Centro de Saúde de Sete Rios, 13 horas. Tirei a senha 67, ainda estavam a chamar a 40. As cadeiras da sala de espera open space dos tratamentos estavam quase completamente lotadas. A grande maioria dos utentes ostentava cabeças brancas, diferiam as mazelas: uma mão entrapada, um pé ligado, pensos variados. Fora o que não se via.
No corredor passa uma mulher que cumprimenta outra de pé, encostada à parede. "Então, dona X, que está aqui a fazer?", indaga. "Caí", foi a resposta escusada, já que o braço ao peito era bem visível. "Parti um braço, três costelas e a cabeça", explica. A outra perguntou qualquer coisa, ao que ela respondeu "pus-me em cima de um escadote" e acrescenta:"No quintal". Tem um sorriso de orelha a orelha, não entendo se devido a todos os presentes estarem atentos ao diálogo - ninguém tinha tanta mazela junta - se de compreensão tardia do disparate que tinha feito.
Lembrei-me daquele primo que, 20 anos e 20 quilos depois, foi mostrar à criançada como se saltava de rabo da prancha para a piscina, o que lhe valeu seis meses de fisioterapia. Será que todos temos essa dificuldade de reconhecer que envelhecemos e que há certas coisas que fazíamos em miúdos que já não podemos repetir... sem eventuais custos?
Os reflexos estão mais lentos, o esqueleto está mais frágil, entre outros sintomas que fazem parte do adiantado da idade. Mas, a vontade de viver em todo o esplendor é grande e, muitas vezes, levamos o corpo ao excesso.
ResponderEliminarCom todo o optimismo, também digo que; tem dias em que "envelhecer custa".
Beijinhos
É isso mesmo, MZ, excedemo-nos... :)
EliminarBeijoca
Em bebés cada dia há uma conquista que surpreende e entusiasma na velhice as surpresas dão-se pela negativa...ouve-se muito esta frase "eu sempre fiz isto"...só que desta vez , correu mal!
ResponderEliminarbjs
Pois, PAPOILA, corre mal porque as pessoas olham-se ao espelho e veem as rugas, mas no íntimo sentem-se tão jovens quanto antes... :)
EliminarBeijocas
Não é envelhecer que (me) custa, minha amiga, já que o passar do tempo é uma inevitabilidade da Vida.
ResponderEliminarO que (me) custa, e muito, é constatar que se vai perdendo a flexibilidade de movimentos, que julgávamos infindáveis e eternos...Ainda ontem subia as escadas a correr!!...
...E descia os degraus dois a dois...Ah, pois! :)
Beijocas, sempre jovens, Teté.:)
Mas perder a flexibilidade também faz parte do processo de envelhecimento, cara JANITA, inevitavelmente... (também há ginásios para retardar um bocadinho esse processo, mas não fazem milagres!)
EliminarBeijocas também cheias de juventude!
Eu continuo a fazer o teste de subir 5 degraus de uma vez na casa da minha sogra. Da última vez tive de fazer dos braços asas para não vir por ali abaixo. Um dia virei... Beijoca!
ResponderEliminarHummm... e não era melhor passares a tentar apenas 4 ou 3 degraus, RAUF? Para não partires nenhuma "asa", digo eu!:)
EliminarBeijocas
É uma inevitabilidade que "toca" a muitos:
ResponderEliminara agilidade mental não é acompanhada pela agilidade física.
No presente as minhas dificuldades são no subir pois no descer ainda me movimento bem!
(tenho um "aplique" eléctrico para "aplicar" no tecto do quarto... esperando que termine o meu diálogo com o escadote; imagina!!!)
Beijokas montadas em sorrisos!
Ui, isso diálogos com o escadote são do piorio, KOK: há que evitá-los a todo o custo! :)
EliminarBeijocas com os pés bem assentes na terra!
É. Todos temos tendência para esquecer o que não podemos. Há várias causas, mas a primeira talvez seja não nos lembrarmos das limitações que nos possuem em vez de, como antes, as possuirmos. Ocorre este fenómeno por falta de hábito. Mas há quem lhe chame falta de juízo, mania de isto e aquilo, o que será muita severidade, nem sempre o motivo é leveza de cabeça.
ResponderEliminarTambém não me parece que seja "leveza" de cabeça, BEA, apenas um "desnorte" entre o "velhote" que vemos no espelho e o jovem que ainda mora dentro de nós... :)
EliminarOntem acompanhei o Rodrigo ao centro de saúde de cá para uma consulta de rotina de diabetes que estava marcada para as 17,20 mas como temos que fazer a inscrição 30 minutos antes, chegamos às 16,45 e saímos eram 20,24 h durante esse tempo estiveram presentes muitos grisalhos, alguns meus conhecidos de longos anos, foram muitas as lamentações que ouvimos, comentamos com uma certa tristeza sobre o que fomos e o que somos.
ResponderEliminarPor vezes é difícil de gerir.
Beijinho Teté
Por vezes é difícil de gerir, então num centro de saúde com cada um a lamentar-se das suas maleitas piora um pouco, ADÉLIA...
EliminarBeijinho
Houve altura em que estava na moda atribuir-se tudo e mais alguma coisa à PDI.
ResponderEliminar: (
Pois, parece-me que ainda está, CATARINA! ;)
EliminarDificilmente reconhecemos que já não somos capazes de fazer coisas que antes fazíamos sem qualquer custo! Que chatice!!
ResponderEliminarBeijinhos
Verdade, GRAÇA. E quando é com os outros é sempre muito fácil... :)
EliminarBeijocas
É verdade Teté! Há um momento terrível em que percebemos que já não somos capazes de fazer uma quantidade de coisas. E é difícil de assumir que o tempo não pára para nós!
ResponderEliminarBeijinhos
É difícil esconder a menina que ainda mora dentro de nós, isso sim, TERESA, mas há situações que também têm limite, né? ;)
EliminarBeijocas
Mas também acontece aos mais novos. Há alguns meses estive com a minha mãe numa sala de espera assim e notei que havia ou pessoas mais idosas ou alguns bem jovens sobretudo com pernas partidas - comecei a imaginá-los a esquiar ou a conduzir altas motorizadas...
ResponderEliminarNão é preciso, REDONDA, aqui em Lisboa basta andar na famosa calçada portuguesa. Não acontece a todos, felizmente, mas conheço muito boa gente mais nova que já lá partiu ou torceu o pé, sem mais! Por mim, já torci duas vezes... ;)
EliminarNão me preocupo nada em envelhecer.
ResponderEliminarA alternativa é que não me agrada nada.
E não sou nada de meter em aventuras, em altas cavalarias.
Beijocas
Pois,concordo que a alternativa é bem mais desagradável, PEDRO! :)
EliminarBeijocas
Eu não quero dizer que não sinta o passar dos anos ! ... Claro que hoje não poderei fazer o que fazia há 20 (!!!) anos atrás ! ... mas o que é facto (que não sei como é encarado pelos outros da minha idade) é que me sinto uns largos anos mais jovem que a generalidade de todos os outros da minha idade !
ResponderEliminarFico surpreendido quando (na generalidade) constato que outros estão com aspecto bastante mais acabado que eu ! ... hehehe ... Isso parece-me ser bom, pelo menos para mim e para o meu Ego! rsrsrs
Beijoca jovem , Té ! :)))
Claro que de cabeça (quase) todos nos sentimos mais jovens, o problema é que o físico não acompanha esse feeling, RUI...:)
EliminarBeijocas cheias de juventude!
É um facto que, com o envelhecimento, perdemos certas capacidades e que podemos não desejar reconhecê-lo mas cair de um escadote também pode acontecer a pessoas mais novas... :)
ResponderEliminarClaro que pode, LUISA!Mas não sei porquê essas quedas tendem a agravar-se com a idade...;)
EliminarSempre que vejo um(a) velhote/a atravessar a rua fora da passadeira, olhando para os automobilistas com aquele ar de quem diz" espera aí e respeita a minha idade" convenço-me que as pessoas quando envelhecem se tornam traquinas como as crianças, mas quando vejo comportamentos como o que relata, penso o mesmo. Envelhecer não é fácil ( já o sinto na pele), assumir a velhice é uma questão de sabedoria. Encontrar o ponto de equilíbrio entre saber assumir as nossas limitações, sem nos deixarmos tolher por elas, parece-me perfeito. Só que não é fácil...
ResponderEliminarVerdade, CARLOS, bom era que todos encontrassem esse ponto de equilíbrio.
EliminarQuanto aos velhotes a atravessarem a rua sem olhar para lado nenhum, já me parece mais sinal da sua decrepitude: alguns parecem ainda viver na escancha da sua meninice, quando só aparecia um carro quando o rei fazia anos... ;)