Que o respeitinho é bonito e toda a gente gosta, não há dúvida! Mas então o que fazer quando a noção não é igual para toda a gente?
Em miúda ensinaram-me - de uma forma bastante elitista, diga-se! - que as mulheres da média e alta sociedade deviam ser tratadas por "senhora dona" não sei das quantas. E se por acaso tinham algum grau académico, o doutora ou engenheira também deviam figurar no tratamento cerimonioso. Às mulheres do povo ficava reservado só o "senhora" ou só o "dona". Distinção difícil para qualquer criança, se bem que com exemplos práticos, do tipo a professora primária faz parte da "elite", a leiteira ou a mulher que vende hortaliça na praça não.
Nunca percebi bem o ensinamento, até porque duas das minhas avós (fui uma sortuda, porque tive três!) eram mulheres do povo. Mas acatei! Vale que não as tinha de tratar por nada para além de avó, a vovó era só uma - e da qual tenho uma imensa saudade...
Facto é que à medida que os tempos evoluem, essas "regras" de tratamento vão mudando. Já houve uma época de "tias" postiças e tudo! Pessoalmente, prefiro que me chamem pelo nome próprio ou por Teté (para quem conhece o diminutivo), sem "encavalitar" mais nada. Mas também ainda existem mulheres que se enxofram se não o acham adequado. E para os dois lados: umas porque faltaram os substantivos, outras porque os consideraram a mais!
Uma amiga defrontou recentemente uma cena caricata, ao falar com uma mulher desconhecida e uns 20 mais idosa, sem esquecer a forma "educada". E a conversa esfriou logo ali, que a fulana julgou que a estava a chamar de VELHA! E então, como se consegue não ofender ninguém?!?