terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PRIVACIDADE, ONDE?

Fotografia de Ian Britton

Todos temos direito à nossa privacidade, certo? Mas convenhamos que nos tempos que correm ela é limitada: são as câmaras de vigilância em vários locais públicos ou privados, as portagens nas auto-estradas (ou os controversos chips),  os movimentos que fazemos no multibanco, os próprios telemóveis e a net, que conseguem identificar a área onde nos encontramos. Tudo em nome da segurança de pessoas e bens!
Recentemente, gerou-se uma nova polémica em torno desse direito à privacidade, consagrado na lei. Segundo parece, à semelhança do que aconteceu noutros países, os EUA pediram que o governo português cedesse os dados individuais que constam no BI dos cidadãos nacionais. Daí até surgir uma página de Facebook, demonstrando a imensa indignação perante a intrusão no nosso direito à privacidade foi um ápice. Da última vez que espreitei já tinha um glorioso séquito de 18.692 seguidores. Hummm... OK, nem é grande coisa, para um país com 10 milhões de portugueses, mas começa-se por algum lado... E os respectivos comentários revelaram-se um autêntico mimo, entre insultos aos actuais governantes e arrogantes declarações de "eu não deixo"!
Certamente que os apoiantes desta causa não vivem no mesmo mundo que eu! Os nossos dados pessoais são constantemente violados, os nossos números de telefone e telemóvel, moradas e endereços de e-mail foram cedidos sabe-se-lá-por-quem a empresas de publicidade, que não se cansam de nos agredir constantemente, tentando impingir-nos produtos ou serviços que não nos interessam e sobre os quais não pedimos qualquer informação. Mesmo se não fosse essa incongruência, se tantos documentos "top secret" americanos foram divulgados pela Wikileaks, que de alguma maneira conseguiu acesso a eles, alguém tem dúvidas que seria bastante mais fácil obter os nossos dados no Arquivo de Identificação? Para já nem falar do cadastro policial, evidentemente. E a ingénua sou eu?!
Assim, para os que desejam uma verdadeira privacidade, resta uma única opção: encontrar uma gruta recôndita e mudar-se para lá com as suas bagagens, sem informar absolutamente ninguém; abandonar carro, telemóvel, computador, todas essas modernices eléctricas e electrónicas e passar uma vida pacata e privada, tal como a dos nossos antepassados da pré-história. Se bem que possa levar uns livrinhos para ler e uma bicicleta para pedalar e assim passar os muitos tempos livres, após a caça, a pesca e a recolha dos frutos nas árvores...

20 comentários:

  1. só não entendo o porquê dos EUA quererem esses dados, mas opor-me a isso para quê?
    é como tentar subir uma cascata a nado...

    ResponderEliminar
  2. Olha, também não percebo, VÍCIO, mas se calhar é porque eles têm a mania que controlam a informação... :P

    Quanto à imagem, não podia ser mais clara! :))

    ResponderEliminar
  3. E logo no facebook é que se faz a protesta, quando a maioria não tem reparo em colocar ali quanto faz a cada momento e aceitando "amizades" que não conhecem de parte nenhuma, só por terem um número maior do que o vizinho.

    Mas de qualquer maneira, parece-me indignante essa cessão da informação. Por aí se começa. Por princípios.

    Gostei de ouvir isto:
    http://ww1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=2587&e_id=&c_id=1&dif=radio&hora=07:12&dia=03-01-2011&cache=1

    ResponderEliminar
  4. É certo que, com algumas décadas de atraso, mas já tivemos muito mais razões para pensar que Eric Blair (George Orwell - 1984) era um lunático utópico do que no momento presente . A distopia actualmente aparente naquela sua obra, parece vir a tornar-se no futuro, bem mais real do que nos poderia parecer até há bem poucos anos atrás.
    .

    ResponderEliminar
  5. É verdade, SUN, alguns até escrevem lá o que comem ao almoço e ao jantar e as horas a que foram à casa de banho, para todos os seus mil e tal amigos saberem... =))

    Concordo que o princípio não é lá grande coisa, mas quando a toda a hora ele é violado, não me parece que a escandaleira seja assim tão grande. Mais ainda quando parece apenas um pedido proforma, certamente que seria fácil de fazer sem levantar a lebre! Quer dizer, a quem tenha grandes meios informáticos, não ali para o Zé Maria da esquina! ~xf

    Pena, mas não consegui ler o teu link...

    ResponderEliminar
  6. Pois é, RUI, 60 ano depois o livro tem mais actualidade do que alguma vez se pensou na época... em que 1984 ainda era um ano distante! :)

    Mas que o "Big Brother is watching us" e já não é de agora, também não duvido! A tendência até será para piorar, em nome da segurança... :-w

    ResponderEliminar
  7. Puxa! Tanta espionagem, tanta vigilância, tanta CIA e o Bin Laden, onde está? ~x(

    ResponderEliminar
  8. Francamente não me importo de saber que em qualquer centro comercial, rua ou mesmo faculdade e trabalho estou a ser filmado. Nem me importo que os dados do meu Bi sejam cedidos porque não acredito ser violações graves na minha privacidade. Nesses centros públicos não ano lá a fazer nada que não possa ser visto e quanto aos dados não me parecem que eles andem lá a analisar cada um deles ao pormenor. E se andassem?? Ficavam a saber a minha altura e data de nascimento? So what?? Privacidade para mim, é a casa das pessoas, os seus objectos e pertences e principalmente os seus pensamentos. Enquanto essa privacidade não for violada não me vou revoltar sem razão.
    Além disso tanta câmera e tanta vigilância, se servisse para alguma coisa, não existiam criminosos à solta.
    Beijos.

    PS: Respondi ao teu comentário lá no blog, pareceu-me muito importante clarificar uma coisa que disseste. :)

    ResponderEliminar
  9. Quando comecei a escrever nos meus blogues, evitei sempre escrever sobre a minha vida. Entretanto, lá vou escrevendo uma ou outra história verdadeira.

    No Facebook nunca lá entrei, nem penso lá entrar, pois já tenho problemas suficientes com a minha família por causa dos meus blogues e até dos meus comentários mais familiares. Colocar fotografias de familiares estou expressamente proíbida.

    Eu também não quero que TODO O MUNDO saiba tudo sobre mim ou sobre os meus familiares, no entanto, o tempo não pára, e de ano para ano, TODOS NÓS ficamos cada vez mais "pessoas de vidro" ~ e o meu querido George Orwell não era nenhum lunático utópico, mas sim um escritor com uma grande visão.

    Bjs

    ResponderEliminar
  10. A Privacidade é cada vez mais rara :)

    ResponderEliminar
  11. Lamento, não chega. Um amigo do meu filho foi à Russia e recebeu uma carta da embaixada dos estados unidos a informar que ele estava proibido de lá ir durante n tempo (não me lembro do valor do n).

    Para além disso, o meu filho está a estudar no país de gales e ele, sim, sabe o que é controlo, até chip tem na faculdade

    ResponderEliminar
  12. Pois, PAULOFSKI, desconfio que eles são melhores a "vigiar" cidadãos cumpridores do que Bins Ladens e afins! Enfim, não se pode saber tudo... :))

    ResponderEliminar
  13. Absolutamente de acordo, PSIMENTO! Ficam a saber a minha altura, data de nascimento, quem são os meus pais, onde nasci e onde vivo e ainda têm lá uma bonita impressão digital que lhes deve dar um grande consolo! De qualquer forma se estivesse implicada em qualquer crime, nos EUA ou noutro país qualquer, não tenho a mínima dúvida que esses dados seriam fornecidos à polícia que os pedisse...
    Aliás, a ideia que tenho é que esses dados não são tanto para "vigilância" propriamente dita - como é que se controlam os cidadãos de todo o mundo? - mas para mais fácil acesso, caso venha a ser necessário.

    Mas claro que já achava um grande abuso da minha privacidade, se me pusessem o meu telefone sobre escuta ou câmaras de filmar na minha casa, por exemplo! Mas como bem dizes, apesar de toda a vigilância, nem sempre apanham todos os criminosos, nem estes parecem muito intimidados com ela... :p

    Beijocas!

    ResponderEliminar
  14. Oh, EMATEJOCA, pessoas sensatas não usam o blogue como diário, mas não quer dizer que não contem uma história ou outra sobre si própria ou sobre os que a rodeiam. Mas deixa estar que não és a única a ter familiares um pouco paranóicos, uma certa tarde fui ver uma exposição de pintura de uma bloguista e fiquei um bocado à conversa com ela. Já estava a minha mãe em polvorosa, que eu se calhar tinha sido raptada... =))

    Mas enfim, aqui também não ponho fotos de familiares (pus umas do meu avô em bebé, mascarado no Carnaval em criança, mas não conta para "identificação"), o Facebook presta-se mais a essas cusquices - mas também facilita a troca de fotografias!

    Também é um facto que cada vez estamos mais "controlados" e aquilo que parecia uma utopia de Orwell deixou de o ser. Ainda não àquele nível, mas nunca se sabe. E essa sim era uma grande perda de privacidade! E sim, concordo que ele era um visionário! :)

    Beijocas!

    ResponderEliminar
  15. Por enquanto ainda a temos dentro da nossa casa, LOPESCA! :D

    ResponderEliminar
  16. Os americanos são um bocado paranóicos, TERESA DURÃES, dá ideia que para eles ainda estão em plena Guerra Fria... :P

    Mas facto é que cada vez estamos mais controlados, agora as escolas portuguesas até acabaram com esses cartões magnéticos (para poupar nas verbas), não quer dizer que não voltem...

    Não chega ir viver para uma gruta recôndita? Por mim não me importa, que não estava especialmente interessada... :))

    ResponderEliminar
  17. O comportamento da tua mãe ainda aceito, pois é uma outra geração. No entanto, penso que, se a minha mãe vivesse, interessada em tudo como era, até achava piada aos meus blogues.
    O meu marido, nem é contra nem é a favor, só dá piadas estilo britânico.
    O meu filho só diz, que em vez de perder tempo com os blogues, aprenda a cozinhar.
    A GUERRA dos blogues é com as minhas 3 filhas!!!

    Sei que há um romance de Jo Nesbø traduzido na nossa língua: "O Pássaro de Peito Vermelho", cuja acção decorre nos anos 90 em Oslo e também em 1942 nas trincheiras nos arredores de Leninegrado.
    Nesbø disse numa entrevista: "E usei em 'O Pássaro do Peito Vermelho' a história do meu pai, que é tão dramática. Os pormenores mais pesados nesse livro, que podem parecer pura ficção, foram vividos pelo meu pai nas trincheiras de Leninegrado."

    A habitual saudação de um Düsseldorf cinzento!

    PS: Adorei ver o gatinho a espreitar pela janela. Pensei logo no meu Casimir, que também é muito curioso.

    ResponderEliminar
  18. Querida EMATEJOCA suponho que toda a família pode dar a sua opinião, como tu podes dar sobre a vida deles, mas cada um é livre de fazer o que quer, dentro dos limites do razoável, não?

    Na verdade, as minhas maiores apoiantes nesta aventura bloguista foram as minhas amigas, porque tenho a certeza que pelo menos o meu filho preferia que eu passasse a tarde na cozinha a fazer grandes pitéus culinários para ele... Não dá para ligar muito a vontades alheias sobre o nosso tempo livre, especialmente se são egoístas, não é? :))

    Ainda estou à espera do outro da Ruth Rendell, que encomendei já há um tempão e ainda não chegou. E bem estou a precisar de um livro daqueles que não largamos até ao final. Depois conto!

    Beijocas!

    ps - também achei piada ao gato... :)

    ResponderEliminar
  19. já nem assim, Teté. já nem assim... os totós que nós escolhemos - sim, a culpa é nossa, vão logo de língua de fora sempre que os americanos põem o rabo de fora. e se repararem, normalmente o interesse é americano, não nosso... papalvos, somos todos papalvos. e depois, consecutivamente em Abril, celebram a "democracia"... estou à espera da dita, para poder celebrar também.

    ResponderEliminar
  20. Nós escolhemos, salve seja, MOYLITO, que há muitos anos não voto nestes gajos. Aliás, voto contra eles, sempre que há eleições! Embora as alternativas não sejam muito melhores, estes já provarem ser incapazes... :p

    ResponderEliminar

Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)