Não há imagens que apaguem da minha memória o horror e a emoção que senti ao ver o Chiado a arder, faz hoje 25 anos. Via televisão, já que eu e a minha mãe nos encontrávamos de férias em Caminha. Sabíamos que o dia não ia ser fácil para ambas, pois exatamente 4 anos antes o meu pai morrera na praia, sem que nada o fizesse prever e o desgosto estava longe de "amenizado". Assim, as lágrimas correram-nos cara abaixo e chorámos abraçadas: era a nossa cidade que estava a arder e a sensação de impotência oprimia-nos o peito.
À exceção das imagens televisivas do incêndio, pouco mais recordo desse dia.
Durante os anos que se seguiram, raras vezes fui à baixa pombalina - as obras de recuperação de todo o espaço carbonizado pelas chamas ficaram a cargo do arquiteto Siza Vieira, mas demoraram cerca de uma década a voltar a uma forma parecida à original. E vontade de ver edifícios esventrados, enegrecidos ou estaleiros de obras nunca tive nenhuma...
Atualmente passeio de vez em quando pelo Chiado - como qualquer lisboeta ou turista - literalmente renascido das cinzas. Não se pode dizer que a reconstrução não beneficiou a zona, antes pelo contrário, tornou-se mais moderna e aprazível para qualquer visitante. Contudo, para lá das estátuas de Camões, de António Ribeiro "o Chiado" e de Fernando Pessoa permanecerem como ícones locais, do esforço camarário em dinamizar a zona e de novas atrações turísticas, há todo um ambiente de outrora que se perdeu. A começar pela música que pairava no ar na rua do Carmo, mas também nos cheiros e sabores locais, como nas lojas mais frequentadas e populares. Certeza, só a que esse "espírito" e ambiência não se recuperam... Jamais!
Estava de férias na Nazaré, onde tínhamos um pequeno apartamento, com os filhos e o "fiel jardineiro"!
ResponderEliminarSoube o que se estava a passar quando fui, logo de manhã, ao pão!
Também jamais esquecerei esse dia!
Vou ao Chiado pelo menos uma vez por semana...
Gosto muito do ambiente apesar de já não ser como era, sobretudo o encanto que eu sentia ao entrar na Bertrand!
Abraço
É difícil esquecer o dia, onde estávamos e as impressionantes imagens, ROSA!
EliminarO ambiente é diferente, mas ninguém poderá dizer com certeza se mesmo sem incêndio não teria mudado. O mais provável é que tivesse, ao longo de 25 anos...
Abraço
Tenho tão presente como se as tivesse vivido há segundos as circunstâncias em que vi, na televisão, a minha cidade em chamas , sob um céu azul que tornava ainda tudo mais absurdo.
ResponderEliminarBom domingo.
E não temos todos, SÃO? Um incêndio tão vasto e absurdo, que ainda hoje custa a acreditar como foi possível...
EliminarBoa semana para ti!
A pastelaria "Ferrari", o editor "valentim de Carvalho" com o espólio do seu museu completamente destruído, e tantas outras coisas destruídas. Para quem ficaram as responsabilidades de um incêndio que devorou uns quantos quarteirões ?
ResponderEliminarCasas e lojas que foram varridas do mapa, em cerca de 24 horas, RICARDO! E postos de trabalho também, de modo que recuperar a vida que se vivia no espaço tornou-se impossível. Quanto às responsabilidades do incêndio não sei, uma vez que nunca foi provado que tivesse origem criminosa. Mas as camarárias foram evidentes, no combate às chamas...
EliminarChegaram a alguma conclusão quanto à origem do incêndio?
ResponderEliminarTanto quanto sei, não, CATARINA! Mas com uma área tão grande destruída, será que era possível determiná-la, na época?
Eliminareu não me recordo...mas, sempre achei muito estranha a demora da reconstrução de um ponto tão emblemático. Talvez mesmo sem o incêndio o ambiente se tivesse alterado, afinal passaram 25 anos e aconteceu o mesmo a outras ruas e recantos.
ResponderEliminarbj*
TÉTISQ, claro que não recordas, que pelo que percebo ainda eras bem pequena na altura. E concordo contigo, possivelmente o ambiente também teria mudado, mesmo que o incêndio não tivesse acontecido. Mas mais naturalmente e de forma menos drástica...
EliminarAcredito que Siza Vieira fez o melhor que pôde, mas é preciso não esquecer que aqueles edifícios estavam efetivamente muito velhos - suponho que todos (ou quase) tinham sido construídos no tempo do marquês de Pombal, após o terramoto - de modo que a remodelação deve ter mexido com as próprias fundações...
Beijocas!
Na minha mente estão bem gravadas as imagens terriveis que vi na TV, eu estava a passar férias na Fuzeta-Algave com as minhas filhtas e o meu falecido marido, esu estava a ler uma revista e fui surpreendida ao olhar para ele e reparo que estava a chorar, penguntei o que estava a acontecer, ele fez-me sinal com a cabeça olhando para a TV, foi um choque enorme, um momento que jamais esquecerei, até porque os fogos mexem demais comigo.
ResponderEliminarbeijinho e uma flor
P.S. penso ser a primeira vez que deixo rasto sempre que aqui passo :)
Bem-vinda, FLOR DE JASMIM! (também tenho impressão que é o primeiro comentário que leio...) :)
EliminarTambém fico desorientada com os fogos, que infelizmente acontecem todos os anos por todo o país, sem que se consiga pôr termo a tanta tragédia, pessoal e coletiva... De qualquer das formas, este abalou-me ainda mais, por tudo!
Obrigada pela flor e um beijinho, também! :)
Não há quem se esqueça. Acompanhei pela TV, com incredulidade.
ResponderEliminarTambém estava incrédula, LUISA, na dúvida de ter acordado ou se era pesadelo!
EliminarEu estava a 16 mil kms de distância e 8 horas de diferença de Portugal. Soube da notícia já ao final do dia,quando estava a fazer a manutenção diária na piscina e corri para casa, para perceber o que se passara. As lágrimas também se me soltaram em catadupa e telefonei a uma amiga com quem partilhei a dor. Nessa noite não dormi. Passei-a a fazer telefonemas para Lisboa, porque queria convencer-me que aquilo era um filme e não estava a acontecer.
ResponderEliminarBeijinhos
Embora não estivesse tão longe, CARLOS, a sensação foi a mesma... Telefonemas, só para uma familiar que vivia naquela zona (mais para o pé da Bica), que, coitada, também estava assustada q.b....
EliminarBeijocas
Nessa data trabalhava na província (perto de Sintra) e, embora sabendo do que estava acontecendo, somente ao chegar a casa e ver imagens na televisão me dei conta da imensidão da catástrofe.
ResponderEliminarFoi brutal! E apesar da sua tão grande dimensão surpreende que não tivesse sido maior dado o envelhecimento de toda aquela zona.
Perderam-se muitas coisas? Admito. Porém outras se terão ganho.
A música ainda é possível ouvir na "camionete" verde estacionada na rua do Carmo.
Beijokas entre sorrisos :))
Brutal é o termo certo, KOK! E sim, concordo que o envelhecimento da zona funcionou como rastilho...
EliminarPor mim também admito que a zona ganhou com a recuperação de Siza Vieira, mas recuperar ambientes é impossível... E tal como alguém já disse, é provável que 25 anos depois ele tivesse mudado, mas não seria de forma tão abrupta!
Ainda não tive o prazer de encontrar essa camionete!
Beijokas e um sorriso para ti!
Todos recordamos essas imagens, Teté.
ResponderEliminarO Inferno de Dante!
Boa semana!!!
Foram mesmo horas infernais, PEDRO!
EliminarBoa semana!