sábado, 31 de outubro de 2009

BRUXEDO!

Fotografia de Ian Britton

Foi certamente por bruxedo que o Dia das Bruxas* se continua a comemorar até hoje, nas sociedades ocidentais, particularmente nas de origem anglo-saxónica. Uns afirmam que a tradição advém dos antigos povos celtas, que comemoravam nesta data o último dia do ano, o final da época das colheitas e, simultaneamente, o dia em que os mortos regressariam para assombrar os vivos. Daí as oferendas e os símbolos aterradores, que teriam a função de afastar esses fantasmas.

Contudo, crenças medievais acreditavam que as bruxas se reuniam com o Diabo num cerimonial de danças e folias, para prestar homenagem ao "Príncipe das Trevas" e obter novos unguentos mágicos. Sabe-se que o medo dessas criaturas diabólicas levou o papa Inocêncio VIII a encarregar a Inquisição de descobrir e eliminar as bruxas. Assim, durante os séculos XV a XVIII, muitas mulheres pereceram nas fogueiras, acusadas de bruxaria, tendo como base da acusação o livro Malleus Maleficarum (1487), da autoria dos inquisidores H. Kramer e J. Spranger. Se por um lado se visava acabar com influências pagãs, por outro pagavam-se prémios aos denunciantes e a condenação permitia a confiscação dos bens das condenadas, o que, evidentemente, era um incentivo para as múltiplas denúncias. Embora a Igreja não tivesse aprovado o livro (posteriormente incluído até no Index - lista de obras proibidas), a descrição dos disfarces e rituais da bruxaria que nele constavam levou a que inquisidores e juízes baseassem aí as suas acusações. Aliás, sinais ou manchas de pele e outras marcas físicas eram provas de culpabilidade...

Mais recentemente, entre 1950 - 1954, nos EUA o senador McCarthy desencadeou um processo em tudo semelhante (enfim, sem a queima na fogueira, lógico!), só que o alvo da perseguição sistemática já não eram as bruxas, mas sim comunistas e simpatizantes. Há histórias na História que se parecem repetir ciclicamente!

Mas se a tradição de festejar o dia das bruxas se mantém - até exportada mais recentemente para outros países do mundo - é porque elas devem existir, não é?

Com ou sem bruxas, com ou sem fantasmas, mas preferencialmente sem sustos, tenham um...

ÓPTIMO FIM-DE-SEMANA!

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* "Moderna Enciclopédia Universal", do Círculo de Leitores, e Wikipédia.


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

HELP?!

Fotografia de Ian Britton

O maridão andava a queixar-se de uma dor no pescoço persistente, a tomar analgésicos, até que no fim-de-semana passado fomos ao Centro de Saúde para tentar resolver o problema. A médica ouviu-o atentamente, diagnosticou uma contracção muscular, deu-lhe dois valentes apertões no pescoço, receitou-lhe outros comprimidos e uma pomada. Saiu do consultório mais aliviado da dor - embora tivesse "visto estrelas" lá dentro, segundo contou - ainda brinquei que, se precisasse, também lhe apertava o gasganete. Má ideia!

Ontem voltou a queixar-se! (óbvio que os medicamentos nem sempre actuam tão rápido como desejaríamos...) Ai! É que nem pensar em experimentar essa técnica de apertões. Num flash, passaram-me vários títulos pela cabeça:

Nos jornais: "Mulher estrangula marido!" (e, em letras bem minúsculas, "para lhe tentar aliviar uma dor no pescoço...")

Nos blogs: "Teté mata maridão!" (acidental para uns, ao "ela nunca me enganou" para outros, assunto com pano para mangas...)

No facebook: "A Maria que esganou o marido já não está adicionada como amiga!" Sem mais!

Coitado, se continuar assim vai ter de voltar ao Centro de Saúde, para mais um "tratamento", que dispenso bem esses minutos de fama...



post-scriptum - estes cortes de cabelo "à tigela" ainda têm a sua piada, cerca de 40 anos depois, não têm?!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

SABORES DE OUTONO

Fotografia de Ian Britton

Saio de casa num fim de tarde de temperatura amena. As árvores ainda mantém os tons verdes ou em amarelos mais desmaiados, o vento não se faz sentir, mas, misteriosamente, uma ou outra mais acastanhada baloiça serenamente no ar, até aterrar gentilmente no solo atapetado por antigas companheiras de veraneio. Mais distante, o arvoredo de Monsanto assemelha-se a um quadro impressionista, pontilhado por todas as cores dessa paleta, envolto num ténue nevoeiro rosado. Embrulho-me no casaco de malha num gesto maquinal, como se tentasse evitar que as minúsculas gotículas de humidade tocassem a minha pele. Inútil, porque não está frio nenhum! Ao virar a esquina descubro de onde vem aquela estranha tonalidade que paira no parque florestal: uma enorme nuvem salmão ainda reflecte o sol que já não se vislumbra.

Dirijo-me à praceta habitual, o movimento é praticamente nulo comparado ao da véspera, onde soavam as sonoras gargalhadas do pessoal devidamente equipado de vermelho para assistir ao jogo, numa adega que dá pelo caricato nome de "Boa Pinga"! O comércio local está quase estagnado por aquelas bandas, algumas lojas foram convertidas em armazéns ou escritórios. Na padaria a padeira entretém-se a bordar uma tapeçaria (a vida está difícil para todos...), duas mulheres palram entre elas, atrás do balcão um homem sem vários dedos de uma mão atende a clientela (até me habituar, tentava ajudá-lo a fazer o nó nas pontas do saco plástico, mas ele consegue sozinho!), enquanto um FZZZZ assinala que mais uma mosca foi fulminada, por um aparelho eléctrico com uma luz azul intensa.

De regresso a casa relembro os ingredientes para o arroz de peixe do jantar, decido parar num recente mini-mercado para comprar salsa e coentros frescos, que sempre conferem mais paladar que os congelados. Já de volta aos tachos e panelas - à séria, que preciso trocar a lâmina da Bimby - vou saboreando um cálice de vinho do Porto, que parcialmente aromatizou as maçãs que assam no forno, enquanto pico cebolas, alhos, pimentos, tomates e os restantes temperos para um refogado que vai espalhando os seus vapores e odores pela cozinha...

Adoro o Outono, com todos os sentidos! Se não mencionei a chuva e os pling-pling nas persianas, o saltar-as-pocinhas como em criança (pronto, OK, aí às vezes também pulava dentro delas!), o cheiro a terra molhada, o crepitar da lenha nas lareiras, o aroma e o paladar das castanhas assadas nas ruas, o sabor reconfortante dos chocolates e bombons de ginja, foi porque não calhou neste cardápio...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

AJUDEM O PERU, PÁ!

Enquanto a malta anda aí entretida a falar do novo governo, da vacina da gripá, das goleadas do Benfica (eheheh...), das alterações ao FB, das praxes que correram mal no Colégio Militar, para nem sequer mencionar "o caso da semana passada" (que já enjoa!), ninguém se lembra do coitado do peru, que anda numa estafa de emagrecimento... para salvar o pescoço?

Que falta de sensibilidade, pá! Falam, falam, falam dos direitos dos animais queridos e fofinhos, mas quando toca a galináceos ninguém faz nada?!

Ilustração recebida por mail.
(Obrigada, Inês!)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

À DISTÂNCIA DE UM "CLIC"...

Não costumo entregar-me a perguntas ociosas sobre qual será o futuro da informação no mundo! Mas ontem, por acaso, vi a parte final de uma entrevista dedicada ao tema, na SIC Notícias - suponho que no programa "Sociedade das Nações". Concordei com a opinião do entrevistado (um perito americano, do qual me escapou o nome), que a tendência será a do jornalismo 'on-line' e televisivo, em detrimento do velho jornal ou revista de papel. E não, não por defesa das árvores (embora elas certamente agradeçam!), mas devido à necessidade cada vez mais premente de actualização.

Segundo ele, o actual excesso de informação de fontes nem sempre credíveis ou isentas (blogs, sites e afins), conduzirá à criação de grandes empresas de comunicação, em várias línguas, que editarão apenas as notícias consideradas relevantes para a população, com o profissionalismo adequado. O que, do meu ponto de vista, acarreta várias vantagens e desvantagens à partida. Mas como esse tipo de jornalismo ainda vai demorar alguns anos a ser único, também não vale a pena matar a moleirinha com essas preocupações...

O que o perito não mencionou foi a falta de credibilidade de alguns jornalistas, no activo. Assim, um dia destes, ao folhear uma revista cor-de-rosa no cabeleireiro, deparei com uma pequena notícia que assinalava que Herta Müller foi "a segunda mulher a ganhar o Nobel da Literatura". Como é que é?! Só neste século já é a terceira, depois da austríaca Elfriede Jelinek (2004) e da inglesa Doris Lessing (2007). E as restantes oito do século passado?! Caraças, bastava um "clic" para não escrever tamanha bacorada!

(quer dizer, há "clics" e "clics", que os PCs domésticos têm personalidade própria, de vez em quando começam a pedir compactações, desfragm... deffrag... sei lá, uma cena dessas, empandeirando no entretanto... ai, ai!)



Fotografia de Pearl S. Buck (uma das minhas escritoras preferidas na adolescência, Nobel da Literatura em 1938), da net.

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PARABÉNS, LOPESCA! :)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

PRÉMIOS DE OUTONO

Estive para intitular este post de "Qué vergüenza", mas desisti, dada a minha dificuldade com o "espanholês", que aliás nem tento falar, para a vergonha não ser ainda maior. Já contei a dificuldade que passei num supermercado andaluz a tentar comprar pão ralado?! As moças bem percebiam o "pán", mas já o ralado, moído, triturado, em pó ou todos os sinónimos que me vieram à cabeça, nem por isso. Bom, também é possível que estivessem chateadas com qualquer coisita lá do trabalho (e o cliente é que paga, né?), porque afinal não era assim tão diferente: "rallado" (com som de "ralhado")! Adiante...

Mas a vergonha vem destes prémios já me terem sido atribuídos há um tempão e de nunca mais me ter lembrado de os publicar. Que distribuo a todos os companheiros bloguistas 'linkados' na faixa lateral, como de costume! O do abraço das letras veio da Lopesca (do blogue com o mesmo nome) e este, de início de Outono, da Licas (do blogue "Licas - Ontem e Hoje"). Obrigada, amigas!

Este último contém ainda o requisito de explicarmos por que é que gostamos ou desgostamos do Outono. Fácil, mas reservo para outro dia, em que esteja mais virada para a poesia (em prosa, obviamente!) - prometo que será dentro em breve, Licas! Na verdade o post já vai longo e ainda pretendo publicar uma música condizente...



PARA TODOS, UM EXCELENTE FIM-DE-SEMANA... OUTONAL!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A COLHEITA DOS MIRTILOS...

Um dia destes, numa happy hour de petisqueira com umas amigas e a propósito do Facebook, uma mencionou que tinha uma grande quinta. "Ahn?" exclamou outra, mais distraída das lides informáticas. Ah, que era um jogo muito giro e divertido, que começara num lote de terreno, que plantara e colhera, arranjara uns animais que alimentara, trocara e vendera, o negócio correu de vento em popa, agora possuía um latifúndio - virtual, note-se, que na vida real a lavoura não rende tanto assim...

"Então a que se deve tamanho sucesso no 'Farmville' (o dito jogo)?", indagam os espíritos mais inquiridores. (OK, a curiosidade não deve ser grande, mas explico à mesma!) Muita abnegação e empenho! De tal forma que uma noite, quando se ia deitar, lembrou-se que não tinha efectuado a colheita dos frutos maduros. Perder o lucro da sementeira? Ná, fora de questão! Mesmo com a Internet avariada em casa, lá foi tóc-tóc-tóc (não sei se de portátil debaixo do braço... ihihih!), a um local próximo e adequado para cumprir as suas obrigações de boa agricultora!

Há vícios tramados...

Fotografia da net.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

ATEUS CONVICTOS!

Ateus convictos existiram e existem muitos, Saramago é um deles. O que não é novidade para ninguém. Na recente apresentação do seu novo livro, "Caim", prestou algumas declarações que indignaram a Igreja Católica e até a comunidade judaica. Por acaso, vi num noticiário televisivo a prestação dele e a dos representantes religiosos, que o acusaram de ignorante e de mais uns quantos epítetos desagradáveis. Ainda me ri: no fim de contas é uma publicidade gratuita, que lhe deve dar jeito!

De todas as frases bombásticas que pronunciou, retive apenas duas, em que referia mais ou menos o seguinte:

- A Bíblia não é um texto único, foi sendo reescrita ao longo dos séculos, consoante os poderes do momento - confesso que com esta concordo inteiramente, era impossível alguém hoje em dia aceitar os ensinamentos morais de há 2000 anos atrás! (aliás, para quem tenha boa memória, ainda há um ano ou dois o novo Papa resolveu acrescentar mais uns quantos pecados mortais à lista dos 7 já existentes, os actuais são 13!);

- "Deus fez o mundo em seis dias e ao sétimo descansou... até hoje! Isto faz sentido?!" - certamente bastante mais controversa.

Curiosamente, na semana passada só se falava na tal actriz brasileira, nesta o caso Saramago é que gera polémica (antiguinha, que não é a primeira vez que se assume como ateu)! O escritor não está, nem nunca esteve, sozinho, desde John Lennon a Freud, de Hitchcock a Marie Curie, de Picasso a Sócrates (o filósofo), até aos mais recentes Gorbachov ou Woody Allen, Chico Buarque ou Bob Geldorf, Bill Gates ou Angelina Jolie, ateus famosos não faltam no mundo. Quem diz que não tiveram ou têm direito a divulgar a sua própria opinião?!

Enquanto a malta está entretida com estas celeumas (ou "tempestades num copo de água"?), passa assim meio despercebido um relatório anual da OIT (julgo que era essa a organização), que indica que o fosso entre ricos e pobres está a crescer em Portugal. Assim naquela desproporção de 1 para 15 €. Nem a UE nos safa dos lugares finais... em valores declarados, logicamente!!!


Fotografia da net.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

ATRAIÇOADA...

... é como me sinto após ler este livro, que nem sei como me veio parar às prateleiras! Em abono da verdade, não o li todo de "fio a pavio", porque alguns pontapés na gramática são sobejamente conhecidos.

Lauro Portugal - pseudónimo de um ex-seminarista, ex-bancário, músico, jornalista, escritor, poeta, professor e sei lá mais o quê (segundo a contracapa do livro e a net) - esmiúça as calinadas que vários jornalistas, escritores, políticos, professores universitários, humoristas, cantores e restantes artistas da nossa praça dão com maior frequência, na linguagem escrita ou oral. Mesmo que a pretensão seja digna e o tom irónico, convenhamos que é necessária uma certa arrogância para andar a corrigir palavras alheias...

A Gramática Portuguesa sempre foi uma velha inimiga figadal... ai ... fidagal (mais correcto, embora também me indisponha o fígado) desde os tempos de escola e a dor de cabeça com o que - integrante ou relativo? -, plurais que me punham aos papéis e outras regras que tais, mas tento escrever e falar o melhor que sei e posso! Mas lapsus linguae (um palavreado em latim, para referir 'lapsos da língua' dá sempre jeito, certo?) acontecem a todos, não é?

A partir do momento em que vislumbrei o nosso país mudo e quedo, em que só três ou quatro vozes impolutas de erros gramaticais se podiam fazer ouvir ou ler, desisti! Por muitos assuntos relevantes que Lauro Portugal, Agustina Bessa-Luis, Edite Estrela ou Inês Pedrosa, entre outros intelectuais não explicitados, pudessem ter, já viram o tédio?!

"Em boca fechada não entra mosca", mas é preferível engolir algumas... e manter a comunicação!!!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

LONGE DA TERRA QUEIMADA

"Longe da Terra Queimada" (com o título original "The Burning Plain") conta com realização e argumento do mexicano Guillermo Arriaga e Kim Basinger, Charlize Theron, Joaquim de Almeida, José Maria Yazpik, Jennifer Lawrence, JD Pardo e Tessa Ia nos principais papéis. Neste drama, Arriaga cruza várias histórias no tempo e no espaço - tal como anteriormente em "Babel" e "21 gramas", por exemplo, em que também assina o argumento - levando o espectador a "construir" o filme, como se de um puzzle se tratasse.

À partida, Sylvia aparenta ser uma mulher fria e segura no seu trabalho de gerente de restaurante, sem qualquer ligação com as relações adúlteras de Gina e Nick, ou os jovens adolescentes que vivem um amor proibido, ou Maria, a menina de 12 anos que assiste ao acidente da avioneta pilotada pelo pai. Contudo, a ligação existe e torna-se bastante previsível numa fase quase inicial...

Gostei, embora me pareça longe do genial! A previsibilidade já é "terra queimada" há muito tempo, aqui faz falta o factor surpresa!

Aviso ainda que o trailer contém cenas reveladoras do final do filme, pelo que não recomendo o seu visionamento a quem tenha interesse em assistir à projecção:




Fotografia da net.

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PARABÉNS, LEONOR! (com um dia de atraso, aqui, mas sempre um voto sincero!)

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

DIAS DE FESTA!

Fotografia de Ian Britton

A minha sogra faz hoje 90 anos! Por imperativos da vida profissional dos familiares mais próximos, a festa só terá lugar amanhã, num ambiente que se pretende calmo e sereno - como convém a uma senhora já com algumas limitações - mas ainda assim divertido.

Quem não cabe em si de contente e satisfeito é o filhote, pois a lista que preside ganhou as eleições escolares com maioria absoluta! E, para comemorar, foi para a noite lisboeta... Vamos lá ver se se aplica igualmente no estudo!

Com ou sem festas, tenham...

UM ÓPTIMO FIM DE SEMANA!

BLOGGERS CONTRA A POBREZA

Manifestamos que:

1. A pobreza e a exclusão social não são uma fatalidade, mas antes o resultado de um mundo injusto e desigual e não se resolvem apenas com sobras ou gestos de generosidade esporádica. As causas da pobreza e da exclusão social só podem ser eliminadas modificando os factores económicos, sociais e culturais que geram e perpetuam as condições favoráveis a elas. A pobreza é um atentado aos Direitos Humanos, que deve ser erradicada em todos os países;

2. A campanha Pobreza Zero luta contra as causas estruturais determinantes da pobreza e da exclusão social, e desafia as instituições e os processos que perpetuam a pobreza e a desigualdade no mundo. Trabalhamos pela defesa dos direitos humanos, pela equidade de género e pela justiça social;

3. O mundo em que vivemos é um mundo de abundância e nunca como hoje foi tão possível erradicar a pobreza – nunca houve tantos recursos financeiros e tecnológicos disponíveis que permitam erradicar para sempre a pobreza extrema do nosso planeta. Deve também reconhecer-se que a pobreza em Portugal, tal como a nível mundial, não é devida à falta de recursos. O problema reside no facto de a pobreza continuar a ser vista como uma questão periférica, pretensamente resolúvel por políticas e medidas periféricas e residuais;

4. Na nossa acção queremos pressionar os governos para que erradiquem a pobreza, diminuam drasticamente as desigualdades e alcancem os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

Pedimos:

* Prestação pública de contas, governação justa e o respeito pelos direitos humanos;
* Justiça no comércio global;
* Aumento substancial na quantidade e na qualidade de ajuda (0,7% do RNB até 2015) e no financiamento para o desenvolvimento;
* O cancelamento de dívidas dos países mais pobres e de rendimento médio;
* A tomada de medidas politicas que visem a mitigação das alterações climáticas, de forma a que os países poluidores paguem os danos causados no meio ambiente;
* O apoio internacional à concretização de medidas de adaptação às alterações climáticas, nos países e comunidades mais vulneráveis, com recursos adicionais aos da ajuda pública ao desenvolvimento;
* O fim dos bloqueios culturais e comportamentais que a pobreza persistente gera nos pobres, comprometendo a sua capacidade de vencer a situação e de utilizar os meios postos ao seu dispor;
* Integrar, nas diferentes políticas públicas, objectivos, estratégias e instrumentos que visem a remoção das causas estruturais da pobreza e da exclusão;
* Promover a mudança de mentalidade dos não-pobres, superando preconceitos acerca da pobreza e suas causas e estimulando comportamentos mais solidários;
* Que a equidade de género seja reconhecida como elemento central na erradicação da pobreza.

Por isso agimos, mobilizando a sociedade civil, para que, unida nesta luta, pressione o governo português e as instituições poderosas para que:

» Incluam nas suas agendas o objectivo da erradicação da pobreza no mais curto período de tempo;

» Adoptem níveis salariais, pensões e prestações sociais mínimas que não fiquem aquém do limiar da pobreza e aumentem a eficácia e eficiência das transferências sociais e demais políticas sociais;

» Reduzam drasticamente as emissões de gases de efeito de estufa e proporcionem recursos adicionais (para além dos 0,7% do RNB) para o apoio a países em desenvolvimento;

» Acabem com os conflitos armados, ocupações, guerras e as violações sistemáticas dos direitos humanos que as acompanham, e trabalhem com vista à desmilitarização de modo a assegurar a paz e a segurança humana;

» Todos os governos prestem contas aos seus povos e tenham transparência no uso dos recursos públicos, desenvolvam estratégias anti-corrupção pró-activas e consistentes com as convenções internacionais;

» Protejam jurídica, física, social e economicamente os direitos das crianças, incluindo as crianças afectadas por conflitos e/ou catástrofes e carentes de acesso a serviços públicos de qualidade;

» Garantam o direito à informação e à liberdade de expressão, incluindo a liberdade de imprensa e de livre associação;

» Assegurem a participação da sociedade civil nos processos de orçamentação;

» Assegurem serviços públicos universais e de qualidade para todos (saúde, educação – incluindo a alfabetização de adultos – água e outros);

» Promovam regras de comércio internacional e políticas nacionais de comércio que assegurem modos de vida sustentáveis, os direitos das mulheres, crianças e povos indígenas, conduzindo à erradicação da pobreza;

» Garantam um aumento substancial na qualidade e na quantidade de recursos necessários para a erradicação da pobreza, a promoção da justiça social, a realização dos ODM, a equidade de género e a garantia dos direitos das crianças e dos jovens;

» Revertam a fuga de capitais dos países pobres para os países ricos, identifiquem e repatriem os activos roubados, por meio de acções contra paraísos fiscais, instituições financeiras, multinacionais e outros actores que facilitem esse processo.

Pretendemos mobilizar o máximo de pessoas possível, de modo a mostrar o poder da sociedade civil unida na luta por uma causa global e solidária. É preciso pôr um fim à pobreza. Juntos somos capazes de acabar com a pobreza!

Junta-te a nós!



quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CIGARRAS E FORMIGAS HÁ MUITAS!

Elas eram amigas desde os bancos de escola, mas o modo de vida separara-as: enquanto a formiga trabalhava infatigavelmente durante todo o Verão, a cigarra cantava!

Quando chegou o frio do Inverno, a formiga encafuou-se no seu formigueiro, a comer a paparoca armazenada durante a sua longa labuta estival. A cigarra ainda lhe bateu à porta em busca de abrigo e de alimento - como era seu costume naquelas épocas de invernia - mas desta vez ela nem se dignou atender, refastelada no sofá e entretida a ver programas televisivos de alto gabarito cultural. O da Júlia Pinheiro, por exemplo...

Sem admiração, no Verão seguinte constatou que a cantarolante cigarra desaparecera das redondezas. Existiam outras, mas nenhuma delas com a mesma voz maviosa da antiga companheira. Arrependeu-se, vagamente, mas logo voltou à sua faina habitual. Curiosamente, os fardos pareciam-lhe cada vez mais pesados.

Um dia, já velhota e amargurada por uma despensa desfalcada - as formiguinhas mais jovens e dinâmicas tascavam sempre primeiro os pedaços mais apetecíveis - a deitar contas ao racionamento que teria de fazer naquela estação, assustou-se com o retinir do telefone, que raramente tocava. Mas o espanto maior foi ouvir a voz da cigarra do outro lado do fio. "Onde é que tu estás?" - perguntou, com receio de ser um chamamento do outro mundo. E tinha uma certa razão, pois a outra respondeu-lhe, com uma gargalhada: "Em Hollywood, where else?" E, logo de seguida, veio o convite para a visitar na sua grandiosa mansão. "As minhas parcas economias não me permitem essas férias!", adiantou, com um misto de orgulho ferido e de inveja. Mas a cantora lá a convenceu e ela partiu para os States, nas asas de um pássaro que cobrava menos migalhas!

Não voltou! As duas retomaram a velha amizade, decidindo que há cenas do passado que mais vale a pena esquecer...


Imagem da net.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

COM MUITA IMAGINAÇÃO...


OK, não é a minha, mas a deste clip, que a tem de sobra...


Nota - aproveitar imaginações alheias é plágio?!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

CANOAS DO TEJO

António Costa e a sua equipa venceram as eleições autárquicas da Câmara de Lisboa, por maioria absoluta, resultado que só foi conhecido oficialmente por volta da uma e picos da manhã. Não será necessário ser analista político ou aparentado, para perceber que esta votação dos lisboetas não coincide exactamente com as suas próprias convicções políticas: "do mal, o menos" terá sido o sentido da escolha dos cidadãos, por amor à sua cidade!

O futuro dirá se o actual presidente ficou com a noção de que a vitória não se deveu apenas a mérito próprio...



A política não me interessa por aí além. Mas a minha cidade sim, hoje e sempre!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

EM PLENA CAMPANHA...

Fotografia de Ian Britton

Julgava que o clima eleitoral acabava já no próximo Domingo, mas enganei-me redondamente! Aliás, a minha própria casa virou sede de campanha, com gente a entrar e a sair a todo o momento.

Não acreditam? É verdade: o filhote resolveu candidatar-se a presidente de uma lista lá da escola que, entre outras funções, tem como objectivo organizar as festas de angariação de fundos para a viagem de finalistas, bem como programar a mesma. A campanha só começa para a semana, mas ele e os companheiros de lista têm andado numa roda-viva. Enfim, podia ter-lhes dado para pior...

ÓPTIMO FIM DE SEMANA PARA TODOS!!!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

CAVALOS DE PAU

Desde tenra idade que a pintora e escultora inglesa Heather Jansch tem duas paixões na vida: desenhar e cavalos. Ela sonhava tornar-se uma artista a viver nas montanhas, rodeada de árvores, riachos e cavalos. Obviamente que, para uma criança com estes ideais, ficar todo o dia fechada numa sala de aulas é um suplício: à excepção das aulas de Desenho (e de Inglês), as notas da jovem eram um descalabro. Mesmo assim conseguiu entrar num colégio que valorizava especialmente os dotes artísticos dos alunos, de onde saiu para a Universidade de Londres (Goldsmiths'College). Mas, há sempre um mas, ao fim de um ano foi convidada a sair. Porquê? Pois, vivia-se uma época em que os trabalhos figurativos estavam definitivamente fora de moda, os estudantes eram encorajados a utilizar figuras geométricas em grandes telas de cores vivas. Assim, consideraram que ela não tinha estofo de artista...

Enganaram-se! Embora arrasada e sentindo-se à deriva, continuou a desenhar - particularmente cavalos - e já era uma pintora reconhecida quando teve a ideia que a distinguiu dos demais artistas: utilizar os troncos, ramos, galhos e gravetos das árvores que vêm dar à costa com as marés, para as modelar e esculpir em formas equídeas (e não só). A fotografia ilustra bem a espantosa arte que Heather desenvolveu ao longo dos últimos anos. A escultura retratada encontra-se no Jardim do Luxemburgo, em Paris! (aposto que muitos dos pintores de bolas, quadrados e triângulos laranjas, verdes e vermelhos, só foram a Paris em passeio...)

Para os mais curiosos, fica o site de Heather Jansch.

Fotografia de autor desconhecido, na net.

Nota -Trata-se de um resumo de várias opiniões que li sobre a escultora, inclusivé da própria, não de uma tradução ou do já tristemente célebre corta-e-cola.

Nota1 - Agora só falta convencer os Presidentes das Câmaras cá do rectângulo, que estas são verdadeiras e belíssimas estátuas e que aqueles calhaus-a-fingir-que-são-estátuas são... meros calhaus!!!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

AQUI ESTÃO ELAS (1)

Na sequência da adivinha sobre este clip dos Beatles (clicar para ver) seguem as respostas, sendo que ainda mantenho algumas dúvidas em duas das finais...

GRACE KELLY

CATHERINE DENEUVE

AUDREY HEPBURN

GENA ROWLANDS

AVA GARDNER

INGRID BERGMAN
KATHERINE HEPBURN

LAUREEN BACALL


Fotografias da net.

AQUI ESTÃO ELAS (2)

MARILYN MONROE

JUDY GARLAND

DORIS DAY

SUSAN HAYWARD

JOAN CRAWFORD

LESLIE CARON

JENNIFER JONES

BETTY DAVIES
(com dúvidas!)

HEDY LAMARR


Fotografias da net.

STORMY WEATHER

Fotografia de Ian Britton

PING-PING-PING! Não tardou nada até ouvirmos o inevitável XRIII-PUNG-BANG-SCHLONK na segunda circular: só ontem ocorreram três colisões durante a noite, com os rails ou com outros veículos. Nada de novo! Os Fangios cá do burgo insistem em carregar no acelerador, convencidos que dominam o "bólide" na perfeição, mesmo que o piso esteja molhado e escorregadio. E depois estampam-se, põem em risco a própria vida e a dos outros automobilistas, no caso consta que foram hospitalizadas três pessoas. Nas redondezas quase ninguém dormiu, que o estardalhaço das sirenes das ambulâncias e dos carros policiais, para já não referir as comunicações via megafone, encarregaram-se de acordar a malta às 6 e meia da matina.

Mas quando finalmente se readormece, os pesadelos seguem-se em catadupa, pois este género de "espectáculo" não é de índole a esquecer com um sono feliz e descansado. No dia seguinte acorda-se com uma sensação de... stormy weather!



(existe em versão Ella ou Billie, mas os clips são fraquinhos e também gosto desta!)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A DANÇA DAS CADEIRAS

Uma amiga minha recebeu da sogra uma série de cadeiras "estilo não-sei-das-quantas" quando casou, que pertenciam a uma colecção familiar, com a nobre intenção de poupar gastos aos noivos nessa matéria.

Mas - há sempre um, não é?! - as ditas cadeiras tinham as perninhas assim estilizadas como as da foto (tirada da net), sem as traves entre as pernas e sem aquele nó. E o noivo era homem alto e forte, alguns amigos do casal também, de modo que em menos de um ano não sobrou uma para amostra: partiram-se todas!

Com essa experiência alheia, quando escolhemos a mobília de casa de jantar insisti com o vendedor que tanto a mesa como as respectivas cadeiras deviam ser fortes, de madeira maciça, para não termos a chatice de andar a levantar familiares e amigos do chão, podendo eventualmente aleijarem-se no tombo. Garantiu-me que duravam "uma vida"! Aldrabão!!! Nada dura tanto tempo...

Resumindo: 19 anos depois estão todas desengonçadas, algumas com os encostos partidos e colados, este fim de semana lá foi a minha vez de ajudar uma amiga a levantar-se, após uma aparatosa queda em câmara lenta, quando "recostou" as costas e as pernocas da cadeira desconchavaram! Felizmente não se magoou e ainda nos rimos! (restou a nota mental: se não trato do assunto urgentemente, qualquer dia ainda passo pela vergonha da malta trazer a própria cadeira ou banquinho, para não correr riscos...)

post-sriptum - as respostas para a "adivinha" de ontem seguem dentro em breve, obrigada Teresa (do blog Ematejoca Azul) pelo esclarecimento das dúvidas!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

QUEM SÃO ELAS?

A música é deles, mas as fotografias do clip são de estrelas de cinemas de outras eras. Alguém é capaz de adivinhar quem são as 17 actrizes que tantos idolatraram?



Identifiquei 13, uma passou-me completamente ao lado, tenho dúvidas nas três restantes. 'Bora aí tentar, que a balada dos rapazes de Liverpool soa sempre bem...


Imagem da net.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CAMINHO DAS ÍNDIAS

Há muitos anos que não sigo telenovelas - chateei-me principalmente com as constantes trocas de horários, ao sabor das lutas por audiências - esta não é excepção. Ou seja, é mais ou menos, porque a minha irmã e a minha mãe seguem o "Caminho das Índias", portanto quando jantamos juntas, em férias e não só, o capítulo da novela não pode faltar. Na verdade, mesmo só vendo um por semana ou coisa, não se perde o fio à meada...

Como sempre o enredo gira à volta de amores, ciúmes, traições, quiproquós e crimes para todos os gostos, esta tem a peculiaridade de focar alguns temas da cultura indiana, nomeadamente os casamentos arranjados pelas famílias dos noivos desde tenra idade, numa sociedade que aparentemente ainda dá muita relevância à casta a que cada um pertence. A telenovela está nos últimos capítulos (já há 15 dias, mas pronto!) e mais uma vez mudou de horário. Então, para não interromper o entretenimento das "meninas" com um telefonema de permeio (e levar a respectiva corrida em osso), há dois dias que vou mantendo a televisão acesa. Claro que, entretanto, acabo por ver algumas cenas.

Hoje, não estava a perceber patavina de uma: supostamente o marido de Maya morre (já se está mesmo a adivinhar que não, que existem para lá uns fios trocados), os homens da família trazem para casa o cadáver embrulhado nuns lençóis, a esposa desgostosa é chamada perante todo o círculo familiar e duas mulheres começam a dar-lhe reguadas nos pulsos. Qu'é isto? Querem ver que vai ser enterrada com o falso marido?! Nada disso! Esposa de defunto não pode usar jóias, de modo que lhe estavam a partir e a retirar as pulseiras e os anéis dos dedos. Cheia de sorte, ainda assim, que as orelhitas ornamentadas com aparatosos brincos escaparam da violência... Há tradições e costumes que não lembram a ninguém, não há?! Muito menos no século XXI...

BOM FIM DE SEMANA!!!

Foto da net.