Mais uma sessão do Clube de Leitura, desta vez com o último livro de Joanne Harris publicado em Portugal: "Uma questão de honra".
A história decorre no tradicional colégio de St. Oswald, onde um novo diretor e a sua equipa preparam mudanças que, para alguns professores da velha guarda, são demasiado radicais: admissão de raparigas, novas tecnologias, reduzir o tempo de aulas, como o Latim, e conceitos de psicologia mais modernos. Um dos professores que não está nada agradado com estes novos ventos é precisamente o velho professor de Latim, Roy Straitley, que vê a sua posição b sempre contestada por esta nova equipa, liderada por Johnny Harrington, um ex-aluno seu em 1981, com o qual embirrava particularmente, pois passava a vida a fazer queixinhas aos pais (e estes à escola). O pior é que está toda a gente fascinada pelo diretor, só Straitley parece saber ler o que lhe vai na mente mesquinha. E desconfia que não é nada de bom: "Mas as pessoas raramente mudam nos aspecto essenciais, apenas na crescente sofisticação dos seus vários disfarces."
Pessoalmente, adorei o livro, Como escrevia uma das minhas companheiras, tem uma grande reviravolta a meio com piada, o ambiente do colégio está muito bem caracterizado nas diversas fases, a personagem do velho professor está bem caçada, as mudanças temporais exigem que se tenha alguma atenção, para não nos confundirmos. Como aconteceu com outra das nossas companheiras, que ainda não o acabou, mas diz não estar a gostar - a meio da discussão percebemos que não estava a perceber patavina do que estava a ler. Mas também quem é que se lembra de ir ler um livro destes, em simultâneo com outros dois, um deles o último da Ferrante em inglês?!? Não foi a única, outra também considerou o livro um pouco confuso. Mas pronto, no geral a malta gostou. Eu aproveitei para encomendar o livro anterior (outra história, que se passa no mesmo colégio, imagino que apenas com a personagem principal do professor), que estava em promoção na FNAC...
E sim, trata-se de uma fase muito diferente da de "Chocolate", de "Sapatos de Rebuçado" ou de "Cinco Quartos de Laranja". Aí todas concordámos! Mas se ela escrevesse sempre a mesma coisa, qual era a graça?
CITAÇÕES:
"[...] comportamentos que lhes teriam merecido uma repreensão, um castigo ou até uma régua naquele tempo, foram agora identificados como sinais de dificuldades de aprendizagem, hiperatividade, dislexia ou Deficit de Atenção (aquilo a que nós, nos velhos tempos menos compreensivos, chamávamos Falta de Atenção) todas as condições que exigem um tratamento sensível em vez de um chuto no rabo. " (pág. 51)
"Ele vê a aproximação da reforma com o entusiasmo desenfreado do capitão do Titanic quando avistou o icebergue pela primeira vez." (pág. 376)
"A história - disse - não é mais que a versão contada pelo lado que tem melhores registos. São os vencedores que escrevem os livros de história. Os vitoriosos pintam a verdade." (pág. 479)
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A próxima reunião terá lugar no dia 25 de Março, com o título "Deixei-te ir", de Clare Mackintosh.