O texto que se segue NÃO É verídico (nem original)!
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Todos nascemos livres, é certo, mas é fundamental que o saibamos.Maria tinha sido criada pela tia Antonieta, desde a mais tenra infância. Passaria horas a vê-la trabalhar na sua arte, de bordadeira, enquanto contava os tostões para ver se o dinheiro chegava até receber outra vez! Em criança, só a aterrorizava a tesoura de Antonieta, que insistia em cortar-lhe o cabelo curto, enquanto as suas colegas de escolas exibiam tranças compridas e gozavam do seu aspecto de "maria-rapaz". Com os olhos húmidos, perguntava à tia: "O cabelo cresce, não cresce?" A velha senhora expunha um sorriso benévolo, dava uns tapinhas de leve na sua cabeça e confirmava.
Por sorte, a vida de ambas melhorou ao receberem uma herança familiar. Reunida toda a família, os protestos e reclamações sucederam-se, havendo quem contestasse também a sua parte ou pedinchasse qualquer coisinha. Ingénua, Maria, já concordava que lhe parecia justo e sempre alegrava a malta, mas a tia permanecia inabalável: "Dinheiro atirado ao vento! E mais não conto!" Será que tinha razões para isso? Por vezes não estamos preparados para ir nesse sentido. E o veneno destilado pelos familiares funcionou na mente da adolescente. As histórias têm estado, desde sempre, ao serviço do poder e da ganância.
"Onde estão os meus 18 anos? O que farei para me salvar? Afinal, quem melhor que nós mesmos para nos conhecermos a fundo?" Todos temos as nossas fases... Há sinais evidentes que nos mostram a necessidade de conhecer por dentro a arte da guerra. Naquele dia, acabara de almoçar e chegara-se à janela. Já antes de comprarem a moradia estava ali o pinheiro e a macieira. A tia trincava uma das maçãs da árvore e comentava vagamente: "É um belo fruto!" Não sabia confirmar há quanto tempo se apercebera do seu interesse pela vida, que não era aquela. Como é que acabou? Fez a mala e partiu! Já era qualquer coisa... Tinha de enfrentar os seus próprios medos!
Um dia recebeu uma carta de Antonieta, que confessava sentir-se doente, triste e cansada. Foi preciso dizer mais? Voou para junto dela apesar da distância, contou-lhe sobre a sua vida, riram e comoveram-se juntas. Cada olhar representava uma prova de amor. "O amor verdadeiro é isto e existe", considerou Maria. Cansada daquela emoção inesperada, a idosa recolheu ao seu quarto e adormeceu profundamente. Sozinha na sala, a sobrinha escutava o assobiar do vento na encosta do monte. Há anos que não o ouvia... mas que belas noites de sonhos de adolescente, em que alguns até se realizaram... Já estava mais descontraída. Não pedira desculpas, porque se há forma errada de corrigir um erro, é cometer outro propositadamente para justificar o primeiro.
Mas a velha senhora não voltou a acordar! Se calhar tinha morrido sem obter esse perdão ambicionado. Não sabia ao certo como matar os fantasmas que assolavam à sua porta. Sentou-se por uns instantes muito breves, no cemitério a observar o céu azul. Um pássaro estendia as asas e soltava um grito de liberdade. Levantou-se, sacudiu os ombros e recordou a antiga máxima inglesa: "Good girls go to heaven, bad girls go everywhere!"
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Qual é a curiosidade deste texto (um pouco lamechas, é certo)? Apesar das necessárias adaptações em sujeitos e predicados, dos elos para o construir, foi elaborado a partir de frases que li esta semana em todos os vossos cantos. Para comemorar os dois anos de actividade na blogosfera, que se completam amanhã!!! Plágio, moi? Ná!E agora, alguém reconhece a frase que escreveu?
Bom fim de semana e DIVIRTAM-SE a adivinhar (ou não)!