quarta-feira, 31 de outubro de 2012

TRADIÇÕES CONTRADITÓRIAS?

A tradição anglo-saxónica dita que hoje é "dia das bruxas", portanto há que esculpir caras ou monstros aterradores em abóboras, mascarar os miúdos de bruxas, feiticeiros ou fantasmas, para eles iniciarem um peditório noturno de doces pela vizinhança. OK, cada um tem direito a ter as suas tradições. Levar com elas importadas da estranja já não é tradição, mas também não sei que nome lhe dar...

Facto é que em muitas escolas primárias portuguesas, nos últimos anos, se elege este "dia das bruxas" para algumas brincadeiras alusivas, nomeadamente a nível de trabalhos manuais ou desenhos, eventualmente com máscaras à mistura. Ao gosto ou a pedido dos professores que assim o entendam. Nada que traga mal ao mundo!

Contudo, os mais tradicionalistas criticam veementemente esta importação de tradições alheias. Porque, segundo eles, a tradição portuguesa reza que as crianças sigam esse périplo de porta em porta - mas a 1 de novembro e dia de Todos os Santos - pedindo "pão-por-Deus". Curiosamente (e segundo a wiki) essa tradição teve origem em Lisboa, em 1756, devido à miséria que grassava na cidade um ano após o terramoto, e que rapidamente se generalizou a todo o país. Faz todo o sentido!

Estranho é que nem em criança me lembro desse peditório supostamente tão tradicional, muito menos em adulta: nunca nenhuma criança me bateu à porta a pedir doces! Nem de "pão-por Deus", nem de Halloween. Então... qual é a contradição?

BOM FERIADO PARA TODOS!

Colagem de imagens da net.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Desta vez a coleção de cartoons do facebook versa o amor. Uns mais humorísticos, outros mais ternurentos, com ou sem legendas, mas sempre em redor do tema preferido dos poetas. Espero que gostem da seleção:

Será que não havia pecado original?

Lá que desde tempos imemoriais deu novas ideias ao Homem, não restam dúvidas...

Talvez até com alguma ajuda dos céus!

E muita benevolência e condescendência paternal.

Claro que há sempre os insatisfeitos...

... ou os que procuram matar saudades!

Por vezes há também a consciência que ainda é cedo para aventuras amorosas,

outras é difícil entender uma singela homenagem...

Mas o amor é assim, nem sempre totalmente compreendido! 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

007 - SKYFALL

Ao contrário da cara metade, não sou grande apreciadora dos filmes do agente britânico 007 - James Bond,  de seu nome - daí que só vi alguns nos últimos anos, por vezes em tardes de cinema televisivas. Desta vez calhou ter bilhetes duplos à borla (quer dizer, não exatamente à borla, mas em vales concedidos a quem faz compras num determinado montante num centro comercial da zona e esses, sim, é que me foram oferecidos), portanto lá fui acompanhar o grande fã de 007 nesta nova aventura cinematográfica.

A base de dados contendo todos os nomes dos agentes secretos britânicos é roubada e Bond (Daniel Craig) persegue desenfreadamente o ladrão-assassino de carro, motorizada e comboio - se não esqueci de nada - até que é alvejado inadvertidamente pela sua colega Eve (Naomie Harris), cai do comboio em movimento para o rio debaixo da ponte onde a carruagem circulava no momento, é arrastado para uma cascata e não volta a ser visto. O MI6 dá-o como morto, mas a sua diretora na agência, M. (Judi Dench), está  a passar um mau bocado: o primeiro-ministro responsabiliza-a pela fuga de informações vitais para a sobrevivência de todos os agentes infiltrados em grupos terroristas e Mallory (Ralph Fiennes), um dos responsáveis máximos pelo MI6, ameaça "reformá-la" em breve, pois está a ficar "ultrapassada tecnológica e politicamente" (que é como quem diz, "velha jarreta" para o cargo). Ela discorda e uma sucessão de novos acontecimentos faz com que suspeite que o perigo não vem do exterior, mas de alguém que conhece ou conheceu profundamente o funcionamento da agência... 

É então que Bond se apresenta novamente ao serviço, depois de umas curtas férias retemperadoras de tantos e atribulados acidentes, no intuito de a ajudar a descobrir quem engendrou o pérfido plano que visa aniquilar os agentes e denegrir a imagem do MI6. O suspense e o mistério não se prolongam por muito tempo, pois Bond depressa encara o temível Silva (não, não é o Cavaco, o papel é interpretado por Javier Bardem), mas as aventuras e as perseguições não param por aí! 

Pudera, em quase duas horas e meia de filme, não é uma dúzia de linhas que explica toda a muita ação presente no ecrã. Espreitem o trailer


Realizado por Sam Mendes, obtém a pontuação de 8.4/10 na IMDb, até ao momento. Ao contrário do que é costume nos últimos tempos, a sala de cinema estava quase cheia - o que no mínimo significa que 007 continua a ser do agrado do público, 50 anos depois do primeiro filme da série. Vê-se bem, mas como todos os filmes que ação é possível que daqui a uma ou duas semanas só recorde as múltiplas perseguições, tiroteios e explosões. Disso e de Bardem, que já de si não devendo muito à beleza, louro e com umas quantas caracterizações e maquilhagens, aparece no grande ecrã mais feiote que nunca... 

Imagem de cena do filme da net - Bond conversando com Q. (Ben Whishaw), o novo inventor dos gadgets de 007.

domingo, 28 de outubro de 2012

23ª EDIÇÃO

Um dos muitos motivos para visitar a 23ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA), no fórum Luis de Camões, patrocinado pela Câmara Municipal da Amadora e outras empresas, este ano subordinado ao título "Autobiografia", que está patente ao público desde sexta-feira passada e até dia 11 de Novembro. Mas muitos outros existirão, a começar pelo cartaz do próprio evento:

A não perder, para todos os amantes de Banda Desenhada!

Imagens do facebook e da net, a primeira das quais de "Peanuts", de Charles Schulz.

sábado, 27 de outubro de 2012

NÃO É CAMÕES...


...  mas é certamente de um seu descendente poeta, de quem desconheço o nome:

I

As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo o que lhes dá na real gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
...Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se do quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!

II

E tambem as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

III

Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que á Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem á solta só me espanta.

IV

E vãs, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho á minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já tem no seu gene
A besta horrí­vel do poder perene!

Luiz Vaz Sem Tostões


Imagem e texto do facebook.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

OVOS, SEM OMOLETES!

Ora agora que o Natal se aproxima a passos largos - faltam menos de dois meses - aí está um sugestão prática para quem tenha jeitinho para trabalhos manuais: esculpir em cascas de ovos. Para assim fazer lindas e originais decorações natalícias, ou até para outras festas como a Páscoa, vindimas, Carnaval, Halloween, São Martinho, casamentos, aniversários ou qualquer uma que queiram celebrar. Vejam alguns dos exemplares que podem conseguir com esta técnica:




Ah, e ainda podem servir de candeeiro ou de iluminação.


Não se pense, porém, que são só chineses ou orientais com a sua célebre e extraordinária paciência de Job, que se dedicam a esta arte. Há artistas destes em todo o mundo, inclusivamente em Portugal. Este último ovo, por exemplo, foi esculpido em homenagem às bordadeiras de Viana do Castelo...

Contudo, a maioria destas esculturas não são feitas com ovos de galinha, mas sim com ovos de ganso, ema, avestruz, etc. e tal, que têm uma casca um pouco menos frágil. O boa notícia é que se devem esvaziar primeiro, através de um pequeno orifício no topo mais largo, e assim o seu conteúdo pode ser aproveitado para a culinária, nomeadamente para as ditas omoletes.

Para resolver a parte prática da questão, eis um vídeo explicativo de como se executam estes trabalhos, caso estejam interessados nestes ornamentos:


Fácil, não é? (agora vou só ali ao meu dentista pedir-lhe uma brocazinha velha emprestada e... já está no papo!)

BOM FIM DE SEMANA!

Imagens da net.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

FOI POR ELA...

Já vos aconteceu ouvirem uma música, que não pára de bailar na vossa cabeça um dia inteiro, ou mais? Enfim, embora situação pouco frequente, quando esse momento surge esporádica e repentinamente, só me apetece dançar ao ritmo do seu som. De ontem para hoje, esta bateu forte:


(isto deve ter uma explicação clínica ou psiquiátrica mais complexa, de fuga da realidade ou coisa, mas facto é que se torna difícil fugir... quando a música bate o pé!)

Imagem da net, segundo banda desenhada "Peanuts", de Charles Schulz.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

E AS NOTAS NA PAUTA?

Fotografia de Ian Britton

Alunos cábulas, preguiçosos ou literalmente nas tintas para os estudos sempre existiram! Lembro-me do meu pai contar que, quando entrou no IST, deram-lhe os parabéns lá na terra e apontavam-lhe como exemplo um outro estudante mais velho, filho de uma das famílias mais proeminentes da região. Sem qualquer esperança de se equiparar ao conterrâneo - uma vez que ele trabalhava para pagar os estudos, alojamento, alimentação, etc. e tal e o outro recebia uma mesada dos pais que cobria todas essas despesas - iniciou o seu curso sem perspectivas de maior. Surpresa foi perceber que o dito fulano afinal ainda estava a marcar passo no 1º ano, quando todos julgavam que já estava no 3º ou 4º. Calou-se e seguiu a sua vida  de trabalhador-estudante, considerou (e bem!) que o atual colega é que tinha de resolver o problema junto dos seus familiares. Como acabou por acontecer uns anos mais tarde...

Esta história não é filha única, repetiu-se até à exaustão durante décadas: os pais confiavam na palavra dos filhos, não lhes passava pela cabeça ir confirmar as notas nas pautas da universidade. Nem os que residiam longe, nem sequer os que viviam por perto. Mais avisadas (ou desconfiadas) gerações mais recentes, carecas de saber das patranhas de alguns estudantes, começaram a ir verificar as notas dos "miúdos". Sem admiração, um amigo meu constatou que um dos seus sobrinhos, para além de não ter notas na pauta, nem sequer estava inscrito no liceu, embora saísse de casa todos os dias de mochila às costas! Tão novinho e já tão espertinho, hein?!

Bom, mas isto foi antes da era informática! Agora, os iluminados docentes universitários crêem não ser necessário afixar as notas. A maioria dos alunos já é maior de idade, portanto toma conhecimento dos resultados dos seus exames via computador, mediante um código de acesso previamente fornecido. Justificação? Ah, porque eles podem não querer que os seus colegas saibam as suas avaliações. (não estudam e depois é traumático?!?) E os pais ou os familiares que pagam as avultadas propinas? Idem! Os docentes sacodem assim a poeira das calças, dando azo a que mais alunos cábulas prossigam impunemente a sua vidinha de estroina e, mais, facilitando que alguns ex-estudantes que frequentaram um curso (sem aproveitamento ou aprovados apenas a meia dúzia de cadeiras) se façam passar por "doutores" ou "engenheiros". E sim, acreditem que também os há,  Relvas não é caso único... (embora a trafulhice dele fosse mais burilada, com a ajuda de compinchas maçónicos ou do laranjal!)

Chamo a isto um mau serviço ao país, que premeia os chico-espertos e, no limite, até pode pôr em causa o bom nome das universidades. Afinal de contas, onde está a tão apregoada transparência?

terça-feira, 23 de outubro de 2012

OS PROFETAS

Este romance decorre na época quinhentista, numa viagem que nos leva de Porto Santo a Machico, Évora e Lisboa dessas eras: durante 18 dias, Fernão e Filipa Nunes, tio e sobrinha, dizendo-se inspirados pelo Espírito Santo, declararam-se profetas e pregaram por todo Porto Santo, sendo idolatrados e seguidos pela população da ilha, independentemente da classe social de origem. A Igreja não tolerou tal afronta e, através do forte braço da Inquisição, julgou e condenou ambos pela heresia. Sumariamente e de forma exemplar - andrajosos, sujos e semi-nus foram expostos, amarrados a postes, frente à Sé de Évora, para que o povo local se encarregasse de os insultar e torturar com cuspidelas, pedras ou círios acesos a seus pés. Antes de seguirem para as masmorras e provável futura fogueira.

Com base nesses factos históricos verídicos, Alice Vieira constrói um romance em torno de Filipa Nunes (na primeira pessoa), que está longe de ser infantil ou juvenil. A rapariga é adolescente e paralítica há longos anos, quando o tio, recentemente regressado de longas viagens pelos mares, a consegue curar miraculosamente. E se aquele tio aventureiro já era o seu herói - em contraposição com a mãe queixosa e o outro tio padre e beato - que a ensinou a ler e escrever e a levou a passear quando ainda não conseguia andar, a partir desse momento segue-o leal e fielmente. Dos dias de pregação, até ao martírio em Évora. Mas, ao contrário de Fernão, e não sendo os únicos condenados às masmorras do Limoeiro, entre outros hereges, ladrões e assassinos amontoados numa carroça, a incúria dos guardas "a cheirarem a vinho" permite-lhe fugir e escapar de tal sorte. Aos 18 anos e a vadiar pelas ruas de Lisboa, crê que o seu fim está próximo, até que Brígida a encontra e acolhe na sua casa...

A imagética de Portugal na época da Inquisição é absolutamente avassaladora, a vida romanceada da protagonista parece-me um mero pretexto para evidenciar as injustiças cometidas por esses tribunais de inquisidores, aos quais denúncias invejosas ou vingativas bastavam para acusar e condenar à morte qualquer cidadão do reino de D. João III e de D. Sebastião. E que se prolongou durante outros reinados, mas desses já não reza o livro!   

Citações:

"Atentai no que vos digo e juro: há sempre uma altura em que até os loucos são levados a sério, se as suas palavras servirem para obscuros fins dos que estão no seu juízo perfeito."

"E pessoas sem medo são difíceis de escravizar."

"- Tem cuidado com o que andas para aí a dizer, rapariga! Quanto menos palavras saírem da nossa boca, melhor. Lembra-te sempre que nunca ninguém foi preso pelo que não disse!
Aí é que a minha mãe estava enganada.
 [...]
E eu só o percebi muitos anos mais tarde, nesta cidade de Lisboa onde agora escrevo, quando comecei a ver gente presa, condenada, torturada, queimada, morta, por tudo o que nunca tinha dito."

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

AO SERVIÇO DE SUA MAJESTADE...

... é a nova aventura de Astérix e Obélix no cinema, vagamente baseada no álbum de BD "Astérix e os Bretões", de Goscinny e Uderzo, e não sei se em algum outro. Este aproveitei para reler (da mini-biblioteca do filhote): o trajeto é o mesmo, algumas personagens e situações são diversas, mas o sentido de humor do original permanece.

Depois de ter conquistado a Gália, o Egipto e a Hispânia, Júlio César resolve avançar para a ilha da Britânia e invadir o território às cinco da tarde, hora de paragem obrigatória em toda a região. A rainha Cordélia (Catherine Deneuve), com a sua fleuma aristocrática, considera aborrecidíssimo um bombardeamento àquela hora, mas depois de ouvir os seus conselheiros envia Jolitorax (Guillaume Galliene) a terras gaulesas, para pedir ajuda a Astérix (Edouard Baer) e Obélix (Gérard Depardieu). Estes, por sua vez, têm nas suas mãos a inquietante tarefa de ensinar Atrevidix (Vincent Lacoste), um jovem folgado e atrevido, a ser um homem. Haverá melhor oportunidade de ensino do que levar o rapaz com eles nessa missão de ajudar os britânicos a enfrentar as legiões romanas? 

Assim, os quatro atravessam o canal da Mancha, carregando um barril de poção mágica e encontrando vários opositores no caminho: romanos, piratas e até um infeliz assaltante de carroças. Mas com heróis deste gabarito, já se sabe que o final feliz é garantido!  Espreitem o trailer:


O filme realizado por Laurent Tirard estreou a semana passada e até agora tem a pontuação de 5.5/10 na IMDb. O que não lhe retira nada dos momentos de boa disposição que proporciona, para quem aprecia o género...

Imagem da net.

domingo, 21 de outubro de 2012

VOYEURISMO?


O desenho animado é curtinho (tem 3 minutos e 20 segundos) e não tem legendas, mas suponho que dá para entender. Um músico de rua tenta divulgar as suas performances pelos meios informáticos ao seu alcance... e dá nisto: 


Por explicar fica apenas a necessidade de "consumir" dramas alheios - que infelizmente prolifera por este mundo - em que ninguém é completamente inocente. Ou a interrogação: até quando manter uma farsa vale mais do que a honestidade e o talento?

Imagem da net.

sábado, 20 de outubro de 2012

KEEP IT SIMPLE!

Nem se pode falar de remodelação, foi apenas uma nova pintura nas paredes da "casa". Que ainda não sei se vai ficar assim nestes tons de lilás, com alguns "apontamentos" de roxo, verde alface e azul turquesa - como dizem aquelas decoradoras armadas-em-dondocas do "Querido, Mudei a Casa" - vou ter de ver noutro ecrã. Por experiência própria, sei que as cores não resultam iguais de um PC para outro ou para um portátil, o que pode ter a ver com o tamanho do ecrã ou com as configurações respetivas de cada máquina.

E sim, gosto de lilás e de roxo - dependendo do tom, obviamente! - não tem qualquer conotação com o "Senhor dos Passos" ou o momento político nacional, mesmo que estejamos roxinhos de ouvir tantos disparates e contradições da boca dos atuais governantes nos últimos tempos...

A "limpeza outonal" vai dar também uma varridela ali na faixa lateral, em alguns blogues favoritos que estão inativos há vários meses. Nada contra os bloguistas em si, logicamente! Todos têm o direito de desistir, mudar de poiso ou arranjar outros hobbies, a "porta" estará aberta se ou quando voltarem. Não é tarefa que me agrade, mas a blogosfera é um espaço que entendo de interatividade, não adianta nada manter uma longa lista de desinteressados!

De qualquer das formas agradeço sugestões - o modelo minimalista é propositado - ou, principalmente, opiniões, se vos entrar roxo a mais pelos olhos dentro, pois não era essa a intenção. Mas de vez em quando precisamos de mudanças, mesmo que mínimas, não é?

Imagem do facebook.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

CINEMA PARAÍSO

Esta mania antiga de ver filmes americanos em catadupa (e alguns ingleses, vá!), tem de acabar: à conta do  poderoso marketing promocional da maior indústria cinematográfica do mundo, acabamos por perder outros belíssimos filmes, que não conseguem competir a esse nível. Não terá sido o caso deste, que se inicialmente não o teve, conseguiu-o com múltiplos prémios e galardões. Merecidos!

Totó (Salvatore Cascio) é um menino siciliano pobre, cujo pai desapareceu na Rússia durante a II Guerra Mundial, que desde cedo cultiva a paixão pelo cinema. A constância e teimosia dessa sua paixão, leva-o a assediar constantemente o projetista do cinema local, Alfredo (Philippe Noiret), também ele um cinéfilo apaixonado. Mas se a princípio a irreverência do puto provoca alguns atritos entre ambos, a amizade entre ambos vai-se fortalecendo. Já adolescente, Totó (Marco Leonardi) apaixona-se por uma colega de escola, Elena (Agnese Nano), mas a família desta não aprova o namoro juvenil e os dois jovens acabam por ser afastados. E são as lembranças desse passado que o agora famoso realizador de cinema (Jacques Perrin) vai encontrar ao regressar à sua terra natal, 30 anos depois...

Sem dúvida uma homenagem ao cinema, mas também o retrato de uma época ida, em que as pequenas salas espalhadas por vilas ou cidades de província desempenhavam um papel importante na vida das comunidades locais e que, em muitos casos, seria o único ponto de contato com a realidade exterior, para além do centro de lazer e de convívio das populações, já que a missa era um dever religioso. Daí não ser relevante para os analfabetos não saber ler as eventuais legendas, já que as imagens entendiam, ou do padre  considerar que a moral e os bons costumes só ficavam a ganhar com a sua censura prévia das fitas. 

Pontuado com 8.5/10 da IMDb, reflete bem a ideia que ficará nos anais do cinema. Trailer, qual trailer, se quase toda a gente já viu? Ficam os momentos finais deste filme de 1988, realizado por Giuseppe Tornatore, simplesmente delicioso: 


Bom, mas se é verdade que se aprende muito na blogosfera e na net, também não deixa de ser verdade que as sugestões cinéfilas, literárias, culinárias, informáticas ou de passeios ou exposições, entre tantas outras, também são bastante úteis para alargar os nossos horizontes. Neste caso específico, o agradecimento vai para o Carlos, que me relembrou de um filme que há muito desejava ver, mas ainda não tinha tido a oportunidade. Tenham... 

UM EXCELENTE FIM DE SEMANA OUTONAL! 

Imagem de cena do filme da net.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

P'RA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES!

Este ano, com tantas politiquices, indignações e preocupações práticas relacionadas, quase não falei de flores, se bem que tenha passeado por vários jardins, lisboetas e não só, como é habitual  em fins de semana sem chuva. Passeios sempre agradáveis para desanuviar a cabeça, sentar numa esplanada a ler ou a conversar e, claro, tirando umas fotos de caminho...

Estava a ouvir este "hino de outros tempos", na voz de Simone, quando me lembrei do esquecimento:


Por acaso, a Nina (que é uma autêntica conselheira no capítulo de colagens fotográficas, eheheh!) tinha acabado de me indicar um novo site fácil de usar. E toca de experimentar, obviamente! Com quê? Com algumas fotos de flores do jardim botânico de Madrid - que me tinham dito que era lindíssimo, e é, mas uma coisa é visitá-lo na primavera e outra quase no início do outono...

Começando pelo mais fácil possível, como na foto acima, ainda a tentar dominar a "técnica" (como se nota!), ou nesta, um pouco mais complexa, em que já deu para perceber o esquema um pouco melhor:

Quem diria, aqui há alguns anos, que poderíamos aprender tanta coisa na blogosfera e na net? Obrigada, Nina

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

DE VOLTA AO ENTULHO...

"Entulho" era a designação carinhosa da leitaria de bairro, com pretensões a pastelaria fina, que foi palco de sessões de estudo, convívios, namoros e ponto de encontro constante de um vasto grupo de amigos durante quase duas décadas da minha vida... Imagino que, se não tivesse encerrado portas, atualmente estaria a fervilhar de discussões políticas, tal como nesses tempos. Adiante!

Os dois patrões do estaminé trabalhavam por turnos ao balcão - acompanhados por um ou dois empregados de mesa, consoante a hora e também eles em rotatividade - professavam ideais socialistas, mas a tendência de bajular os clientes e de tratar os subordinados como negreiros ninguém lhes tirava. Daí que estes não parassem lá muito tempo, com algumas honrosas exceções. Claro que os frequentadores habituais, sempre que viam surgir uma cara nova, aguardavam com alguma curiosidade o rápido epílogo...

Uma certa tarde surgiu lá um rapaz alto e magro, recém saído da adolescência e, para lhe acalmar qualquer ímpeto, o patrão de serviço (por sinal, o baixinho e gordinho, que o outro era o oposto) resolveu que ele devia começar por limpar a vidraça da única montra. Explicou-lhe como se fazia, em movimentos circulares e chegando lá bem acima, sem deixar nada embaciado. E o moço, novato, que obviamente nunca devia ter limpo um vidro, lá iniciou a sua tarefa. O ritmo e as conversas entre os clientes das diversas mesas continuou rotineiro, um riso aqui, uma piada ali, uma voz grossa acoli,  mais um café ou uma imperial, gente que saía ou entrava, no vai e vem de todos os dias.

Até que, na minha mesa, alguém reparou nos esforços do novo empregado, que continuava a limpar a vidraça, sem grande sucesso: quanto mais passava as folhas do jornal e o produto, mais sujo e embaciado o vidro ficava. Alguém olhou o relógio e notou, em voz baixa: "Mas ele está ali há quase meia-hora." As conversas diversificaram, mas agora estávamos todos mais atentos aos progressos na limpeza. E, de vez em quando, lá escapava uma risada e alguém apostava que o moço não iria ter ali grande futuro...

Nunca soube ao certo se foi a nossa atenção que alertou o patrão (já tínhamos contabilizado mais de uma hora de trabalho infrutífero) e lá saiu ele detrás do balcão, baixote mas impante, com todo o ar de lhe ir pregar um valente raspanete, enquanto o outro empregado mais antigo ria, sádico, à socapa. Genicoso, resolveu demonstrar ao rapaz como se limpava um vidro. Mas, surpresa das surpresas, o resultado não melhorou em nada! As gargalhadas estenderam-se a quase todas as mesas, até que, frustrado mas mais experiente, encostou as narinas ao garrafão do produto, desvendando o "mistério": afinal, alguém tinha trocado o suposto limpa-vidros por detergente de loiça! 

Muito rimos naquela tarde! (mas o rapaz, já nessa época contratado a prazo, ainda trabalhou lá durante uns anos, nos intervalos da outra profissão que desempenhava, de carteiro substituto...)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

LONDRES

"Uma família parte em viagem à procura de uma saída. Uma cidade: Londres. Uma cidade conhecida que se tornou estranha e fria, aos olhos de quem empurra a porta a medo e entra. Uma mulher escreveu sobre essa viagem, sobre o pai e a mãe, sobre si própria, escreveu para entender, para dar sentido ao que se passou nas suas vidas." - a sinopse da peça em exibição na sala vermelha do Teatro Aberto resume-se a isto.

João Lourenço encenou e Carla Maciel é a única atriz em palco. Um palco tão próximo do público, sem cortinas a abrir ou fechar, que por vezes parece estar a olhar-nos nos olhos, como se fossemos um grupo de amigos na sua sala, a quem tentasse explicar as suas razões. Em monólogo triste e dramático, com alguns laivos de humor, mas sobretudo incendiado por emoções sucessivas e controversas. O medo, aquele imenso medo da natureza humana de ter errado e de continuar a errar, com a vaga noção que podíamos ter feito muito melhor, insinua-se a cada passo, quando suspeitamos que a morte de alguém que amamos se aproxima...

Se aqui há alguns anos me dissessem que iria assistir a esta peça/monólogo, comover-me e gostar, não acreditaria! A "catarse da escrita" de Cláudia Clemente - suponho que autobiográfica - resulta da "tentativa de racionalizar o que não é racionalizável". Mas é tão humana e reveladora de sentimentos que por vezes nem nos atrevemos a confessar, que é impossível não nos sentirmos tocados pelo seu belíssimo texto. Texto esse que, por sinal, valeu à autora o Grande Prémio do Teatro Português SPAutores/Teatro Aberto, em 2011.

Ah e tal que isso é peça lamechas para o mulherio? Não é, não! É verdade que os mais cépticos em relação à peça eram os homens (éramos dois casais, nada de confusões, que não andei a fazer inquérito à entrada!), mas no final também ficaram (bem) impressionados! 

Imagem da net.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A ANEDOTA DA SEMANA PASSADA...

... já deu azo aos cartoons costumeiros no facebook! Haja humor, que sempre alegram estes dias mais tristonhos em que não se vislumbra uma luz ao fundo do túnel...

Entretanto a indignação cresce nas ruas portuguesas (e europeias), com os (des)governantes a fazerem ouvidos de mercador e sem arriscar a olhar de frente uma realidade que salta à vista de todos. Desta vez até chegou à ModaLisboa, no desfile de Nuno Gama:

(foto de Rui Vasco)  

Elucidativo, para quem não quer enfiar a cabeça na areia como a avestruz!

domingo, 14 de outubro de 2012

50 LIVROS ESCOLHIDOS

Se bem se lembram, este verão o semanário "Expresso" publicou uma lista dos 50 livros que os críticos literários do jornal consideraram de leitura "obrigatória". Aí, o Nuno Chaves do blogue "Página a Página" sugeriu aos seus leitores que elaborassem a sua própria lista, desafio a que achei piada, mas que ficou adiado sine die - não era projeto fácil de realizar em férias, longe da minha estante, para além de envolver alguma ponderação...

Sem qualquer pretensão a crítica literária e tendo em conta que desde que aprendi a ler é atividade praticamente diária, resolvi estabelecer um critério simples: não contabilizar leituras infantis ou juvenis, escolher um livro  por autor (de alguns só li o livro indicado, de outros vários ou quase todos), seguir uma ordem mais ou menos cronológica desde a adolescência até hoje, mas, sobretudo, relembrando todos livros que tive um grande prazer em ler, consoante a época. Tarefa inglória, é certo, porque de hoje para amanhã vou recordar algum que não consta na lista e bater com a palma da mão na testa a vociferar "como é que me fui esquecer desse?"

Dito isto, alguns não saberão que não costumo ler poesia, que nunca consegui ler nenhum livro de Saramago ou de Lobo Antunes, que os dois livros de Sartre foram uma desilusão e os dois de Jorge Amado (um à pressa e outro numa fase complicada) nem recordo. A este escritor hei de voltar! E, claro, existem também várias lacunas de outros autores que igualmente me transportaram para novos mundos e vivências, nas "franjas" a escolha é complicada. Fica a minha lista, contemplando quase todos os géneros, nem todos tidos como literários: 

 1 - Anne Frank  - "O Diáro de Anne Frank"
 2 - Alexandre Dumas - "O Conde de Monde Cristo"
 3 - Charlotte Bronte - "Jane Eyre"
 4 - Jane Austen - "Orgulho e Preconceito"
 5 - Mark Twain - "As Aventuras de Tom Sawyer"
 6 - Charles Dickens - "David Copperfield"
 7 - Emile Bronte - "O Monte dos Vendavais"
 8 - Agatha Christie - "A Última Razão do Crime"
 9 - Tolstoi - "Guerra e Paz" (2 volumes)
10 - Pearl Buck - trilogia: "Terra Bendita"; "Os Filhos de Wang Lung"; "Casa Dividida"
11 - José Mauro de Vasconcelos - "O Meu Pé de Laranja Lima"
12 - Eça de Queirós - "Os Maias"
13 - Vergílio Ferreira - "Manhã Submersa"
14 - George Orwell - "1984"
15 - Zola - "Nana"
16 - Erasmo - "O Elogio da Loucura"
17 - Erich Maria Remarque - "A Oeste Nada de Novo"
18 - Soeiro Pereira Gomes - "Esteiros"
19 - Victor Hugo - "Os Miseráveis" (6 volumes? A wiki diz 5, é possível...)
20 - Henri Charrière - "Papillon"
21 - Alexander Soljenetsin - "Um dia na Vida de Ivan Denisovich"
22 - Boris Pasternak - "Doutor Jivago"
23 - John Steinbeck - "A Leste do Paraíso"
24 - Irving Wallace - "O Prémio"
25 - Gabriel Garcia Marquez - "Cem Anos de Solidão"
26 - Jacques Kerouac - "Pela Estrada Fora"
27 - Collen McCulough - "Pássaros Feridos"
28 - Umberto Eco - "O Nome da Rosa"
29 - Saint-Exupéry - "O Principezinho"
30 - John Irving - "O Estranho Mundo de Garp" (2 livros de bolso)
31 - Marion Zimmer Bradley - "As Brumas de Avalon" (4 volumes)
32 - Luis Sepúlveda - "História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar"
33 - António Victorino d'Almeida - "Coca-cola Killer"
34 - Ruth Rendell - "Rei, Capitão, Soldado, Ladrão"
35 - Carlos Ruiz Zafón - "A Sombra do Vento"
36 - Kiran Desai - "A Herança do Vazio"
37 - Markus Zusak - "A Rapariga que Roubava Livros"
38 - Ernest Hemingway - "O Velho e o Mar"
39 - Sándor Márai - "As Velas Ardem Até ao Fim"
40 - Rosamunde Pilcher - "Os Apanhadores de Conchas"
41 - Héctor Abad Faciolince - "Somos os Esquecimento que Seremos"
42 - Mário Vargas Llosa - "A Tia Júlia e o Escrevedor"
43 - Stieg Larsson - trilogia "Millennium"
44 - José Luís Peixoto - "Livro"
45 - Manuel da Fonseca - "Cerromaior"
46 - Antonio Skarmeta - "O Carteiro de Pablo Neruda"
47 - Domingos Amaral - "Enquanto Salazar Dormia..."
48 - Harper Lee - "Não Matem a Cotovia"
49 - Murakami - "A Sul da Fronteira a Oeste do Sol"
50 - Pepetela - "O Planalto e a Estepe"

Ufa, que desafio difícil! Mas se alguém quiser pegar nele, está à vontade...

Boas leituras!

sábado, 13 de outubro de 2012

GABRIELA - antes e depois!

Fiasco, é a palavra certa para designar a questão que vos coloquei na segunda-feira passada: uns não viram a primeira versão da Gabriela (em Portugal, porque houve uma anterior no Brasil), outros não veem a segunda, de modo que não há termos de comparação entre os protagonistas de uma e outra.

Pessoalmente, considero que há algumas grandes diferenças de interpretação, caracterização, cenários envolventes e por aí adiante, com pontos positivos e negativos para ambos os lados. Uma coisa é certa: a mística e a surpresa da primeira telenovela exibida na nossa televisão, numa época em que éramos todos mais novos, sonhadores e ainda sem preconceitos em relação a ser programa destinado ao mulherio (oh, oh, as pernocas e os decotes da Sónia Braga devem ter sido o deleite de muitos "machos"!), comporta algum espírito (demasiado?!?) crítico em relação à atual. Tanto quanto percebi, os que só assistem a esta estão a gostar...

Não será só cá, segundo li, houve uma grande dificuldade no casting dos novos atores e diversas recusas até de alguns mais conceituados. Se por temer comparações não sei, nem vem ao caso. Mas os que aceitaram estão aí a enfrentar esse desafio profissional e, certamente, a merecer o aplauso das novas gerações! 

Sem consenso também não existem conclusões a tirar, portanto fica apenas uma das músicas românticas comuns a ambas as telenovelas, na voz de Maria Bethânia:



Colagem de fotos da net.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

NADA MAIS A DECLARAR!

Ora aí está uma coleção que gostaria de nunca ter feito, mas propiciada pelos usos e abusos da classe política nacional (e não só!), nos últimos tempos. Gente pouco recomendável, como as imagens  (de humor negro?!?) bem demonstram:













BOM FIM DE SEMANA!
(e nada mais a declarar!)

Imagens do facebook.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

NAS NUVENS?

Apesar de todos os alertas, especialmente destinados aos jovens que, no seu arrebatamento juvenil, se deixam fotografar ou filmar em poses ou atitudes menos próprias (digamos assim, para obviar a moralismos bacocos!), ou que eles próprios partilham orgulhosamente nas redes sociais, será que os adultos estão mais prevenidos?

Quer dizer, alguém está preparado para uma devassa da sua vida privada deste género?


Mas, indo mais longe, se a equipa da Wikileaks conseguiu entrar nos sistemas informáticos mais bem protegidos do mundo e divulgar segredos de Estado - a propósito, Julian Assange continua enclausurado na embaixada do Equador em Londres, constando que está a escrever um livro sobre a liberdade e o futuro da Internet - qual é a dúvida que outros entendidos na matéria possam seguir as suas pisadas ou usar esses conhecimentos em proveito próprio ou alheio?

O "perigo", portanto, não está exatamente nas mensagens e fotos que publicamos no blogue ou nas redes sociais - apesar de mais ou menos insensatas, a maioria esquece rapidamente - mas no facto de termos (ou não) segredos inconfessáveis a esconder do mundo! E aí, creio que a multidão não será tão grande assim, mesmo para aqueles que apreciam o secretismo de trivialidades ou se vangloriam que a sua vida dava um livro volumoso. OK, normalmente até dá, agora que o enredo seja interessante, já é outra conversa...

Grande Orwell, que previu tão prematuramente (meados do século XX) a evolução da espécie humana! (e não, não recebeu nenhum Nobel da Literatura por isso!)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

OS ELEFANTES NÃO ESQUECEM + MORTE PELA PORTA DAS TRASEIRAS

"Os Elefantes Não Esquecem" reúne dois dos principais personagens numa investigação detetivesca: Hercule Poirot e Ariadne Oliver. Esta encontra-se num almoço literário, quando uma desagradável e autoritária mulher a aborda para obter informações de uma afilhada dela, que já não vê há largos anos e cujos pais se suicidaram em circunstâncias nunca plenamente esclarecidas. A mulher justifica o seu interesse por o filho pretender casar com a rapariga e ela desejar saber mais sobre a tragédia familiar. Hesitante, a escritora recorre então aos seu amigo Poirot, que mais uma vez não falha, mesmo quando tem de recuar tantos anos e descobrir, nas "memórias de elefante" daqueles que presenciaram a vivência pacata do casal, indícios para solucionar o mistério...
Citação: "- As pessoas gostam de falar do passado. Gostam muito mais de falar do passado do que do presente ou do que aconteceu apenas no ano passado. Quando falam do passado recordam coisas que pareciam esquecidas." 
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"Morte Pela Porta das Traseiras" é protagonizado pelo casal Tommy e Tuppence Beresford, agora já aposentados e desligados da espionagem britânica, com a qual colaboraram ativamente. Ao mudarem de casa para uma pacata cidade não muito distante de Londres, Tuppence descobre no sótão um livro infantil, sublinhado por um adolescente, que revela o seguinte: "Mary Jordan não morreu de morte natural. Foi um de nós que a matou." E não é preciso mais para a imaginação e a curiosidade natural dela começar a funcionar e a investigação prosseguir, com o precioso auxílio do marido!
Citação: "Muitos dos nosso políticos proeminentes estavam comprometidos. Tipos que passavam por íntegros. Mas a integridade é tão perigosa como estar no serviço acima de qualquer suspeita. Durante a última guerra, tive ocasião de verificar, uma vez mais, que certas pessoas estão longe de possuir a integridade que se lhe atribui."
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Herdei este livro (duplo) há meia dúzia de anos, de um tio adotivo, mas só agora o (re)li: a primeira história já tinha lido na adolescência, numa edição de bolso, a segunda suponho que não. Esta foi a última que Agatha Christie escreveu (segundo a wiki) e, sem dúvida, uma das mais fracas da grande mestra da literatura policial - um pouco confusa e relembrando excessivamente casos anteriores das personagens. Ainda através da "maior enciclopédia do mundo", satisfiz uma curiosidade antiga: não sou a única a quem a personagem Ariadne Oliver - que normalmente aparece como interlocutora de Poirot - sugere uma espécie de sátira da escritora a si própria.

Não me recordo se os primeiros volumes desta coleção editada pela "Livros do Brasil" tinham tantas gralhas como este, ou se simplesmente não reparei ou era menos exigente na época. Mesmo assim, é sempre um prazer ler ou reler os seus livros, no intervalo de outras leituras mais sérias ou recentes...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

PLANO... QUAL PLANO?!?

"O rigor que uma escolha de obras para leitura infantil e juvenil exige levou o Plano Nacional de Leitura a formar um grupo de trabalho, constituído por especialistas, destinado à elaboração de listas de títulos passíveis de leitura orientada e/ou autónoma", refere o site governamental do Plano Nacional de Leitura, acrescentando mais o blablablá costumeiro sobre o interesse de potenciar a educação e o amor à língua portuguesa. Tudo a favor, evidentemente!

"Mas porque é que foste procurar o site, se concordas com os objetivos?"- perguntam alguns, espantados com a pesquisa. 

A resposta é simples! Alice Vieira escreveu isto ontem no facebook:
"Estou a pensar que gostava muito de saber quem são os energúmenos que escolhem os livros para o Plano Nacional de Leitura!!! Acabei de ver que o meu livro de poesia (poesia de amor, PARA ADULTOS!!!!) chamado "O Que Dói às Aves" está aconselhado para...o 2º ano!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Que é que eu, como autora, posso fazer? Retirar o livro do mercado? Dizer que proíbo? Mas essa gente leu alguima coisa do livro para lá do título? Será que pensam que são histórias de pintaínhos?????"

"Especialistas" rigorosos, hein?!?

Imagem da net.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

GABRIELA - quem te viu e quem Te Vê?

Em 1977, quando a RTP exibiu a primeira telenovela brasileira em Portugal - "Gabriela, Cravo e Canela" - baseada no livro de Jorge Amado, o êxito foi retumbante: toda a gente via, mesmo os que diziam que não, que era coisa que só interessava ao mulherio! Claro que estavam reunidos os condimentos certos para ser do agrado geral: vários romances que se entrecruzavam numa sociedade dominada pelos coronéis, grandes proprietários das plantações de cacau e que detinham o poder político em Ilhéus, grandes defensores da moral e dos bons costumes da Igreja Católica nas suas famílias e em público, mas (quase) todos frequentadores assíduos do Bataclan, o bordel dirigido por Maria Machadão. As mulheres legítimas, as amantes, as filhas ou netas, para além de não terem direito a voto nas eleições, ainda tinham de se submeter a todos os seus desejos, que incluíam casamentos por conveniência. Em casa tratavam eles, na rua e perante algum prevaricador a "paz" era restabelecida por jagunços que não se acanhavam com o dedo no gatilho... Se a história era atraente e bem-humorada, porque estes desmandos dos coronéis eram retratados num misto de verdade e bom-humor, a banda sonora, dando a conhecer grandes temas musicais da música brasileira a tanta gente, não lhe ficava atrás!

"Um remake da 'Gabriela' para quê, 35 anos depois?" - pensei. Mas como a curiosidade "não mata mas mói", lá fui espreitar, desta vez na SIC. A comparação é inevitável, mas mesmo desprezando a diferença do preto e branco para a cor, o aproveitamento parcial da banda sonora e as inquestionáveis inovações técnicas, nesta fase inicial, a dúvida de quem interpreta melhor a personagem mantém-se, com raras exceções...

Portanto, fica a questão para quem viu (OK, calculo que alguns sejam demasiado jovens para se lembrarem!) e quem vê (mesmo que esporadicamente...): quais os atores/atrizes preferidos no desempenho do papel, comparativamente?

GABRIELA - Sónia Braga ou Juliana Paes?

NACIB - Armando Bogus ou Humberto Martins?

CORONEL RAMIRO BASTOS -  Paulo Gracindo ou António Fagundes?

MUNDINHO FALCÃO - José Wilker ou Mateus Solano?

JERUSA - Nívea Maria ou Luiza Valdetaro?

MALVINA - Elizabeth Savalla ou Vanessa Giácomo ?

PROFESSOR JOSUÉ - Marco Nanini ou Anderson di Rizzi?

TONICO BASTOS - Fulvio Stefanini ou Marcelo Serrado?

SINHÁZINHA - Maria Fernanda ou Maitê Proença?

CORONEL JESUÍNO - Francisco Dantas ou José Wilker?

Esta espécie-de-votação fica em aberto até sexta-feira e os resultados serão divulgados no sábado. Pedem-se meras opiniões pessoais, no todo, em parte ou no geral, nada mais...

Imagens (colagens fotográficas) da net.