(vista sobre a cidade, a partir da biblioteca pública)
Para finalizar esta série de posts sobre Amesterdão, devo dizer que recomendo vivamente a cerveja holandesa: muitas e variadas marcas, de excelente qualidade e para todos os gostos - mais fortes, mais leves, etc. E relativamente barata, se compararmos com outros países europeus: por 2,5 ou 3 € servem-lhe uma imperial fresquinha na maioria dos bares.
Em contrapartida, a gastronomia deixa muito a desejar: excessivamente gordurosa, mais à base de fast food, peixes quase inexistentes nos cardápios, batatas fritas em barda (por vezes nem as descascam), pratos vegetarianos de aspeto duvidoso, sobremesas escassas. Especialidade parece que são as panquecas, mas longe de provocarem aquela água na boca a quem se prepara para comer um pitéu. Bom, só mesmo o pequeno almoço do hotel. E os gelados. Independentemente de termos gostado do único peixe e de uma sobremesa que comemos e de termos tentado safar-nos com as carnes argentinas, igualmente saborosas. Até o chinês foi uma desgraça. E tirando as refeições ligeiras de fatias de pizza, hamburguers ou sandoscas, tudo com preços upa upa.
Entretanto, tínhamos umas voltas que ainda queríamos dar, nomeadamente ver a casa de Rembrandt (enfim, uma reconstituição da mesma, com alguns dos objectos do dia a dia que pertenceram ao famoso pintor) e visitar Begijnhof - uma espécie de bairro fechado, onde em tempos se concentrou uma comunidade de monjas católicas, com a sua imponente igreja (que não pudemos espreitar pois estava a decorrer um casamento) e a capela, aparentemente modesta, mas com um interior muito bonito decorado com belíssimos vitrais - local onde também se situa aquela que se crê ser a casa mais antiga da cidade (1528).
Bisbilhotar feiras e mercados também fazia parte do programa, mas Nieuwmarkt foi um desilusão. Já o denominado mercado das pulgas mostrou-se bem mais interessante, com uma série de produtos em segunda mão, de máscaras e vestidos de casamento a discos, de quadros a moedas, até uma obsoleta máquina de escrever vi por lá. Voltámos ainda ao mercado das flores, ai para comprar uns bolbos de tulipas a uma familiar.
Claro está que nos faltava ainda fazer o cruzeiro pelos canais da cidade. E aí, outro dos pontos negativos de Amesterdão: está a abarrotar de turistas, nestes locais mais concorridos as bichas são enormes.
O cruzeiro é muito agradável (o tempo continuava fabuloso) e sabe lindamente descansar os pés das longas caminhadas durante uma horinha. Agora tem um senão: para quem está a contar tirar uma série de lindas fotografias, tire daí a ideia. Os balanços do barco, o Sol a surgir de repente atrás dos prédios, a escuridão quando se passa debaixo das pontes e a própria perspectiva de baixo para cima não ajudam nada. Portanto, curta a paisagem, admire o traçado arquitectónico e os tons de tijolo, bege e castanho com caixilhos brancos das fachadas estreitas dos edifícios, espante-se com os ganchos no topo dos prédios, que servem para fazer entrar os móveis maiores pelas janelas, já que as escadas íngremes e estreitas raramente o permitem. Mas, sobretudo, pasme-se com a descontra dos holandeses, que aproveitam o fim de tarde ensolarado para se sentarem ou deitarem nas margens dos canais a conversar, a namorar, a beber uns copos, ou o três em um.
E não são um ou dois, são montes deles, os da foto são mero exemplo.
Ah, e claro, também vislumbrámos as famosas casas-barco ancoradas nos canais. E uns patos que por ali nadavam, como se estivessem a chapinhar num laguinho de um jardim de bairro...
O Palácio Real, onde a família real holandesa não reside, estando apenas reservado a cerimónias oficiais, e a Nieuw Kerk mesmo ao lado, guardámos para visitar nos últimos dias, já que estávamos ali tão perto. Quer dizer, no palácio não entrámos...
... e na na igreja Nieuw Kerk juntámos o útil ao agradável e aproveitámos para ver a "World Press Photo 2016" que aí estava em exposição.
Durante toda a estadia andámos exclusivamente de eléctrico, um meio de transporte frequente, rápido e cómodo (cujo preço já estava incluído no cartão I amsterdam, bastava validar à entrada e à saída), para quem, como nós, tem alguma dificuldade em andar de bicicleta - mas uma alternativa a ponderar, para quem não tenha. Se bem que já tenha referido os ciclistas tresloucados que galgam passeios se assim lhes convier (sem se preocuparem minimamente com os peões), certo é que a cidade praticamente não tem poluição, o que se nota no ar que respiramos...
Last but not least, fiquei completamente fascinada pela biblioteca pública, e confesso que tive até um bocadinho de inveja: queria ter uma assim em Lisboa!
Reservámos a manhã do último dia para passear pelo Vondelpark (o maior jardim da cidade) e assim observar in loco como os holandeses passam os seus domingos. Com o bom tempo, estavam na sua maioria estendidos ao sol como lagartos, nos relvados junto aos lagos. Ou sentados nas esplanadas. Ou andando de bicicleta ou patins nas imediações.
6 dias e 1453 fotografias depois regressámos a Lisboa, absolutamente encantados com Amesterdão, gastronomia e ciclistas à parte. Ainda nos faltou ver algumas coisinhas? Certamente, o que é sempre uma boa desculpa para um dia voltar lá...