Naquela manhã, ele seguia pela rua de mão dada com a mãe, que o ia levar à escola. O dia cinzento e triste, o caminho atapetado de folhas mortas, a obrigação de aprender a ler e a fazer contas com a velha professora, que distribuía lambada ao mínimo engano, revoltavam-no! Porque é que já não podia ir para a praia e brincar com o balde e a pá na areia e mergulhar no mar, como no Verão? A poça de água negra, mesmo em frente à porta do edifício, deu-lhe o ensejo de se manifestar: saltou para ela de pés juntos, com as suas galochas de plástico, borrifando de lama todos os que se encontravam em seu redor! Valeu-lhe uns açoites da mãe no local e um castigo ao canto da sala de aula, com orelhas de burro!
Cinquenta anos volvidos, noutra manhã outonal e enquanto percorria o rumo habitual, relembrou essa sua revolta infantil. Já não estava lá a mãe para lhe dar a mão ou os açoites, mas a saudade era enorme! Como por acaso, bem em frente ao portão onde se dirigia, a poça imunda e negra parecia estar exactamente no mesmo sítio...
Olhou em volta. Não viu ninguém. E saltou para dentro dela com ambas as botifarras! O chafurdo lamacento não atingiu vivalma. Com um sorriso nos lábios, marchou até ao quartel, onde foi prontamente cumprimentado: "Bom dia, meu comandante!"
(costumo usar a expressão do titulo para definir alguém que anda sempre a mudar de sitio e às vezes atrapalha por se mudar tanto)
ResponderEliminaruma atitude que podia ser dada como exemplo para algo que escrevi recentemente sobre a diferença entre "manter a criança que há em nós" e " ter atitudes infantis" :)
Uma vez vi um vídeo de um puto a fazer isso nas poças. Até ter encontrado uma em que ficou com água pelo pescoço! :D
ResponderEliminarBeijocas!
Estou certo que o porta d’armas lhe deu os bons dias pensando com os seus botões: ... e tá já a encher 20 por ter chegado ao quartel com as botas sujas... mas como era comandante, conteve-se e fez-lhe a continência.
ResponderEliminarAs brincadeiras de criança nem sempre são tão acriançadas como possa parecer !
ResponderEliminarQuantas vezes, nós em adultos, as gostaríamos de repetir !?
... só que olhamos em volta e há sempre gente, que nos impede !
Nota. Não sei se o texto é teu !?... Está muito, muito bom !
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Olha que história mais gira! Bem, se és a autora, os meus parabéns!
ResponderEliminarTens razão quanto à definição, VÍCIO, só que achei o título giro para esta historieta! :))
ResponderEliminarEssa criança existe em cada um de nós, mas, infelizmente, atitudes infantis em "gente crescida" também... :p
Eheheh, RAFEIRITO, esse nunca mais volta a salta-pocinhas, depois do susto... :D
ResponderEliminarBeijocas!
A hierarquia militar é assim, PAULOFSKI, uns amocham... outros mandam amochar!!! =))
ResponderEliminarÀs vezes apetece mesmo voltar às brincadeiras infantis, RUI! :))
ResponderEliminarTodos os textos que não são meus têm anotação do autor, ou, porventura, que são de anónimos! Obrigada! :)
Obrigada, CARLOS! :)
ResponderEliminar(repito: todos os textos que não são meus e que publico aqui, têm a anotação do nome do respectivo autor!)
é um dos insondáveis mistérios da natureza e da humanidade o motivo pelo qual as poças se vão sempre enfiar debaixo dos pés da putalhada. independentemente da idade da "putalhada"
ResponderEliminarConcordo, MOYLITO, é um mistério que ainda não se conseguiu descortinar... :D
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