O entusiasmo pelos livros de Pepetela é recente, com o "grande" Jaime Bunda a abrir caminho, com dois policiais hilariantes, tal como escrevi aqui no ano passado. A Sun já tinha aconselhado a leitura destes "Contos de Morte", que se lêem assim numa penada (94 páginas, com uma letra granjola, qu'é que querem mais?!) e algum dia havia de calhar...
Pelo título pode dar ideia que estes contos são algo tenebrosos e tristes, mas longe disso, Pepetela (nascido Artur Pestana) narra vivências de gente comum, no presente e no passado, com o sentido de humor e o espírito crítico que o caracterizam, onde por vezes também pairam a mesquinhez, a ignorância e a maldade que reside em cada ser humano.
Transcrevo duas citações, só para dar um "cheirinho":
"Faustino ainda não tinha aprendido com os outros colonos que em Portugal se habituavam a ter só gente acima deles e, de repente, caídos em África, descobriram ter muita gente abaixo deles afinal. E exerciam até à exaustão sobre esses deserdados da vida o pequenino poder com que de repente se maravilhavam."
"-Esse país é bué, mãe, esse país é bué!
Dona Fefa bem conhecia os entusiasmos repentinos do filho pelo país, aprendidos nos livros da escola, embora contrariados constantemente na rua. Desta vez ele vinha daí mesmo, da rua, se espantava ainda mais ela por tanto patriotismo. Parou de mexer a colher de pau na panela de feijão com óleo de palma, limpou as mãos ao avental, disse com voz cansada, explica então como esse país é bué, que mentira mais te pregaram? Que não era mentira, não, ele tinha visto mesmo, mãe, petróleo a sair do chão, aí no quintal de Dona Isaura."
Pelo título pode dar ideia que estes contos são algo tenebrosos e tristes, mas longe disso, Pepetela (nascido Artur Pestana) narra vivências de gente comum, no presente e no passado, com o sentido de humor e o espírito crítico que o caracterizam, onde por vezes também pairam a mesquinhez, a ignorância e a maldade que reside em cada ser humano.
Transcrevo duas citações, só para dar um "cheirinho":
"Faustino ainda não tinha aprendido com os outros colonos que em Portugal se habituavam a ter só gente acima deles e, de repente, caídos em África, descobriram ter muita gente abaixo deles afinal. E exerciam até à exaustão sobre esses deserdados da vida o pequenino poder com que de repente se maravilhavam."
"-Esse país é bué, mãe, esse país é bué!
Dona Fefa bem conhecia os entusiasmos repentinos do filho pelo país, aprendidos nos livros da escola, embora contrariados constantemente na rua. Desta vez ele vinha daí mesmo, da rua, se espantava ainda mais ela por tanto patriotismo. Parou de mexer a colher de pau na panela de feijão com óleo de palma, limpou as mãos ao avental, disse com voz cansada, explica então como esse país é bué, que mentira mais te pregaram? Que não era mentira, não, ele tinha visto mesmo, mãe, petróleo a sair do chão, aí no quintal de Dona Isaura."