas no tribunal, gostei imenso duma que se chamava "Como defender um criminoso" (olha que o titulo talvez não seja bem assim...)
      Perry Mason, Poirot, A. Christie, e há outro que não me recordo o nome um Francês...
      Os da Camilla também já os li todos...
      bjs

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    2. Somos dois, RICARDO, que também sou fã de Perry Mason. Embora hoje tanto livros como séries estejam um bocado datados... :)

      Obrigada pelo link!

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    3. Também vi alguns episódios dessa série, PAPOILA! Quanto ao francês não será o Maigret? :)

      Então és como eu, assim que apanho um novo livro da Camilla, toca de ler! :D

      Beijocas

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  3. Hoje na praia li "O Carteirista que Fugiu a Tempo" não gostei muito, não faz o meu género, mas não tive outra escolha, era o único que tinha no carro.

    Um beijinho Teté.
    Adélia

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    1. Não é muito o teu género, ADÉLIA, mas pelo menos o livro lê-se bem. Agora imagina que só tinha um daqueles que ninguém entende patavina? Desistias logo, né? Quer dizer, pelo menos eu desistia... :)

      Beijinhos

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  4. Já li todos os da Camilla, gosto muito que ela escreva sobre o crime mas também sobre a vida deles e os seus problemas.
    bjs

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    1. Também gosto muito, PAPOILA, os policiais nórdicos são um pouco diferentes daqueles que lia especialmente na minha adolescência, quase todos ingleses ou americanos. Mas depois de se ultrapassar aquela esquisitice dos nomes das terras e das personagens, até se leem lindamente... :)

      xxx

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  5. Mais uma sugestão que guardo com todo o gosto.
    Beijocas, bfds

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    1. Sugestões que normalmente só servem para quem tem gostos semelhantes, PEDRO! :)

      Beijocas e bfds!

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  6. Dos livros mencionados, apenas li Calico Joe. Não é um dos seus melhores livros.

    Tb gosto – como já mencionei muitas vezes!! – de livros policiais e de espionagem. Um dos que estou a ler (neste momento 3 – dependendo da hora do dia!!) é de Daniel Silva. Ainda não tenho a certeza se gosto ou não. Vou buscar daqui a pouco “O Caso Rembrandt” depois decidirei. : )) Tenho que me familiarizar ainda com o Grabriel Allon...

    Um excelente post... para variar! : )

    Bjos

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    1. Definitivamente não é dos melhores de Grisham, CATARINA! ;)

      Quanto ao Gabriel Allon não me seduziu minimamente - para todos os efeitos parece-me um assassino como aqueles que persegue, embora "apareça" como "herói" israelita. Não lhe dei segunda oportunidade: li um e chegou-me perfeitamente!

      Obrigada e beijocas!

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  7. De todos os que enumeraste ainda não li nenhum, mas ficam as dicas para possíveis compras. Também gosto de policiais.

    Beijos

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    1. Este ano tenho ideia que li mais policiais do que o costume, MANU. Alguns nem eram para ser, mas calhou... :)

      Beijocas

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  8. ultimamente só tenho lido livros fracos até tenho vergonha de partilhar

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    1. Vergonha porquê, LOPESCA? Ninguém se livra assim tão facilmente de apanhar um livro ou um filme fracote... :)

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  9. Ao ritmo que tu lês nem sei como ainda consegues destrinçar os enredos uns dos outros; Teté!! :))

    Fico estupefacta como, mesmo em tempo de praia, mar e passeios, consegues ler tantos livros! Mais do que uma leitora inveterada - como eu já fui - acho que és livrodependente!! :)) Estou na brincadeira, não leves a mal!! :)

    Este ano ainda não veraneei nem pus os pés na areia, a partir de dia 14 entro em férias (de trabalho) e espero pôr em dia, alguma da minha leitura atrasada!

    Uma beijoca e agora vou-me às fotos do piso superior!

    :)

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    1. Não costumo ler tanto em férias, JANITA, mas com dois dias inteiros (quase) fechada em casa, li mais que o costume. E eu não me aguento muito tempo na praia, daí que enquanto a minha malta fica qual lagarto estendido ao sol, eu tomo a banhoca e piro-me para a esplanada, onde ponho a leitura em dia... :)

      Livrodependente assenta-me como uma luva e não fico nada ofendida. Na verdade não sei o que seria a minha vida sem livros, desconfio que seria um grande tédio! :)))

      Uma grande beijoca e dia 14 está quase, quase aí a chegar!

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)