sábado, 29 de junho de 2013

LINGUAREJAR!

Hoje não se fala português... linguareja-se!
Helena Sacadura Cabral

"Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos "afro-americanos", com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado! As criadas dos anos 70 passaram a "empregadas domésticas" e preparam-se agora para receber a menção de "auxiliares de apoio doméstico".


De igual modo, extinguiram-se nas escolas os "contínuos" que passaram todos a "auxiliares da acção educativa" e agora são "assistentes operacionais".

Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por "delegados de informação médica".

E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em "técnicos de vendas".

O aborto eufemizou-se em "interrupção voluntária da gravidez";

Os gangs étnicos são "grupos de jovens";

Os operários fizeram-se de repente "colaboradores";

As fábricas, essas, vistas de dentro são "unidades produtivas" e vistas da estranja são "centros de decisão nacionais".

O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à "iliteracia" galopante. Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes "Conforto" e "Turística".

A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: "Sou mãe solteira..." ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: "Tenho uma família monoparental..." - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade implante.

Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e "terroristas"; diz-se modernamente que têm um "comportamento disfuncional hiperactivo". Do mesmo modo, e para felicidade dos "encarregados de educação", os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, "crianças de desenvolvimento instável".

Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual". (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o "politicamente correcto" marimba-se para as regras gramaticais...)

As pu*** passaram a ser "senhoras de alterne".

Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em "implementações", "posturas pró-activas", "políticas fracturantes" e outros barbarismos da linguagem. E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a "correcção política" e o novo-riquismo linguístico.

Estamos "tramados" com este 'novo português'; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma 'politicamente correcta'."


Imagem da net.
Texto recolhido do facebook, que acredito de ser de sua autoria, mas nunca se sabe...

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A VOZ DE UM POVO

As flash mob têm piada. Pelo menos têm a virtude de pôr um sorriso na cara de quem passa, muitas vezes ensimesmado nas rotinas ou problemas do dia a dia. De alguma forma contribuem para "acordar" as gentes e lembrar que a vida pode ser mais alegre, ainda que momentaneamente.

Não sou grande adepta de fado, se bem que goste de o ouvir nos locais típicos e tradicionais. Mesmo assim, adorava ter assistido a esta castiça sessão, tão à portuguesa, em outubro do ano passado na baixa lisboeta:


UM FELIZ FIM DE SEMANA PARA TODOS!

(Obrigada, Palicha!)
Recebido via mail.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A LÓGICA DOS CONTRASTES!

Em primeiríssimo lugar, segue a identificação dos autores de todas as fotografias que gentilmente me enviaram para o passatempo "Contrastes primaveris", com os respetivos links:

Foto nº 1 - Catarina
Foto nº 2 - Papoila
Foto nº 3 - Luisa
Foto nº 4 - Janita
Foto nº 5 - Graça
Foto nº 6 - Poppy
Foto nº 7 - Maria
Foto nº 9 - Teté
Foto nº 10 - Ematejoca
Foto nº 11 - Rui da Bica
Foto nº 12 - Nina
Foto nº 13 - Tons de Azul

Agradeço a todos a simpática colaboração, tanto a nível de envio de fotografias, como das (várias) tentativas  em identificarem quem as captou. Espero que o passatempo tenha sido tão divertido para todos, como foi para mim!

E assim me despeço com amizade, até uma próxima oportunidade...  (ahn?!? falta qualquer coisa???...)

Ahhh! Não desliguem, não desliguem, falta revelar os grandes vencedores desta maratona... quer dizer, passatempo: 

PARABÉNS, RUI DA BICA e POPPY!
(seguidos de perto pela Catarina, Maria, Nina e Janita) 

A lógica dá muito jeitinho, não dá???

Colagem do Picasa (ou seja, automática, que não me "orientei" com 13 fotografias de formatos e tamanhos diferentes no PicMonkey). 

quarta-feira, 26 de junho de 2013

AFTER DARK - OS PASSAGEIROS DA NOITE

Neste romance, Murakami convida os leitores a serem observadores de uma noite em Tóquio, em que uma espécie de câmara de filmar imaginária segue  os passos de três personagens - Mari, Takahashi e Shirakawa - enquanto, de tempos a tempos, se debruça sobre a cama onde Eri, a irmã de Mari, dorme profundamente. Ou será que está presa nalgum sonho ou pesadelo?

"Aproxima-se a meia-noite, o ponto alto da sua actividade já passou, mas o metabolismo vital que assegura a vida continua a trabalhar incessantemente, produzindo o 'basso' contínuo que reproduz os murmúrios da cidade, um som monótono, sem altos nem baixos, se bem que prenhe de pressentimentos", escreve o autor logo na primeira das 224 páginas. Assim, vão-se sucedendo vários encontros entre Mari e Takahashi, que se conheceram vagamente poucos anos atrás, ambos estudantes mas que não parecem ter muito em comum para além da solidão, ou talvez também a insegurança da juventude. 

Mas na noite citadina cruzam-se outras personagens, como a gerente de um hotel de amor que precisa de ajuda para entender o que aconteceu à prostituta ilegal chinesa que foi espancada e roubada por um cliente, o funcionário sobrecarregado de serviço que perpetrou o crime, o mal encarado motoqueiro que transporta as prostitutas para os serviços ou a empregada de limpeza que foge do seu passado. É uma noite como tantas outras, onde só temos um breve relance da realidade de cada uma dessas vidas, que escondem os seus dramas, angústias, tristezas e incertezas. Embora aparentemente pacífica e sem sobressaltos, como o sono pesado de Eri, esse povoado de fantasmas que apenas se adivinham...

Tal como a Manuel Cardoso - para quem não sabe, vou sempre espreitar se ele já leu o livro e a apreciação que fez - a lenda dos três irmãos que foram ao mar para pescar, mas apanharam uma tempestade e foram parar a uma ilha deserta com uma enorme montanha, referida logo no início, parece-me ser um dos motes do enredo. E em vez de citações, resumo o resto da lenda: Quando chegaram à ilha, um deus apareceu-lhes em sonhos e disse que iriam encontrar três grandes rochedos redondos, que cada um rolaria até onde lhe aprouvesse, e no sítio onde escolhessem parar ali ficariam a viver. "Quanto mais alto subir, tanto mais vasta será a vossa visão do mundo." Mas os rochedos eram grandes e pesados, e depressa o irmão mais novo desistiu da tarefa e ficou junto à praia, onde teria peixe para pescar, desistindo de ver o mundo. Os outros dois continuaram a árdua tarefa de rodar os pedregulhos, mas a meio da encosta o segundo desistiu,  pois teria frutos em abundância para sobreviver, não se importando de não ver grande coisa do mundo. O mais velho continuou a ascensão, embora em condições cada vez piores, mas não desistiu, empurrou o rochedo durante meses até chegar ao alto da montanha. As plantas e animais escasseavam, a alimentação era difícil, a água era a do gelo, "mas não estava arrependido, pois conseguia avistar o mundo inteiro". A lenda também serve de explicação para existir um enorme rochedo num cume de uma montanha numa ilha havaiana. 

É sempre um prazer ler Murakami, mesmo que tenha preferido outros livros do grande escritor japonês, que já há alguns anos é um sério candidato ao Nobel da Literatura. Será que o facto de ter grande sucesso de vendas a nível mundial impede a Academia sueca de lhe entregar o galardão? 

terça-feira, 25 de junho de 2013

OH LUA QUE ESTÁS TÃO PRÓXIMA...

Símbolo de noites românticas, musa de prosas e versos, objeto de inúmeros estudos científicos desde tempos imemoriais, influência decisiva no ritmo das marés, exaustivamente fotografada por fotógrafos profissionais ou amadores e tocada e cantada por músicos de todos os estilos, a Lua é certamente uma fonte de inspiração para quase toda a humanidade.

Especialmente em dias de Lua Cheia, raro é o mês em que alguém se esqueça de a lembrar e/ou  fotografar, homenageando a sua beleza e relembrando as lendas ou mistérios que a envolvem. Mas, há sempre um mas, nem tudo o que se partilha ou publica na net (e ainda mais no facebook) tem fundamento, por mais científicos que possam parecer os sites. Salvo erro, em março deste ano, o entusiasmo com a Super-Lua que se ia ver (ou não, já que março por cá esteve muito nublado) mais próxima da Terra, num fenómeno que acontece apenas de 18 em 18 anos, empolgou uma série de gente a partilhar esses sites pseudo-científicos que a anunciavam. Afinal, a notícia era esta, com dois anos de atraso.

E ontem lá voltou a circular o boato de uma nova Super-Lua, a coincidir com a noite de S. João. Olha, olha, afinal era só de 18 em 18 anos, mas a periodicidade parece que se renovou para de 3 em 3 meses, a nível facebookiano. Claro  que todos os anos  há  um momento em que a Lua está mais próxima da Terra, mas  agora os jornais afirmam que a Super-Lua surge a cada 413 dias. Então como é que ficamos: é um fenómeno raro ou quase anual? E de qualquer maneira a Lua não é sempre linda, é preciso ter o título de Super para gerar tanto fuzué? Talvez aos jornais interesse este tipo de desinformação, porque enquanto a malta anda com os olhos postos na Lua, preocupa-se menos com o que é realmente importante cá na Terra. O que é perigoso, quando associado a uma memória curta...

Bom, mas talvez menos distraído que a maioria, um amigo facebookiano publicou um pequeno texto, que dizia mais ou menos o seguinte: "Aqui em Avis a lua está tão grande, tão grande, que até se vê lá um tipo com uma pá, a gamar a areia." A foto ilustrativa era esta:



Imagens do facebook.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

CONTRASTES PRIMAVERIS

FOTO (neste caso, montagem) Nº 1 - CATARINA

FOTO Nº 2 - PAPOILA

FOTO Nº 3 - LUISA

FOTO Nº 4 - JANITA

FOTO Nº 5 - GRAÇA

FOTO Nº 6 - POPPY

FOTO Nº 7 - MARIA


FOTO Nº 9 - TETÉ

FOTO Nº 10 - EMATEJOCA

FOTO Nº 11 - RUI DA BICA

FOTO Nº 12 - NINA

FOTO Nº 13 - TONS DE AZUL

Então eis a 13 fotografias que me foram enviadas para o passatempo "Contrastes primaveris", pela sua ordem de chegada, cujos participantes foram (numa ordem aleatória, tirada à sorte tipo loto ou bingo): Nina,  Graça, Ematejoca, Carlos Barbosa de Oliveira, Tons de Azul, Janita, Poppy, Luisa, Maria, Catarina, Papoila, Rui da Bica e Teté (esqueci-me de referir que afinal só recebi 12 fotos e que uma delas era minha? Hélas, c'est la vie!)  

Imensamente grata pela colaboração e simpatia de todos os que se empenharam com as suas máquinas fotográficas, telelés ou baús - avisei que não era um concurso para eleger a(s) fotografia(s) que mais gostam (embora, obviamente, cada um possa dar a sua opinião, que suponho que ninguém se ofende!) - repito que no "cardápio" não existem represálias para todos os restantes, que por falta de tempo, disposição ou ambas as coisas preferiram "passar"...

E agora, quem identifica o autor de cada foto? Fácil não será, mas com um bocadinho de paciência (e lógica), lá se chegará. Venham daí os vossos palpites!

FELIZ NOITE DE S. JOÃO! 

ADENDA a 25 de junho de 2013: alguém me enviou via mail a identificação de todas as fotos, às 19h02m; se já há um totalista, quer dizer que todos já podem lá chegar... Vamos ver se ainda há mais! Boa sorte! (ou deveria dizer lógica?)

ADENDA a 26 de junho de 2013: há um novo totalista, que acertou em todas as identificações às 16h38m; desta vez posso dizer que é a Poppy, tal como podem constatar pelos últimos comentários. Dia 27 de junho serão identificadas todas as fotos, bem como o misterioso vencedor deste passatempo de lógica!

ADENDA a 27 de junho de 2013: Identificação e link de cada um dos autores das fotografias. Muito obrigada a todos, once again!

domingo, 23 de junho de 2013

DANC'ISH!

Não sou fá deste género de concursos televisivos em busca de talentos ocultos em indivíduos aparentemente comuns, mas de vez em quando tenho de dar a mão à palmatória. Como à audição de Kenichi Ebina, em "America's Got Talent", um japonês de 38 anos que gosta de dançar. O resultado foi este:


Logicamente, nem sequer vou tentar!

sábado, 22 de junho de 2013

A SALA DE JANTAR

Uma amiga do Clube de Leitura pertence a um grupo de teatro amador, denominado "Ilha d'Artes". Atualmente, a peça que exibem intitula-se "A Sala de Jantar", escrita pelo dramaturgo americano A. R. Gurney em 1982, e que fez sucesso em palcos de maior nomeada.

Fomos ver por amizade e simpatia - sem grandes expetativas - mas acabou por ser uma agradável surpresa! Uma enorme mesa de sala de jantar rodeada de cadeiras é praticamente o único cenário, onde se entrecruzam cenas do dia a dia de famílias de uma alta burguesia em extinção, onde não faltam criadas fiéis à beira da reforma, pais a repreenderem a linguagem, a postura e os sonhos dos filhos, avós ricaças que são alvo das pedinchices dos netos ou o marido que considera que a mulher não deve estudar na mesa que é uma antiguidade, reservada para as (escassas) visitas. 

O que me espantou ainda mais foi a atuação destes atores amadores, que não ficam em nada a dever aos profissionais. E a sua adaptabilidade aos espaços onde atuam, consoante a disponibilidade de auditórios ou pequenos teatros locais, que obviamente exigem alterações na encenação e novos ensaios, para exibições durante 3 dias ou coisa. Para depois passarem ao palco seguinte... 

Desculpem lá, se isto não é carolice e um grande amor ao teatro, não sei o que possa ser!

Imagem promocional do evento, do facebook do grupo.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A PRIMAVERA ACABA NO VERÃO...

A primavera terminou hoje, lá para as 5 e tal da manhã, e com ela termina também o prazo de envio das vossas fotos para o passatempo com o tema "Contrastes primaveris" - até às 23h 59m de hoje (para o meu mail: quiproquo.tete@gmail.com), para quem não se lembrar. E desde já agradeço a boa vontade de todos que já participaram (ou ainda vão participar).

Lamento que a palavra "contrastes" se tenha prestado a alguma confusão - o tema até era para se denominar "Cheirinhos a primavera", mas temi que esse ainda se prestasse a mais, já que toda a gente sabe que as fotografias (ainda) não têm cheiro. "Contrastes" tem um sentido mais lato, até a preto e branco: cor, reflexos, luz e sombra, velho e novo e por aí adiante. Ou seja, até a foto acima, não particularmente bonita e um pouco tristonha, se enquadra(va) no tema... Adiante! 

Bom, mas tal como prometi à Maria a propósito deste post, segue uma musiquinha de verão, que já deu azo a muitas e boas gargalhadas noutros verões. Aqui, até com uma "encenação" cómica (e amadora):

  

 UM MARAVILHOSO VERÃO PARA TODOS!

ADENDA a 23 de junho de 2013 - foram recebidas 12 fotos e acrescentei uma minha; portanto, ao todo serão 13 a ser publicadas na próxima 2ª feira dia 24, resta apenas "adivinhar" quem fotografou o quê. Os nomes ou nicknames dos autores serão enunciados numa ordem aleatória, se bem que as fotos sigam a ordem de entrada no meu mail, como atempadamente foi anunciado a cada um deles. Agradecendo desde já a simpática colaboração de todos, depois pede-se que façam uso das vossas artes divinatórias... A respetiva identificação será efetuada 5ª feira dia 27. Até lá... bons palpites!
   

quinta-feira, 20 de junho de 2013

QUE SORTUDO!

Mas dizem que o verão começa já amanhã. No calendário e com bom tempo!

Imagem do facebook, segundo BD de Charles Schulz.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

PROVAS MANIPULADAS

Donna Leon é uma escritora policial americana, que desconhecia até a Catarina a ter referido num comentário sobre livros policiais. Como amante do género, ao dar uma volta numa livraria, perguntei se tinham algum título da autora. Não tinham, mas que podiam encomendar. Não encomendei. Este ano, munida de uma pequena lista de livros e autores que queria  ler, encontrei vários na Feira do Livro de Lisboa e escolhi um ao acaso.

Em "Provas Manipuladas" uma idosa rica e avarenta é assassinada e a polícia de Veneza tenta prender a principal suspeita, a sua empregada doméstica romena, que se meteu no comboio para regressar à sua terra natal. Assustada com o aparato policial, a mulher foge esbaforida, acabando por ser trucidada por outro comboio. Na sua posse é encontrada uma quantia avultada em dinheiro (700 euros), muito longe do que auferia pelos seus serviços à idosa, pelo que a polícia conclui tratar-se de um roubo que envolveu homicídio. 

Três semanas depois, uma vizinha regressa do estrangeiro e o seu depoimento deita por terra as conclusões policiais: a idosa despediu a empregada da janela, sem sequer a deixar entrar em casa para ir buscar as suas coisas, de modo que foi ela própria a dar-lhe o dinheiro e a levá-la à estação, após assistir à cena e ao desespero da mulher. O tenente Scarpa encara esta nova testemunha com relutância, mas o comissário Brunetti é um ouvinte mais atento. E, discretamente, começa a investigar o caso, com a ajuda de Vianello e Elettra, uma secretária que utiliza métodos de pesquisa nem sempre legais...

246 páginas empolgantes, que me convenceram a ler outros títulos. Curiosamente e segundo consegui apurar via wikipédia, Donna Leon vive há muitos anos em Veneza, mas embora os seus livros estejam traduzidos em várias línguas, ela nunca permitiu que fossem traduzidos para italiano.

Citações:
"Ele sabia o que aconteceria a seguir: a sentença do juiz seria objecto de recurso, tudo voltaria a começar e o processo prolongar-se-ia, com sentenças e recursos, até que o prazo prescrevesse. Brunetti passara toda a carreira a assistir à mesma dança: se se tocasse suficientemente devagar, com pausas frequentes para mudar os músicos, as pessoas acabavam por se cansar de ouvir a mesma música e, quando o tempo chegava ao fim e a música acabava, ninguém dava por isso."

"- Em seguida, era assinado o testamento de última hora, deixando uma coisa ou outra, ou tudo, à Igreja. - A sua voz tornou-se áspera. - Claro que queriam aproximar-se das pessoas, quando estas estavam no fim ou tinham perdido o juízo. Que melhor momento para os depenar?"

terça-feira, 18 de junho de 2013

PODIA LÁ RESISTIR?

Embora nos últimos três meses e picos tenha tirado mais de 2500 fotografias - para experimentar a máquina, o zoom, os ambientes noturnos (ainda não acertei nestes) e tudo o resto - em que cerca de 20% ficaram muito aquém do efeito pretendido (para não dizer beruchas!), nesta breve passeata por terras algarvias decidi também dar algum descanso à máquina. E a mim própria, de caminho...

Claro que mesmo assim tirei algumas. Ia lá resistir à praia mais fotogénica de todo o Algarve? Ainda por cima naquele breve momento mágico e cor-de-rosa do crepúsculo?

Ou às alcachofras silvestres que crescem nas suas arribas e que tão bem contrastam com a vegetação em volta, com o azul do mar ou do céu ou a cor de areia dos rochedos? À conta destas ainda ia sendo mordida por um cão, mas essa já é outra história...

Noutro fim de tarde, também passámos pela praia de Albufeira, que me recorda sempre férias da minha adolescência. Se bem que esteja muito diferente do que era em tudo, exceto no recorte do penedo e das arribas.

As ruas de Albufeira continuam a parecer uma feira, pejadas de roupagem própria para a época balnear, óculos de sol, bronzeadores e havaianas, postais e outros recuerdos para turistas, a par de muito bricabraque. Para todas as bolsas, diga-se. E um número incontável de restaurantes, bares e esplanadas, estes habitualmente mais carotes.

Já alguém visitou o Algarve sem topar com o colorido das múltiplas buganvílias? Pois, embora as plantas também existam noutros locais do país, associamos sempre à zona.

A piscina estava longe da frequência dos meses de verão, de modo que os mais pequenos deixavam os seus brinquedos aquáticos espalhados por ali, era só ir usando quando desse vontade. Nesse aspecto os putos são muito democráticos, não se importam de partilhar os seus pertences com os outros, quando preveem que envolva brincadeira. Nem faltou lá o puto inlgês, loirinho e todo nu, com os braços e as costas a denotarem já um escaldãozito. Que "conversou" animadamente com outro português, mais moreno e bronzeado, mas de calção. Não sei como eles se entendiam, que a alguma distância só lhes via o acenar das cabeças e alguma gesticulação. Pior é que quando crescem são capazes de andar à guerra - por tudo ou por nada -  esquecendo esse entendimento e simpatia mútua...

Nesta curta estadia não deu para ir à "caça" da passarada nos seus habitats costumeiros ou migratórios, mas  este  melro andou a saltitar por perto. Uns cinco cliques depois, lá o "cacei"!

Bom, também não faltaram gaivotas nos arrifes, quer ao anoitecer...

... quer durante o dia. O rochedo é o mesmo embora possa não parecer, a gaivota suponho que não. Certo é que elas poisam muito naquele topo, que deve ter uma vista fantástica da paisagem que o rodeia.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

E ASSIM SE PASSAM SEIS ANOS...

... a navegar no blogger e neste canto. Houve outro anterior, de modo que a presença na blogosfera já vai a caminho dos sete. Mas foi aqui que me senti bem, que interagi com muita gente, que troquei impressões e opiniões com outros bloguistas. Aqui e nos cantos de cada um, bem entendido, que a interação é mesmo assim. Muitos desses amigos iniciais já abandonaram a blogosfera ou mudaram-se para o facebook - cada um sabe de si! Mas outros foram surgindo e as "conversas" virtuais mantém-se até hoje. Quase todos concordando que discordar também faz parte, se a troca de opiniões é sincera. E aprender com outras experiências e vivências nunca fez mal a ninguém... Por mim, continuarei a aprender. Com todo o prazer!

"Ninguém é tão ignorante que não tenha algo a ensinar, nem ninguém é tão sábio que não tenha algo a aprender." - Pascal

A todos os amigos que por aqui passaram ou passam, os meus sinceros agradecimentos. BEM HAJAM!

domingo, 16 de junho de 2013

HÁ IR... E VOLTAR!

Mesmo que a vontade fosse prolongar por mais uns diazitos o doce descanso do fim de semana à beira-mar. E à beira-piscina, diga-se, que sempre tinha a água um pouco mais caliente. Mas a vida é assim, há que ir e voltar, pois as obrigações falam mais alto...

Tenham um resto de bom domingo, se quiserem ao som das vozes de Chico Buarque e de Carminho, num fado canção que descobri por esses caminhos algarvios, via rádio. Quem diria que dois estilos tão diferentes se conseguiriam coadunar tão bem? 


Ah, e já agora relembro que o prazo de envio de fotos para o passatempo "Contrastes primaveris" termina na próxima sexta-feira, para quem ainda quiser participar. Aproveito a oportunidade para agradecer as fotografias que já me foram enviadas, mas até ao momento a participação ainda é fraquinha... E então, como vão esses "clicanços"?

sexta-feira, 14 de junho de 2013

POR OUTRAS BANDAS...

... a recarregar baterias! Um pequeno "treino", antes das férias de verão chegarem realmente. Sardinhas é que ainda só cheirei, que até aqui estão "esgotadas"...

UM EXCELENTE FIM DE SEMANA PARA TODOS!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

SUBJETIVIDADES E PRIORIDADES...


Se gosto da música e da voz de Stacey Kent, também gosto dos desenhos da artista búlgara Mariana Kalacheva, que ilustram o vídeo-clip.

Bem sei que é dia de santo António, o santo padroeiro do povo de Lisboa  - quer dizer, um dos santos padroeiros de Lisboa, já que São Vicente é considerado o mais lendário e associado à simbologia da cidade - e se comemora (ou não?) o 125º aniversário de nascimento de Fernando Pessoa. Mas cada um tem as suas prioridades, logicamente subjetivas, a minha é totalmente dirigida ao meu bom companheiro, amante, amigo, marido e pai do filhote, que também nasceu a 13 de junho, há algumas décadas atrás.  Daí a música e as ilustrações serem-lhe dedicadas... Se bem que espere que alguns amigos virtuais também gostem de uma, outra(s) ou ambas.

Não se pode dizer que não andámos nos treinos das festas populares, mas sardinhas... ainda não provámos!   Talvez as encontremos mais "acessíveis" por outras bandas...

BOM DIA PARA TODOS!
(e bom feriado, para quem o goze!)

quarta-feira, 12 de junho de 2013

DESDE 1867?!?

Apanhado ao acaso, na montra de uma loja lisboeta, este pequeno cartaz com uma frase lapidar de Eça de Queiroz, que infelizmente se mantém atual até hoje e reza o seguinte:

"ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém são nulos a resolver crises. Não têm austeridade, nem a concepção, nem o instinto público, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. A política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?"

Não sei se será de grande consolo para Pedro Passos Coelho e respetivo elenco governamental afinal não estarem assim tão sozinhos. Certo é que a imagem que nos fica na retina - ao fim destes dois anos de desvarios ministeriais e contestações populares, organizadas ou espontâneas - é muito semelhante à deste cartoon de Henrique Monteiro, do blogue HenriCartoon:


(um desperdício, até, usar tomatinhos tão luzidios!)

terça-feira, 11 de junho de 2013

LIVROS E MAIS LIVROS...

Há quase um mês que comecei a ler um livro e ainda não o terminei. Por múltiplas e variadas razões - nem todas agradáveis - não pelo livro em si. Não tenho prurido nenhum em devolver à estante um livro que me chateia ao fim de 30 ou 40 páginas. Mas detesto deixar um a meio, quando a leitura foi interrompida por outros motivos e depois perco o fio à meada... 

Entretanto, ao rearrumar parcialmente a minha estante, descubro que tenho de lhe dar uma grande volta (e, de caminho, uma limpeza para lá do superficial!). Certo é que bibelots, velas, fotografias, pequenos recuerdos e prendinhas dos miúdos quando eram pequenos têm de marchar. Para onde, é que ainda não sei.

Resumindo: antes que os livros portugueses, ingleses, europeus de um modo geral, americanos, asiáticos e dos PALOP inventem mais uma guerra para ocupar "territórios", há que me armar em dura, sacudi-los a todos, subir e descer escadote, limpar o espaço que os vai acolher de volta e reorganizar (quase) todos novamente. Guerras na estante cá de casa... é que não!

Para já, garantido é que vou trocar de livro. A árdua tarefa bibliotecária, vai levar o seu tempo...

segunda-feira, 10 de junho de 2013

CAMÕES SAIU À RUA!

"Os Lusíadas - para toda a família" é uma obra concebida e executada por artistas de rua, vulgo graffiters, num extenso muro da avenida da Índia, em frente ao museu da Eletricidade.

A visibilidade do trabalho é reduzida para quem lá passa de carro, semi-camuflado por algumas árvores e arbustos, e suponho que igualmente para os residentes nas imediações, já que sendo via rápida só se atravessa para o outro lado em locais específicos.

Como a curiosidade mora aqui todos os dias, lá fomos espreitar. E fotografar. O dia estava cinzentão, mas não deixou de contrastar com o mural, como bem se nota.

Em pequena li "Os Lusíadas - contados às crianças", mas o texto original - por sorte ou azar? - nunca foi de leitura obrigatória no meu tempo de liceu. Quer dizer, foi para os alunos do ano anterior, no ano seguinte não sei, mas voltou a ser pouco depois.

Pessoalmente considero uma sorte, não só por ser avessa a leituras obrigatórias de textos de antanho, mas porque na época os professores o escolhiam sempre para exercícios, testes e exames gramaticais. Do ponto de vista de um aluno adolescente, há lá coisa mais chata que dividir orações n' "Os Lusíadas"?

Com a grande vantagem de ter apreciado os sonetos de Camões com muito mais gosto e vontade. Há "amores que ardem sem se ver"...

Apesar do parco conhecimento do grande feito de Camões - em miúda julgava que ele tinha vindo a nado da Índia até Lisboa, com um braço no ar para salvaguardar o seu livro - deu para perceber que o mural regista os episódios mais marcantes.

Imagino que seguindo cronologicamente o ritmo do livro, mas suponho que não exatamente correspondente a cada canto.  

Ah e tal, mas assim não é muito didático? Pois não será, mas os artistas de rua não têm de se substituir aos professores... O que não quer dizer que não incentivem mais a curiosidade dos moçoilos, do que professores  antiquados a insistirem na divisão de orações nos seus X cantos (se ainda os há!).


O mundo é assim sempre composto de mudança. mudando-se os tempos e as vontades, o ser e a confiança, tomando sempre novas qualidades, já referia o poeta nos seus versos. 

MAR e RAM foram os autores deste mural coletivo, que optaram por assinar com o tag ARM Colective 2013. Um modo original de dar a conhecer a grande obra de Camões, mais próxima dos jovens e do imediatismo dos dias que correm. Mas sem dúvida também um graffiti de grande fôlego, que considerei adequado para marcar o dia de Camões e de Portugal, que hoje se celebra.

BOM FERIADO E DIVIRTAM-SE!