sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A ESCASSAS HORAS DE 2012!

Fotografia de Ian Britton

Outros balanços haveria a fazer sobre 2011 - o do Quiproquó com um saldo muito positivo (um "record" de 273 posts, mais visitantes diários, novos comentadores, embora alguns dos antigos "desaparecessem em combate") - a nível pessoal, nacional ou mundial, mas nem todos os acontecimentos se evidenciaram pela positiva. Como "tristezas não pagam dívidas", nem aqui é muro de lamentações, é seguir em frente, rumando o nosso caminho....

E o que nos reservará o futuro? Bom, sem possuir turbante nem bola de cristal para o adivinhar, alguns factos já são do conhecimento de todos. Este ano será bissexto e as estações do ano, por exemplo, chegam com dia e hora marcada ligeiramente diferenciado:
- Primavera    - 20 de março, às 5 horas e 14 minutos;
- Verão           - 20 de junho, às 23 horas e 08 minutos;
- Outono         - 22 de setembro, às 14 horas e 48 minutos;
- Inverno        - 21 de dezembro, às 11 horas e 11 minutos.

Por seu turno, o Carnaval será a dia 21 de fevereiro, a sexta-feira santa a 6 de abril e a Páscoa a 8, o extinto feriado de Corpo de Deus a 7 de junho! Tal como já aqui revelado, a 23 de janeiro chegará o ano chinês do Dragão, que substituirá o do Coelho. Ufa, até que enfim...

Abstraindo do calendário propriamente dito, em janeiro chegarão às salas de cinema portuguesas os grandes filmes que irão disputar os Globos de Ouro (a 15, sendo já conhecidos os nomeados, sobre os quais escreverei outro dia) e os Oscar - a 26 de fevereiro, depois de anunciados os favoritos lá para meados do próximo mês. O que não é mau, que sempre nos dá tempo de ver alguns, sendo que "Os Idos de Março" e "Meia-Noite em Paris" certamente figurarão entre eles... Cerejinha em cima do bolo, a cerimónia da entrega dos Oscar este ano voltará a ter a apresentação de Billy Crystal! IUPIIIII! 

Para não me alongar demasiado a anunciar outros factos previsíveis - e assim atirar os pobres "videntes" para o desemprego - desejo a todos um...

FELIZ 2012!

... cheio de esperança, saúde, alegria, amor, amizade e carinho! (hummm... já repararam que nada disto se compra?Ah, pois é...)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

TOP+ 2011 - LIVROS

No balanço geral de 2011, com 26 livros lidos ou relidos num total de 25 volumes (há o tal da Agatha Christie, que é um dois em um!), 8 foram de escritores portugueses e 17 de estrangeiros, sendo que estes últimos ainda os dividi por géneros: 8 policiais e 9 de outras ficções.

Começando pelos autores portugueses, "Enquanto Salazar Dormia...", de Domingos Amaral, foi o que mais gostei, embora seguido de muito perto pelo "Livro", de José Luís Peixoto, ou por "Cerromaior", de Manuel da Fonseca, estes últimos muito dentro da mesma temática. Todos escritores dos quais nunca tinha lido nada, até agora.

"O Carteiro de Pablo Neruda" foi aquele livro (e filme) que me escapou e que tinha grande vontade de ler (e ver), foi só encontrá-lo a jeito numa edição de bolso e... adorei! O que mostra bem que os livros não se medem às páginas, o de Antonio Skarmeta é imperdível, quase um clássico! Ken Follet e "Noite Sobre as Águas" também foi uma agradável surpresa, nem sempre o facto de ser best-seller significa uma leitura manhosa...

Ruth Rendell recebe todos os "louros" no capítulo dos policiais (os da "tia" Agatha foram relidos, não concorrem), "Horizontais Dois, Verticais Um" foi um dos que mais me entusiasmou este ano, vou continuar a ler no próximo! (depois de trocar de óculos já os consigo ler! Iupiii!)

Verdade seja dita, e tendo em conta que, se um livro não me agrada, desisto de o ler e passo ao próximo, gostei bastante da maioria dos livros que li. Que foram estes:

Na prateleira de 2012 já estão enfileiradas algumas das próximas leituras, que incluem alguns escritores premiados com o Nobel da Literatura, mas também policiais, autores lusos, lusófonos e vários estrangeiros, à qual certamente se virão juntar outros ao longo do ano, que o plano não é rígido (alguns, duvido que chegue a ler)! Et voilá:

Resta portanto colocar as questões: quais foram os livros que preferiram este ano? quais os livros que pretendem ler em breve?

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O JOGO DA NAVALHA

Este foi o sexto livro de Ruth Rendell que li em 2011 e o último do ano, dos 26 títulos lidos. Data de 1967 e tem o título original  de "Wolf to the slaughter" e, mais uma vez, surpreende pelo inesperado ao longo das suas 166 páginas de letra pequenina.

(Em breve aparte, devo esclarecer que me fartei de queixar das letrinhas minúsculas em livros de bolso e, se em parte é verdade que dificultam imenso a leitura, também é certo que só recentemente percebi que a culpa também foi parcialmente minha, pois não trocava as lentes dos óculos há seis anos - tinha ideia que tinha sido apenas há dois ou três... - e a graduação sofreu alterações significativas, entretanto. Adiante!)

O desaparecimento de Anita Marcolis provoca uma reação estranha no seu irmão, Rupert, um artista plástico vanguardista: ele dirige-se à esquadra em busca de... uma mulher a dias, já que não dá conta do serviço doméstico na ausência da irmã. E o que não se afigurava como caso para investigação, suscita o interesse do inspetor-chefe Wesford, especialmente quando surge uma carta anónima, que denuncia o assassínio da rica herdeira e um misterioso isqueiro de ouro, com a apaixonada inscrição "Para Ann, que ilumina a minha vida", parece unir todos aqueles que conheceram Anita.

"O Jogo da Navalha" é um excelente policial, do qual seguem algumas citações (obviamente, não se pretende revelar o desfecho), que evidenciam bem o estilo marcante da talentosa escritora... 

CITAÇÕES:
"Havia provavelmente uma vintena de quadros no estúdio, um deles tão grande que enchia uma parede inteira. Durante a sua vida, Burden só vira um com semelhantes dimensões, 'A Ronda da Noite', de Rembrandt, relutantemente examinado durante uma visita de um dia a Amsterdão. Na superfície do quadro, conferindo uma dimensão tridimensional às figuras loucamente  saltitantes, aderiam outras substâncias para além da tinta: algodão em rama, lascas de metal e tiras de jornal amarrotado. Burden chegou à conclusão que preferia 'A Ronda da Noite'."

"O enorme nariz adunco dobrava-se sobre uma boca afável, e o facto de fazer lembrar uma ave era acentuado por um casaco amarelo-vivo e umas calças largas e felpudas que sugeriam plumagem. As divisões que ficavam por cima do estabelecimento poderiam ser um poleiro ou um ninho de ave de rapina, de tal maneira eram arejadas e altas, e as janelas deitavam para as copas das árvores verdejantes e sussurrantes."

"Esquecera o que era estar apaixonado, mas recordava uma janela iluminada, uma rapariga inclinada para fora e um homem em baixo, nas sombras. Perturbou-o saber que a paixão podia existir, assim como a dor para a acompanhar, que ambas podiam contorcer-se no interior de um homem e não se mostrarem no rosto dele."

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

FOTOGRAFIA DO ANO!

O terramoto e tsunami que assolaram as costas do arquipélago do Japão a 11 de março de 2011, que atingiu 8,9 na escala de Richter, fizeram correr muitas imagens e fotografias, absolutamente arrepiantes, elucidativas da tragédia que ceifou cerca de 20 mil vidas, do sofrimento dos japoneses, do desastre nuclear de Fukushima, da devastação de ruas, prédios e carros.

Correndo o risco de parecer insensível perante o sofrimento humano - diga-se, em abono da verdade, que a maioria dos japoneses teve um comportamento exemplar após a desgraça que se abateu sobre o seu país, participando ativamente nas operações de busca que se seguiram - para mim, esta foi a imagem mais dramática do acontecimento.

A fotografia foi captada alguns dias depois do terramoto, quando uma equipa de polícias de resgate e salvamento encontraram o desesperado panda adulto, que teve esta reação de pânico e agradecimento... (claro que há quem afirme que a foto é mais antiga, que foi tirada num Zoo chinês, envolvendo o animal e o seu tratador - agora, acreditar em quem?)

Imagem da net.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

DO CÉU CAIU UMA ESTRELA

Esta estrelinha é antiga, mais precisamente de 1946. Aliás, estrelinha é título que lhe puseram por cá, porque o filme original intitula-se "It's a wonderful life". Realizado por Frank Capra, é praticamente um clássico do cinema natalício...

É possível que já o tivesse visto em tempos (distantes, quando "papava" quase todos os filmes da televisão, nomeadamente nas tardes de domingo), mas não me lembrava minimamente. Calhou estar em frente ao pequeno ecrã, quando a RTP o começou a exibir e, de princípio, ainda me ri um bocadinho - não há dúvida que os efeitos especiais mudaram muito, desde essa época! 

Então o filme começa na pequena cidade norte-americana de Bedford Falls, onde ouvimos várias vozes off que demonstram preocupação pelo futuro de George Bailey (James Stewart), perturbado por um infortúnio. As preces dessas vozes chegam às estrelas - aí é a parte mais risível, quando uma espécie de bola de borracha representa a Terra, num fundo estrelado estático, onde depois começam a cintilar as falantes, que mais não são que anjos. Dessa conversa entre eles (em tudo semelhante à dos homens dos anos 40 do século passado) resulta que Clarence (Henry Travers), um anjo de 2ª categoria que ambiciona ter asas como supostamente os de 1ª, fica incumbido da tarefa de ajudar o homem naquele momento infeliz. Para tal, as instâncias superiores angelicais fazem-lhe uma breve resenha da vida de Bailey.

Trabalhador, honesto e amigo de ajudar o próximo, o homem nunca concretizou os seus sonhos de estudar e viajar, sempre preso pelos laços familiares, do amor e da amizade que lhe apontavam o seu dever a cada momento. Agora, confronta-se com o pior dilema da sua vida - ir para a prisão devido a um descuido do seu tio, o que levará a sua família ao descrédito e à pobreza ou o suicídio, com o qual a sua família beneficiará de um seguro de vida. É nesse preciso momento que Clarence surge na sua vida e, obedecendo ao seu desejo de nunca ter nascido, lhe mostra como seria a vida da sua cidade e dos seus familiares e amigos em tal caso - Mary (Donna Reed), sua mulher, tornar-se-ia numa bibliotecária solteirona, Potter (Lionel Barrymore), um ricaço prepotente, dominaria completamente a cidade e a vida de todos seria mais miserável, os seus quatro filhos nunca chegariam a nascer e por aí adiante...

É esta ideia de como a vida de uma pessoa influencia o passado, presente e futuro de todos aqueles que o rodeiam - vagamente baseada no eterno Scrooge de Charles Dickens - que torna o filme tão interessante. Claro que de certo modo marcado pelo tempo, mas mesmo assim agradável de ver tantos anos volvidos, o que o consagra como um dos grandes clássicos do cinema, situando-se em 30º lugar na classificação da IMBD, com 8,6/10, um pouco acima de "Citizen Kane - O Mundo a Seus Pés" (38º, com 8,5/10). Note-se que ambos "concorrem" com êxitos recentes, que causam grande impacto no momento, mas o tempo se encarregará de os afastar desse podium!

Gostei!

Imagem de cena do filme da net.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

"TESOURO" DE NATAL!

Dizem que o "Natal é sempre que um Homem [ou mulher] quiser", mas facto é que por vezes o espírito natalício esmorece com as agruras e desgostos da vida. Não é o caso da personagem deste curto desenho animado (2m18s), recentemente publicado pela minha amiga Tons de Azul, que é simplesmente delicioso e demonstra bem o significado da primeira frase.

Entretanto, desejo a todos um... 

NATAL MUITO FELIZ!
(... com tudo a que têm direito!)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

AS DESPEDIDAS SUCEDEM-SE...

A blogosfera tem tendência a ser sazonal! Há dois períodos no ano em que o abandono aumenta: no verão, na partida para férias; na época natalícia, com a respetiva azáfama de compras e preparativos para a consoada! Alguns não regressam mais, que o merecido descanso leva-os a ponderar outros auspiciosos planos futuros, em que é posta de lado a escrevinhação voluntária e gratuita - quiçá desiludidos pela falta de quorum, congeminando passar para o papel fabulosos livros que têm na cabeça ou pela simples e habitual preguicite aguda que se instala? Em contrapartida, a atividade blogosférica aumenta na primavera e no outono...

Ora foi precisamente este último que se despediu hoje, às cinco e meia da madrugada, substituído pelo solstício de inverno - sim, que a mudança das estações agora é cronometrada ao minuto e segundo, já não interessam nada as datas decoradas nos velhos tempos da primária. De caminho, as despedidas e os votos de boas festas têm-se sucedido desde o início da semana, mas garantido é que a blogosfera vai ficar quase "às moscas" nos próximos dias. Idem no facebook, onde alguns asseguram ainda não ter adquirido uma única lembrança, nem ter nada preparado para a ceia da consoada. Feitios!

Se há coisa que se aprende com o tempo, é que este não se apressa só por termos vontade! Mais, ele não volta para trás, quando nos arrependemos da súbita pressa com que passamos por ele. Portanto, nada melhor do que viver um dia de cada vez...

Adeus outono! Bem-vindo inverno! E CARPE DIEM, amigos, que no meu calendário ainda faltam dois dias para o Natal!!!

Imagem da net, da autoria do pintor... Leonid Afremov (sobre o qual já escrevi aqui) - adenda a 23/12/2011.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

TOP+ 2011 - FILMES

 "Ui, lá vem castigo!" - pensam os habituais comentadores do Quiproquó - "Além de nos ter azucrinado a paciência com as suas opiniões sobre 30 e tal filmes, ainda vem agora fazer um balanço anual dos mesmos? Ai, ai... que feitiozinho retorcido!"

Bom, este pungente apelo chegou aos ouvidos da Teté, que, embora implacável, decidiu não se alongar demasiado nas suas avaliações repetitivas. A tonta, ainda por cima - que prefere filmes leves, românticos ou de comédia, a par de policiais - acaba quase sempre num Top + mais alinhavado com o dramático. Este ano, nem sequer conseguiu estabelecer um favoritismo declarado, hesitando entre 3 películas que a cativaram como poucas, ao longo de 365 dias de apreciações cinéfilas (entre parênteses, a classificação atribuída a cada uma pela IMBD):

- "As Serviçais" (8,1/10);


- "O Discurso do Rei" (8,3/10).

Como comédia pura, decidiu-se por "Manhãs Gloriosas", apesar da classificação fraca (6,5/10). E, como desenhos animados, o incontornável "O Gato das Botas" (7.0/10). "As Aventuras de Tintin - O Segredo de Licorne" (7.8/10) também a entusiasmou, embora não saiba exatamente em que categoria o colocar: é filme, desenho animado, animação de BD ou uma amálgama desses géneros cinematográficos? 

"Cartas de Iwo Jima" (8,0/10) foi, sem sombra de dúvida, o que elegeu como melhor de anos anteriores que viu pela primeira vez!  

Balanço efetuado, convida todos a darem a sua opinião sobre o filme que preferiram este ano! Ou filmes, caso tenham mais do que um favorito... 

A imagem resulta da colagem de várias fotografias da net, que representam cenas dos filmes escolhidos.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

VIVA O DRAGÃO!

Acalmem-se todos os amigos portistas, que não mudei de clube: o Glorioso será sempre o meu, de coração! Mas este Dragão é mais significativo até do que qualquer preferência clubística - é aquele que vem substituir o Coelho, que prometia um período de acalmia, mas que tão má-sorte nos trouxe este ano!

Portanto, é já no próximo dia 23 de janeiro que se iniciará o ano do Dragão, mandando o Coelho pastar para outras paisagens. Mudança que certamente trará grande alegria ao povo português, cansado que está dos dislates da atual criatura e das suas sucessivas mentiras deslavadas! Será que ele vai seguir o próprio conselho e emigrar para algum PALOP? Tomara...

Agora, resta-nos ter esperança que as previsões astrológicas chinesas se cumpram! Quem diria que ainda seriam os chineses a livrar-nos desta?

Imagem da net.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

COMPRAS E EMBRULHOS

Nunca apreciei muito fazer compras, mas com o passar dos anos essa pouca apetência tem vindo a agravar-se. Nada de confusões: gosto de ter roupa, sapatos, malas e outros acessórios novos e de oferecer prendas de Natal e de aniversário a familiares e amigos - não se trata de mera sovinice! - é a atividade em si que me chateia!

O "trauma" talvez seja antigo, dado que a minha mãe e irmã são muito mais dadas a essas andanças, toca de parar em todas as lojas, vasculhar, sair e partir para a seguinte. Isto para além da minha mãe ter um gosto bastante diferente do meu: se eu escolhia qualquer peça, ela virava-se para a empregada e abanava a cabeça dizendo: "A minha filha tem muito mau gosto!" A maior parte das empregadas ficava sem saber bem o que dizer, outras sorriam e (disfarçadamente ou não) concordavam com ela, só algumas poucas lhe perguntavam: "Então mas não é ela que vai vestir (ou calçar)?" Claro que ela não simpatizava muito com estas últimas... Mas adiante!

Assim que pude, acabaram-se as compras com a mummy! Já teria cerca de 20 anos, quando uma amiga dessa altura (há amigas que são assim... passageiras!), ao saber que ia à baixa na demanda de presentes natalícios, se "pendurou" para me acompanhar, uma vez que pretendia oferecer um lenço de pescoço à mãe. Avisei-a que tinha várias compras a fazer, portanto ia demorar um bocado, mas ela não se importou. Naquele tempo já existiam dois ou três centros comerciais - o Apolo 70, o Imaviz e o Alvalade, pelo menos - mas ainda existia a tradição de percorrer as ruas da baixa lisboeta nesta quadra, onde a variedade era maior e os preços mais baratos. 

Lá fomos nós numa tarde de dezembro. Fui encontrando aquilo que queria e juntando sacos e ela nada! Via e olhava para os lenços, uns porque eram muito escuros, outros muito garridos, outros porque eram caros, nada lhe parecia adequado. Só sei que terminei as compras, fui com ela a todas as lojas e mais algumas que vendessem lenços, já não havia mais por onde escolher. E perguntei-lhe: "Então agora, o que é que queres fazer?" E ela, ainda hesitante, respondeu: "Olha, tenho impressão que o gostei mais, foi naquela primeira loja!" Ia-me caindo a alma aos pés, que por sinal já estavam bem cansados."Mas qual 'primeira' loja, se entrámos em tantas?" Obviamente, não sabia! De modo que fizemos o percurso todo inverso, ela já nem sequer se lembrava qual era o padrão que tinha gostado, ao fim de não sei quantas horas regressámos a casa, eu carregada e mais morta que viva e ela... de mãos a abanar!

Jurei para nunca mais, nem com ela, nem com mais ninguém (abri raras exceções ao maridão, mas esse ainda tem menos paciência que eu, de modo que não é problema)! Embora costume fazer as compras com calma, para evitar o stress, este ano não deu. Mas facto é que já me despachei da incumbência e até dos embrulhos - sim, porque isto de ir para as longas filas de alguns hipermercados e lojas é para masoquistas! E até é a parte mais divertida...

Agora resta aguardar serenamente que o dia chegue e que a festa familiar decorra o melhor possível, já que este tem sido um ano muito difícil para todos, por razões do domínio público e privado!

domingo, 18 de dezembro de 2011

A CASA DAS BELAS ADORMECIDAS

Yasunari Kawabata foi o escritor japonês que recebeu o prémio Nobel da Literatura em 1968. "A Casa das Belas Adormecidas", publicado pela primeira vez em 1961, tem apenas 138 páginas, mas dificilmente se poderá considerar uma leitura agradável - não pela forma de escrever, acessível a todos, mas pela própria temática.

Aos 67 anos, Eguchi ainda é sexualmente ativo, ao contrário de alguns dos seus amigos que, para satisfazerem os seus desejos de contato com raparigas jovens e frescas, que talvez apelem mais às suas recordações libidinosas que as velhas esposas de sempre, frequentam a casa das belas adormecidas, onde jovens mulheres repousam nuas em camas prontas para os receber, sedadas por potentes soporíferos e sem dar acordo do que as rodeia. Apesar da diferença de circunstâncias, Eguchi não recusa o presente do seu amigo e também ele vai lá passar uma noite. Depois outra e mais outra. Ou seja, também ele se fascina com a casa, resvalando para o terreno perigoso da sua imaginação e oscilando entre o desejo de as violar, estrangular, acariciar impudica ou carinhosamente ou simplesmente observar as posturas dos seus corpos nus e desacordados, relembrando os de outras mulheres do seu passado. E essas poucas páginas evoluem sempre em torno deste mote...

Nem vale a pena referir que um escritor não se define apenas por um único livro, mas neste, salvaguardando a escrita acessível em si, detestei tudo: o machismo da personagem, a consequente decadência de sentimentos muito centrados no próprio umbigo (ou um pouco mais abaixo), a ideia de que por ser velho (e pagar aquela espécie-de-serviço) tudo lhe é permitido.

Ah e tal que é outra cultura e outro tempo? Pois, é óbvio! Mas daí a voltar a perder (o meu) tempo com literatura deste género, tão acentuadamente deprimente, vai um passo de gigante...

CITAÇÕES:
"De facto, àquela casa vinham velhos incapazes de tratarem uma mulher como mulher, mas dormir calmamente ao lado de uma rapariga como aquela, era, sem dúvida ainda, umas das suas consolações ilusórias na sua perseguição da vida que se escapava: eis o que Eguchi compreendeu na sua terceira visita àquela casa."

"O que conduz o homem ao «mundo dos demónios» é mesmo, ao que parece, o corpo da mulher."

"Que uma rapariga tão provocante como aquela, treinada como ela estava, tivesse podido manter-se virgem, era sinal evidente não do respeito dos velhos, nem do seu cuidado em manter os compromissos, mas, sim, da sua assustadora decrepitude. A virgindade da rapariga, por contraste, demonstrava o horror da velhice."

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

AI, A MINHA SALSA!

Dois posts seguidos sobre botânica, é dose! Mas o que é que querem? O livro que estou quase a acabar de ler, de um escritor laureado com o Nobel, tem sido um sacrifício a cada página e até é fininho! (descansem os admiradores de Saramago, que não é dele!)  Num périplo pelo cabeleireiro, nalgumas lojas e a fazer uma reclamação fundamentada numa compra on line, os funcionários demonstraram como qualquer um pode ser uma visita inoportuna e como os negócios vão tão bem, que nem precisam de clientes... E quando se regressa a casa, com a carga da má-disposição alheia, descobre-se que a grande discussão na AR é a conjugação do verbo marimbar? 

OK, estou de volta à salsa! Que vista na foto acima nem está mal de todo mas, na experiência em si, teve bons e maus momentos: as sementes revolveram a terra, abriram lanhos, só brotaram parcialmente; as regas foram fatídicas para os rebentos mais frágeis, muitos esmoreceram e outros, a lutar pela sobrevivência, emaranharam-se e não resistiram, apodrecendo no caminho. Porque será que esse percurso não me parece nada estranho? Para não restarem dúvidas, a colagem dos vários momentos fotográficos simplifica:
Mas, claro, ainda não desisti! E até posso afirmar que a experiência resultou parcialmente! Conclusão? Não tem! Excepto a óbvia que os seres humanos não diferem muito da salsa... o seu saudável desenvolvimento depende do terreno onde cai a semente!

BOM FIM DE SEMANA PARA TOD@S!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

NO JARDIM DA MINHA AVÓ...

1. Tulipas
Há ensinamentos que se perdem com o tempo, outros não! Não foi na escola, mas no jardim da minha avó que aprendi o nome popular pelo qual todas estas flores são conhecidas (e mais umas quantas, mas o espaço tem os seus limites). Conseguem identificar todas?


2. Jarro (ou copo de leite)

3. Gerbera

4. Amores-perfeitos

5. Brincos-de-princesa

6. Hortênsias / Hortenses / Hidrângeas

7. Malmequeres ou margaridas

8. Sardinheiras ou gerânios

9. Rosa

10. Bocas-de-lobo / bocas-de-leão

Ah, e claro, não tinha todas em simultâneo, que a dimensão do jardim era reduzida à área envolvente de uma casinha de campo. O grande conselheiro era o senhor Cidálio (um jardineiro reformado que ia lá uma ou duas vezes por mês fazer a manutenção dos canteiros, semear as plantas, podar as poucas árvores e aparar as sebes - e, possivelmente, complementar a sua parca reforma!), mas ela ainda ia acrescentando vasos e vasinhos em cima da cisterna ou dos muros, aproveitando todos os recantos. Se algumas flores não se davam bem, arranjava outras! Certo é que se não fosse ela e a sua grande paixão por flores e plantas, ainda hoje seria uma completa ignorante nesse capítulo...

(se houver outra vida, tal como acreditava, vai gostar de rever as "suas" flores e de saber que a neta ainda se lembra do que aprendeu com ela - este post é-lhe dedicado, 27 anos e uns dias após ter partido!)  

ADENDA a 16/12/2011 - Todas as legendas a verde. O Rui da Bica (que ainda deu nomes alternativos para algumas das flores) e a Ju sabiam todas, a Ana 9, a Tons de Azul 8, o Moyle e o Psimento 7, o Fausto 1 e os restantes não se pronunciaram. Obrigada a todos pela participação!


Imagens da net.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O GATO DAS BOTAS

Claro que, como é habitual na DreamWorks, o argumento destes desenhos animados não tem nada a ver com o conto infantil de Charles Perrault. A personagem central é um gato e tem botas, é igualmente astuto, mas a semelhança acaba por aqui.

O gato é recolhido em pequenino por Imelda - uma mulher que cuida de uma instituição de rapazes orfãos ou abandonados - onde encontra Humpty Dumpty, de quem se torna grande amigo. Os dois passam por várias peripécias juntos na juventude, mas enquanto o gato aventureiro e destemido começa a ter noção do que é justo, o amigo, ganancioso, só pensa em roubar sem interessar a quem. E é num dos estratagemas deste último que ambos se tornam foragidos da lei, indo cada um para o seu lado! Anos mais tarde reencontram-se, na sua demanda pelos feijões mágicos, que lhes darão acesso ao castelo nas nuvens onde reside a gansa dos ovos de ouro. Como parceira dessas buscas surge a encantadora Kitty Patas Fofas...

Ah, pois é, a história também tem uns pozinhos de outro conto infantil - João Pé de Feijão! Sem ser nenhuma das duas, que este é só o começo destes divertidos desenhos animados. Fica o trailer, para quem o quiser espreitar:


Vi a versão dobrada em português, assegurada pelas vozes de Paulo Oom, João Cabral e Soraia Chaves nos principais papéis, na direção de Cláudia Cadima. Excelente! Embora, como é óbvio, não duvide que o gato Antonio Banderas, o Humpty Dumpty Zack Galifianakis ou a Kitty Salma Hayek também vão lindamente! Estes últimos têm a desvantagem de não serem acompanhados pelos putos mais pequenos, que ainda não sabem ou têm dificuldade em ler as legendas.

Muito bom e imperdível, para todos os amantes de desenhos animados! (e um leve "sacrifício", para quem vai ao cinema com filhos, sobrinhos ou netos...)

Imagem de cena do filme da net.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O ELO MAIS FRACO (3ª edição)

Há concursos televisivos que parecem uma "pescadinha de rabo na boca": acaba uma série de um e lá vem outra, ou então intervala-se com aqueloutro, sem grandes variações nos "enlatados" bem sucedidos nos formatos estrangeiros. A terceira temporada de "O Elo Mais Fraco" voltou assim ao pequeno ecrã da RTP, 9 anos depois da sua primeira apresentação por Júlia Pinheiro, seguida por uma segunda a cargo de Luisa Castel-Branco e agora liderada por Pedro Granger.

As perguntas e respostas de rajada, para obedecer a um tempo limitado, a geralmente parca cultura geral dos concorrentes, algumas questões mal formuladas e a dicção atabalhoada do apresentador (pior do que a das suas antecessoras) garantem que o prémio nunca será exorbitante. Apesar de tudo isto e de também jogar com o fator sorte, como acontece em quase todos os concursos, talvez seja o melhor dos últimos tempos... sempre dá para rir um bocadinho! E também lá se vai o mito que a 4ª classe de antigamente supera, em muito, os conhecimentos dos atuais estudantes universitários...

Ah e tal, que estou armada em intelectual, a rir a "bandeiras despregadas" das respostas alheias, a não perceber que o nervosismo e as "brancas" dos candidatos também motivam algumas falhas? Nem pensar! Mas espanta-me sempre que a maioria da malta não tenha o mínimo pejo em exibir a própria ignorância perante as câmaras televisivas. Será que os tais 5 minutos de fama valem a pena? E as desculpas após a expulsão, que "não fui eu o elo mais fraco", "correu-me mal esta ronda" ou "os meus adversários jogaram na estratégia"? Lindo, lindo... para quem não se olha ao espelho!

Nem vale a pena considerar a arrogância do apresentador que, no seu papel de "mau da fita", vai bombardeando os concorrentes com sarcasmos do género: "quem é que aqui tem um cérebro de amiba?"; "burro velho não aprende línguas - nem novo!"; ou "qual de vocês é o caruncho deste psiché?" É formato! Mas será que ninguém neste país tem a capacidade para criar um concurso do estilo, sem descambar na agressividade gratuita, só porque assim se supõe ter mais audiências?

Mistério...

Imagem da net.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

UM MÉTODO PERIGOSO

Em 1904 uma jovem judia de uma próspera família russa é dada como louca e internada numa clínica suiça, onde Carl Jung experimenta um tratamento mais humanitário do que os habituais da época, baseado nas teorias de Sigmund Freud. O tratamento dá bons resultados e o caso de Sabina Spielrein acaba por propiciar o encontro entre os dois mentores da psicanálise e uma vasta troca correspondência, ao longo de sete anos. Contudo, as suas divergências teóricas (e não só!) acabam por conduzir ao corte de relações entre ambos...

Resumindo, este filme realizado por David Cronenberg relata simplesmente esse espaço de tempo vivido pelas três personagens - Sabina viria também a formar-se em psiquiatria - e nos múltiplos diálogos, troca de impressões e discussões que mantiveram, ao vivo ou por carta, baseando-se em factos reais. 

Assim à partida não parecia muito apelativo, mas já que tinha bilhetes grátis (para dramas com vampiros ninguém me convence!) aproveitei a oportunidade. Mas vê-se bem! Keira Knightley, Viggo Mortensen e Michael Fassbender assumem os principais papéis, ela determinada em ser uma louca convincente (de início) e eles em assegurar a sobriedade dos homens que representam. Se já estavam ou não a "fazer olhinhos" ao tio Oscar, só o tempo o dirá! Para já, fiquem com o trailer:
 

Imagem promocional do filme, da net.

domingo, 11 de dezembro de 2011

AO ENTARDECER...

Enquanto na RTP se disputa o novo concurso de talentos que visa descobrir "A Voz de Portugal" - onde, como de costume,  se revelam candidatos desconhecidos e insuspeitos de possuir tamanho potencial vocal - fora do pequeno ecrã, por vezes, também encontramos outras vozes que nos fascinam e encantam, como esta:


Sobre o concurso (ainda em fase de eliminatórias) escreverei outro dia, sobre esta música e canto devo esclarecer que "a pele que há em mim" ficou arrepiadinha...

Será que para além de um país de poetas, somos também um país de cantores?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

LISBOA - CIDADE EUROPEIA DO ANO 2012

Esta colagem fotográfica representa alguns dos locais que visitei e por onde passeei este ano em Lisboa e vem a propósito da recente distinção como cidade europeia do ano 2012, que lhe foi atribuída pela Academia de Urbanismo e anunciada a 14 de Novembro, em Londres. Como podem confirmar aqui.

Boas notícias são sempre bem-vindas, ainda mais se podem incentivar o turismo nacional! Mas a malta anda tão centrada em cimeiras de "tudo ou nada", na crise do euro, etc. e tal, que algumas passam-nos completamente ao lado... Adiante!

Focando as fotografias da colagem, esclareço ainda que este ano não cheguei a visitar os animais do Zoo, embora passeasse pelos jardins envolventes - não só devido aos bilhetes estarem caros (17 € cada adulto), mas porque é preciso tempo para dar a volta completa e que o clima ajude: com muito calor, frio ou chuva não é boa ideia! E não calhou! Em contrapartida, a visita ao Museu Nacional de Arte Antiga também poderia  ter decorrido melhor: a hora e picos que dispúnhamos foi curta para percorrer as cerca de 70 salas, embora algumas estivessem encerradas para obras. E andar a "toque de caixa" em museus, para pelo menos ver as principais telas em exposição, não tem grande graça! De qualquer forma tem muita arte sacra (santos, anjinhos, papas, apóstolos, sagrada família, etc. e tal), que não é particularmente do meu (nosso) agrado, embora algumas obras sejam excecionais. Talvez volte lá daqui a uns tempos, quem sabe?

Certo é que o programa a longo prazo, combinado com o maridão já há alguns anos, de tentarmos conhecer melhor os recantos e encantos da nossa cidade, tem vindo a dar frutos... 

BOM FIM DE SEMANA PARA TODOS!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

COM 4 PALAVRAS APENAS...

As primeiras 4 palavras que descobrirem no smile de letras que se segue, em inglês, são as que vos descrevem - segundo um mini-teste do facebook. Toca a procurar:


Encontraram? Então digam lá quais são... :)))

Imagem do facebook.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

PEDINCHICE... COM LATA!

Raramente contribuo para peditórios, individuais ou institucionais, pela simples razão que o orçamento familiar não é elástico. Abro uma ou outra exceção, como no caso do Banco Alimentar, cuja campanha deste Natal foi um sucesso. O que diz bastante sobre a solidariedade dos portugueses e dos seus piores receios... 

Já custa mais a entender como é que alguém tem a lata de enviar mensagens deste género, que entre bajulações várias e outras tantas lamechices, pretende que se faça o link da empresa que representa no blogue. Por sinal não neste, mas num de experiências e do qual nem mails recebo (e se recebi este, foi porque a tal Natália o encontrou no perfil):

"Olá!
Eu so quero agradecer por o blog maravilhoso. Li o primeiro post "Velinhas..." e depois passei a hora inteira no blog com muito interesse :) Tudo esta escrito corretamente, interesante e facil para ler. Gostei muito do post "Máscaras".
Eu trablaho na empresa xxx, nós agregamos as vagas de emprego de todo o mundo. Meu trabalho é convencer os bloggeres de colocar os links para nosso site. Eu adoro o meu trabalho, temos uma equipa bacana e uma boa direção mas, infelizmente, não tenho idea nenhuma como é possivel convencer um blogger de colocar o nosso link. Fico com medo de perder por isso o meu emprego:( Até agora em vez de mandar uma grande quantidade de cartas para todos blogs, fiquei lendo o seu blog. Na verdade não tenho certeza, que o link para "Portugal" xpto, vai ser util no seu blog, mas se achar que vai ser possivel vou ser muito grata!!!! O site é mesmo legal, vai ajudar muito em procura de emprego. Tenha um bom dia! Mais uma vez obrigada pelo um blog tão interesante. Escreve mais.
P.S. Você é "Peixes"? :)Estou feliz de comunicar com alguem deste signo de zodíaco :)"

Se ela não sabe porque é que o site da empresa poderia ser interessante para o blogue, eu ainda menos! Mas para ela e para outros que tenham a mesma ideia, fica desde já o aviso: não pretendo fazer publicidade a nenhuma empresa, nem aqui, nem noutro lado qualquer. Toda e qualquer referência publicitária é e será simplesmente ocasional, devido ao mérito, interesse ou piada da campanha. Mainada! (e para quem queira saber, nem abri os links, que não conheço a fulana de lado nenhum...) Cada vez tenho menos paciência para crom@s!

BOM FERIADO PARA TODOS!

Imagem da net.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

POR MAGIA?!

David Copperfield deve ser o ilusionista mais famoso a nível mundial, já tive o prazer de o ver ao vivo no Pavilhão Atlântico, num espetáculo inesquecível! Este prazer não tem só a ver com a presença carismática do homem em palco, mas também em tentar adivinhar qual é o truque que esconde na manga...

Portanto, não importa muito que seja ele, o português Luís de Matos ou outro qualquer a atuar. Claro que descobrir o modo como estes profissionais iludem o público não é fácil, vale que nos espetáculos amadores sempre vamos percebendo qualquer coisinha, com um lencinho vermelho a sair teimosamente de uma algibeira ou um pombo a erguer a cabeça antes de tempo da cartola. Para já não falar naquelas "magias" que se fazem em televisão, em que aparecer e desaparecer é obra de simples montagem, em conluio com a assistência que finge nada ver.

O que se segue é básico e entende-se à primeira, apesar da rapidez das imagens:


Toparam?! Parabéns! E certamente estarão melhor que eu, que não estou a topar nada desta última "magia" da raposa... rs#§}rs&%rs!!!

Imagem da net.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

OS NOBEL DA LITERATURA

Foram 108 os laureados com o prémio Nobel da Literatura. De todos eles, tenho a certeza que li 8, mas é possível que possam ser 11 (que, no mínimo, folheei). De Pearl S. Buck li vários, da maioria dos outros autores apenas um ou dois. E não é porque não figurarem na estante cá de casa - foram ficando para trás, à medida que o livro do momento se tornou mais apelativo.

Daí nascer a decisão de reunir esses títulos e escritores, encafuados lá num cantinho, e enfileirar todos numa prateleira que pretende ser de próximas leituras (não só, mas também!). Será que é desta que consigo ler unzinho do Saramago? (e escusam de bater mais na "ceguinha", que ainda não encontrou nele um grande escritor, apenas alguém que a faz adormecer...)

Apesar desta firme intenção, tenho outra certeza: nem sempre os livros que mais me agradam - e que tornam a leitura um prazer - são os mais literários. É o enredo que me cativa e encanta, não a escrita mais floreada ou a exibir um maior conhecimento de literatura ou de linguística - o que a Academia sueca pode considerar deveras interessante, mas não está ao alcance da compreensão de todos os leitores...

Hummm... e a que propósito surge aquele senhor da foto? Sabem quem é (foi, uma vez que já morreu)?

ADENDA a 6 de Dezembro de 2011: o escritor da fotografia é Irving Wallace (1916-1990) e nunca foi galardoado com o Nobel da Literatura, mas em contrapartida escreveu "O Prémio" (1962), um romance ficcional em torno de todo o processo de nomeação, escolha e cerimónia de entrega dos Nobel, que descreve pormenorizadamente e que foi fruto de várias entrevistas e pesquisas ao longo de 15 anos, segundo o próprio; a Maria foi a única a acertar!

Imagem da net.

domingo, 4 de dezembro de 2011

BOLAS, BOLAS E MAIS BOLAS!

Como a tradição já não é o que era, este ano resolvi decorar a árvore de Natal com tonalidades diferentes: em vez das habituais bolas vermelhas, douradas e prateadas, toca de arranjar umas roxas e rosa choque... às quais juntei as sobreviventes prateadas. Na verdade, o stock de decorações já estava suficientemente espoliado, ao fim de 21 anos de exercício, alguns dos quais em "convívio" com uma criança pequena e um gato...
 
A criança cresceu, o gato morreu (que saudades do meu Nicky!) e a árvore artificial também já tinha sido substituída há algum tempo - após um grandioso desaire com uma verdadeira, que ao fim do mês deveria ser devolvida e replantada, mas quando chegou à noite da consoada (cá em casa) já apresentava ramos inteiramente desprovidos de caruma, que entretanto se espojara no soalho e que obrigou o aspirador a uma atividade diária. Jurámos para nunca mais!

Bom, mas nestas coisas de decoração há sempre surpresas. Primeiro foi a sugestão: "Querido, vamos mudar a sala?" E ele concordou que provavelmente junto à janela, sítio de menor passagem, o "desgaste" dos símbolos decorativos seria menor. Depois, as séries de lâmpadas resolveram protestar: uma só abria as azuis e verdes, outra só as laranjas e vermelhas. Iluminações a meio gás, cá em casa?! Nananinaná! "Lixo com elas!", alvitrava a cara metade. Uma terceira série descolorida funcionava bem e tirámos uma quarta do armário, nunca usada (fruto de um "barrete" e com um fio lilás, que não condizia com nada, mas desta vez até se enquadrava).  Et voilá, temos árvore!

Já não houve tempo para armar o presépio, mas esta mini-representação está sempre a postos...

(oferta de uma sobrinha que o fez em fimo, quando tinha 13 anos) e, mais logo, este ocupará o seu devido lugar, sem muitas nuances em relação ao do ano passado:

Ah, e as tais luzes que se recusaram a cooperar nos festejos natalícios? Não sei se se assustaram com a nossa conversa, se por terem sido substituídas rapidamente, se com a decisão de as levarmos a um "perito" em eletricidade (já que íamos jantar a casa desse familiar e amigo): só sei que bastou ele olhar para elas - ficaram todas "em sentido" e desataram a funcionar a 100%!  (de caminho ainda nos ensinou a (des)enrolar melhor os fios... um mero pormenor, eheheh!)

Mesmo que o Natal seja sempre que um Homem quiser, tem quadras mais sugestivas, não tem? Já agora, a vossa árvore (e presépio) está pronta para a festa natalícia?

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

MERCADO DE NATAL

Estamos a 20 e poucos dias do Natal e ainda não comprei nem um bombom, nem um alfinete. E pensar que costumava iniciar as compras natalícias durante as férias de julho, para repartir despesas e azáfamas de última hora? Certo é que não vai faltar uma pequena lembrança a todos os familiares e amigos mais próximos, mesmo que de valor diminuto. (tal como já se previa em junho, quando foi anunciado um imposto extra sobre os subsídios de Natal)

As iluminações natalícias em Lisboa são escassas (até ao momento só as vi em São Domingos de Benfica, provavelmente pagas pelos comerciantes da zona e/ou porque a autarquia aproveitou as do ano passado), na baixa pombalina não vislumbrei nenhuma, naquela zona comercial cada vez mais votada ao abandono. Entretanto,  parece que o presidente da CML resolveu contratar uns "artistas" para criarem umas instalações em alguns pontos emblemáticos da cidade. Mas se forem todas tão lindas, fantásticas e surpreendentemente... inúteis como os catrapázios - tipo sinais de trânsito - que colocaram em volta da estátua do marquês de Pombal, mais valia ter ficado sossegado...    

Não sendo adepta de divulgar ou promover eventos comerciais, muito menos se não visitei ainda, suponho que ninguém (que resida por perto, logicamente!) tem nada a perder se der um pulinho a este mercado, que pretende recriar o espírito dos de outros tempos. Afirma ser uma mostra de vários produtos nacionais e artesanato português, tradicional ou contemporâneo, a preços apelativos. Porém a exibição/venda começa hoje e acaba já na próxima 2ª feira, pelo que ou divulgava agora... ou nunca! Nem tenho a certeza de conseguir passar por lá, neste curto espaço temporal, mas fica a "dica" para quem puder e quiser! (e não, não me responsabilizo, se não for tão agradável como o "pintam"...)

BOM FIM DE SEMANA!


(Obrigada, Paulinha!)
Imagem do cartaz promocional do evento.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

1 DE DEZEMBRO DE 1640

A estátua ainda lá está, garanto! Ontem estavam até a montar um palanque, que deve ser palco hoje das cerimónias oficiais. Com a devida pompa e circunstância. Pró ano... já não interessa nada!

Se os mortos se revolvessem na tumba, por esta altura os 40 conjurados que - arriscando a própria vida e a dos seus familiares mais próximos - decidiram acabar com o domínio castelhano a 1 de dezembro de 1640 e restaurar a independência de Portugal, certamente estariam em grande desassossego e atividade, assombrando o pouco patriotismo dos atuais governantes. Eram nobres, magistrados e militares da melhor estirpe, que nessa manhã de revolução entraram pelo Paço com o apoio popular, prenderam a duquesa de Mântua (que reinava em Portugal em nome de Filipe III) e atiraram o seu lacaio, o traidor português Miguel de Vasconcelos, pela janela do palácio, gritando pela independência e liberdade.

Claro que nada desta história parece muito gratificante a outros lacaios, dobrados ao serviço de outras "majestades" estrangeiras e aos interesses do capitalismo (puro e duro)! Passar uma esponja sobre esses acontecimentos, que dignificaram os homens (e mulheres, que Filipa de Vilhena e Mariana de Lencastre também contribuíram, ao incentivar os seus filhos a participar na revolução) patriotas de outras eras, não é de hoje! Além de que lembrar revoluções do passado e o que normalmente acontece aos lacaios, ainda interessa menos...

Acresce ainda que, entre muitos outros motivos, a excessiva carga de impostos sobre os portugueses foi decisiva para despoletar a Restauração da Independência! Topam?

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

DESCONTRAÇÃO...

Um dia destes,  duas amigas propuseram-me que fizesse um teste de português. Avisaram que era difícil, mas nem liguei muito e, descontraída, respondi às 45 perguntas de escolha múltipla logo de rajada. Não usei dicionários, nem fiz nenhuma pesquisa ao meu alcance, convencida que estava que sairia limpinha (ou sem grandes impurezas) do teste. Puro engano!

No final, só me faltou pintar a cara de preto - 82%, foi a magnífica pontuação! Quem manda ter manias e tanta descontração? Se quiserem experimentar, podem:


Claro que na segunda vez, agora que estava a verificar se era este o link certo (uns dias depois), já me saí melhor, que as perguntas são sempre as mesmas. Mas, mesmo assim, o resultado ainda foi fracote: 90%. Resultado esse, que não será difícil de ultrapassar... 

DIVIRTAM-SE E TENHAM UM BOM FERIADO!
(já que, no próximo ano, tudo indica que a data da Restauração da Independência desaparecerá do "mapa")


(Obrigada, Isa e Nilzinha!)
Imagem da net.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

QUAL É O PERFIL?

Atrás de cada teclado, há sempre alguém que o dedilha. Traçar o perfil das personalidades que se "escondem" neste mundo virtual - através dos conteúdos que publicam - dava pano para mangas e inúmeras classificações. Em caricatura e sintetizando, resulta mais ou menos na seguinte:

OS SÉRIOS - focam apenas um tema, eventualmente um leque restrito, e aprofundam o assunto até à exaustão; escrevem bem, são informados e não querem ser confundidos com os meninos de escola; por vezes são um bocado chatos, sempre a insistir na mesma tecla, mas têm a calma e a serenidade suficiente para não desistir, mesmo que os comentários sejam poucos - a paciência para comentar trivialidades alheias também é igual a zero; quase todos já ultrapassaram os 40 ou 50 anos;

OS BRINCALHÕES - brincam com tudo: política, religião, sexo, características da sociedade, vivências próprias ou alheias, enigmas ou desafios à desgarrada e por aí adiante; chatice é que quando falam a sério (mesmo que em tom de brincadeira), ninguém acredita muito neles; além de aparecerem sempre uns indignados, sem um pingo de sentido de humor, a criticar; mas não têm muito que se queixar, nunca lhes faltam comentadores; não têm idade definida pelo tempo, mas por vezes possuem um "timing" próprio para brincar...;

OS ANSIOSOS - têm muito que contar ou ensinar à malta, mas se - após a publicação de um novo post - ao fim de 5 minutos não obtiverem pelo menos um comentariozinho na caixa, desatam a enviar mails a todos os familiares, amigos, conhecidos e spam a todos os bloguistas de "vai ver o meu blogue"; tanto faz serem 3 da tarde ou 4 da manhã: ansioso que se preze não liga a esses pormenores e até estranha se alguém lhe pergunta "enviaste-me uma mensagem para ir ler o teu blogue às 5 da matina?"; a tendência, claro, é a desistência... (quem sabe se à força de calmantes?!?);

OS INDIGNADOS - as indignações são tantas, mas tantas, com o frio ou o calor, com o vento ou a chuva, com a crise ou as medidas governamentais, com a burrice do chefe ou do colega, com o vizinho que lhes pisou o dedão grande do pé ou a fulaninha que os ultrapassou na fila do supermercado, que ninguém tem muito a comentar: "Ah, que chato e tal" e pouco mais; mudam de "casa" com frequência, mas a indignação (e a rezinguice) não acaba nunca!;
 
OS PROBLEMÁTICOS - certezas são à fartazana, uma delas é a de encontrar uma conspiração em cada esquina; são intransigentes com opiniões diferentes, insultam os próprios comentadores com o que apelidam de "franqueza"; julgam escrever muito bem, mas dão erros e calinadas atrás umas das outras; situam-se em duas faixas etárias distintas - entre os 20 e os 30 e picos ou os de mais 60, eventualmente reformados; uns e outros giram à volta do seu umbigo e das suas crises existenciais, mas tendem a ser conflituosos;

OS SIMPLES - escrevem em estilo diário ou do-que-hoje-me-passou-pela-cabeça; não estão à espera que o mundo se renda aos seus pés (ou à sua escrita), mas apreciam a interatividade e costumam responder a todos os comentários; de vez em quando, carregam na tecla do lamechas; mas simples não é sinónimo de simplório, aqui e ali vão-nos ensinando qualquer "coisinha", nomeadamente em termos de simpatia - são conciliadores, por natureza;

OS SNOBS - consideram-se o supra-sumo-da-beterraba, criticam tudo e todos, só eles e os amigos de eleição são pessoas de bem; as suas opiniões e convicções são lei e adoram comentadores bajuladores (que se penduram nas suas lapelas, com sofreguidão);  fazem sempre questão de divulgar a sua cultura, "canudo(s)", berço e por aí fora; tratam todos por você, com a arrogância e a sobranceria de gente "chic"; não são de temer, são de fugir...

Esta brincadeira surge para comemorar os 5 anos  do Quiproquó - que se completam hoje (nem todos  por aqui, mas isso agora não interessa nada!) - e não pretende criticar ninguém: cada um é livre de escrever o que (e como) bem lhe apetecer e... ainda bem!

A todos os comentadores, visitantes, curiosos ou passageiros da blogosfera que por aqui têm circulado e demonstrado que vale sempre a pena, desejo deixar apenas duas palavras:

MUITO OBRIGADA!
   
Imagem da net.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PICANTE

"Picante - Histórias que ardem na boca" é um livro de contos de Alice Vieira, Catarina Fonseca, Leonor Xavier, Maria João Lopo de Carvalho, Maria do Rosário Pedreira e Rita Ferro, que se lê de um só fôlego.

Já o referi quando foi lançado, portanto desta vez vou limitar-me aqui a colocar algumas passagens das escritoras. Quem, melhor do que elas, para dar um "cheirinho" deste "Picante"?

"Ensinavam-lhes ainda que a noite de núpcias era sempre uma experiência traumática porque «os homens são violentos por natureza», e que a única maneira de lhe sobreviver e ser feliz era fechar os olhos com muita força e pensar em Nossa Senhora e na pátria." 
Alice Vieira

"Araminta fora corrida - enfim, transferida, que os ricos não são corridos de lado nenhum - do sanatório infantil a alguns quilómetros, no outro lado da montanha, por contar histórias de terror às crianças e ajudar a matá-las mais depressa. [...] Semeávamos o pânico como quem semeia feijão, contou Araminta a Godofredo Honório, apesar de nunca nenhum deles ter alguma vez semeado feijão. Era uma espécie, disse Araminta, de garantia de imortalidade. Aqueles vão-se lembrar de nós para sempre."
Catarina Fonseca

"Entre a bainha da calça preta e a sandália de salto alto, reparei-lhe no traçado do tornozelo. Perfeito. Confesso-me pedólatra, vítima de cegueira súbita e vício de adorador. Sempre que contemplo pé e tornozelo em mulher morena, perco-me e mergulho de cabeça nesta adição."
Leonor Xavier

"A conversa fluía vagueando entre interesses sem interesse, diriam elas: o jogo da véspera, o último modelo da Mercedes, as ações a caírem na bolsa, o ginásio. Almoço rápido a meio de uma quarta-feira de trabalho. sempre o mesmo restaurante, sempre o mesmo prato - cozido à portuguesa. E falavam daquilo que os homens falam, entremeando as carnes com as couves, as batatas com os enchidos, o vinho com as palavras. As mesmas, provavelmente. Falta de imaginação, diriam elas."
Maria João Lopo de Carvalho

"Mas, afinal, de que lhe serviam tantas qualidades se, nos últimos anos, não arranjara um único companheiro com quem pudesse manter uma conversa por mais de um quarto de hora sem ele se referir lascivamente aos seus lábios cheios, às coxas bem desenhadas, aos seios que, até por isso, trazia todos os dias mais escondidos? Estava farta. Farta de burgessos e de passar as noites sozinha."
Maria do Rosário Pedreira

"Tão chic como a casa da Reis Torgal havia só uma, a da Antónia Moreno, com duas entradas distintas: uma, pela rua do Norte; outra, pelo número 53 da Rua das Gáveas, onde o preço variava consoante o acesso. Pelo Norte entravam os marinheiros, cocheiros, carvoeiros e trolhas; pelas Gáveas, fidalgos, magistrados, conselheiros e comerciantes abastados, dizendo-se até que havia edifícios diferentes para uns e outros, o que era falso: tanto pobres como ricos se satisfaziam nas mesmas camas e com as mesmas messalinas, embora a preços distintos e a horários desencontrados."
Rita Ferro

Seis escritoras com estilos de escrita muito diferentes e seis histórias mais ou menos apimentadas, que certamente agradarão à maioria dos leitores. Gostei, evidentemente!

Note-se ainda, como curiosidade, que as quatro primeiras escrevem segundo as regras do novo acordo ortográfica e as duas últimas seguem as da antiga ortografia.

(e desta não se aceitam reclamações de que vos enganei com o título, que já tinha anunciado que falaria do livro depois de o ler, OK? :))  
 

domingo, 27 de novembro de 2011

A TORCER PELO FADO

A primeira vez que tive vontade de ouvir fado, era ainda adolescente. Até então nunca tivera apetência por aqueles trinados que competiam com as guitarras portuguesas e violas, em que pairava no ar um som pungente e nos versos o desalento de amores não correspondidos. Surpreendentemente, ali não havia nada disso: a pequena tasca, numa rua de Albufeira de outras eras, estava apinhada e uma multidão rodeava a porta pretendendo entrar. Não havia silêncio, como manda a tradição! A cada quadra seguiam-se sonoras gargalhadas, partilhadas pelos clientes efetivos e por todos os que estavam no exterior - cantava-se à desgarrada, com humor e brejeirice q.b.! Lógico que me fiquei pela vontade...
  
Uns anos mais tarde, um grupo de amigos que queria mostrar a Lisboa típica a umas turistas irlandesas, convidaram-me para uma noite de fados, desta vez no "Luso". Aquele fado à séria, com mulheres enroladas em xailes pretos, que de cabeça erguida, arremedos dramáticos e voz sonante iam desfiando os seus rosários de amargos destinos? Não me apetecia nada, não conhecia as tais irlandesas nem  mais gordas nem mais magras, recusei com a desculpa que um jantar no famoso restaurante estava fora do meu bolso de estudante. Ripostaram que não, que não íamos jantar mas só petiscar, caldo verde, uns chouricinhos assados e mais umas coisinhas, que saía tão caro como uma boatada e sempre era um programa diferente (ainda pensei: "pois, mas na boîte sempre danço", mas já não tinha como recusar). Preparei-me para um grande frete, mas adorei cada minutinho dessa noite! Comovi-me com alguns poemas e vozes e até dancei... com um rancho folclórico.

Fiz as pazes com o preconceito de "detestar fadunchos", embora ainda pense que grande parte da sua mística se perde fora dos ambientes noturnos e nostálgicos onde ele tem lugar cativo, à media luz, entre alguns petiscos ou umas boas garfadas numa refeição da cozinha tradicional portuguesa, simultaneamente bem regados. Só aí soa bem e "cheira" a Lisboa!

Voltei algumas vezes (poucas) a esses ambientes, em terras algarvias nunca mais lhe vi a cor.  Aliás, a tal tasca deixou de existir há muito e, talvez uns 15 anos depois dessa primeira apetência, encontrámos por lá um grande cartaz à porta de um outro estaminé, anunciando a atuação de uma artista. Não me lembro ao certo do seu nome artístico, mas era qualquer coisa como Lolita Amália, uma "fadista salerosa" que cantava o fado vestida de sevilhana, enquanto dançava salero ou flamenco ao som das castanholas. Rimos até às lágrimas, mas resistimos à "tentação" de assistir ao espetáculo...

Já agora, sabem quem pintou o quadro, não sabem?

Imagem da net, do quadro de José Malhoa, "O Fado" (1910), como todos sabiam. (ADENDA a 28/11/2011, a vermelho)