Chiquinha levava uma vida rotineira e solitária: saía de manhã cedo para o trabalho, passava o dia em frente ao computador num serviço de contabilidade monótono, regressava a casa cansada e estendia-se no sofá a ver televisão ou a ler um livro, preparando uma refeição ligeira para o jantar. No fim de semana dedicava-se às lides domésticas do seu pequeno apartamento, almoçava com os pais já velhotes todos os Sábados - que resmungavam um pouco entre eles ou queixavam-se das suas dores variadas - e depois de dar um giro pelo Centro Comercial e de fazer as compras da semana no supermercado, voltava ao doce lar. Tímida e insegura nas relações sociais, raramente se encontrava com os poucos amigos que lhe restavam dos tempos de escola, eles próprios assoberbados com outros afazeres profissionais e familiares, nomeadamente a mudar as fraldas e a assoar os narizes dos seus putos - conversas que ouvia por mera educação e cortesia, longe de qualquer interesse na coloração da diarreia do bebé ou do número de espirros do petiz.
Um dia uma colega lá do departamento convenceu-a a ir visitar o seu blogue, onde fluía a música e a poesia, a par de uma série de comentários elogiosos sobre o bom gosto da autora. Gostou! E, ao fim de poucos meses, também tinha o seu próprio blogue. De princípio ninguém comentava, mas, sem saber como arranjou coragem, arriscou-se a comentar noutros cantos e os comentários começaram a surgir. Elogio atrás de elogio, todos a uma só voz "lindo, lindo, lindo", poesias ou pensamentos, músicas ou fotografias, o filme ou o livro que amara, a sintonia parecia completa com aqueles novos amigos. Acreditou! Ganhou confiança em si própria! Arrojou mais do que alguma vez imaginara nos seus sonhos...
Mês após mês, ano atrás de ano, os ilustres desconhecidos virtuais passaram a ter cara e sentimentos semelhantes aos seus, em múltiplos encontros pessoais. Avisaram-a que devia registar os direitos de autor dos textos e fotografias. Assim fez! Mas à medida que o tempo decorria, descobria "plágios" nos temas abordados, ainda mais nas suas fotografias, partilhadas sem crédito até à exaustão. Passou-se!
Da última vez que vi a Chiquinha tinha desistido do blogue, fechado a conta de Facebook, mas estava entretida com o namorado a desenvolver teorias da conspiração...
e dizem que a internet é apenas um antro de perdição. quer dizer, é um antro de perdição, mas não apenas :)
ResponderEliminarAté a própria vida pode ser um antro de perdição, MOYLITO, "culpar" as redes sociais é mais fácil... :))
ResponderEliminarNão percebi nada! Esta história é verdadeira ou é de algum livro que andas a ler? É muito triste...
ResponderEliminarNum certo sentido revejo-me na Chiquinha. E depois, quem anda à chuva molha-se e pode apanhar uma "conspiração".
ResponderEliminarAdoro esta história, devido à sua escrita como também ao seu conteúdo, e, não a acho nada triste. É verdadeira?
ResponderEliminarÉs tu a autora, minha cara Teté?
A fotografia é LINDÍSSIMA. Caso sejas tu a autora, um dias destes vou "plagiá-la", mas, por favor, não deixes a blogosfera por causa disso!!!
:))
ResponderEliminarquantas chiquinhas existirão por aqui?? :)) cada uma à sua maneira, quantas mudaram o seu âmago e se tornaram mais sociáveis, argumentativas, confiantes, criativas, graças a tudo o que aprendem com quem se vão cruzando nestas redes de amigos?? :))
quem é chiquinha, que levante o dedo!!
-presente!!!
(é teu, né Teté? o texto, digo)
Não é uma história verdadeira, nem de nenhum livro que ando a ler, PAULINHA! Digamos que é uma súmula de algumas histórias que se cruzam por aqui... :)
ResponderEliminarQuase todos os que andam pela blogosfera (ou blogo bairro) se revêm um pouco na Chiquinha ou encontram semelhanças com alguns amigos virtuais, PAULOFSKI... :D
ResponderEliminarMas também há quem veja conspirações em todo o lado (elas são como as bruxas, eheheh!), mesmo que tenha andado à chuva e apanhado uma molha, o que só significa que para a próxima deve levar gabardine ou guarda-chuva... :))
Não é exactamente uma história verdadeira, EMATEJOCA, mas um resumo de algumas histórias que vou apanhando "no ar" por aqui... :)
ResponderEliminarQuanto à foto podes levar à-vontade, aliás, estas fotos que publico aqui aparecem no Google e na net (já vi), não há modo de controlar quem as usa ou não. E no FB idem (sendo que esse é limitado aos amigos, mas mesmo assim, se as usarem, outros amigos deles podem copiá-las). Não tenho nenhuma paranóia em relação a isso, se não quiser que outros as publiquem, guardo-as para mim... :))
Mas não, não vou desistir da blogosfera, Teresa, fica descansada!
Pois, há algo da Chiquinha em cada um dos bloguistas, VANI! Aliás, a "personagem" é baseada em vários, não exactamente com as mesmas motivações, finalidades ou conclusões... :D
ResponderEliminarClaro que é! :z
Eu 'Chiquinha' me confesso, na parte em que não tenho tempo para nada e que anda tudo o que é net meio paradinho. Mas estou muito longe de deixar a blogocoisa ou qualquer dos meus interesses por mudanças de circunstâncias. Uma pessoa abranda, mas reajusta-se, reinventa-se, que diabo! BUH para as Chiquinhas amorfas! :)
ResponderEliminarBeijocas, sei que ando arredia, mas é muita coisa. Chiquinhices, pronto ;)
Eheheh, SAFIRITA, os comportamentos blogosféricos são mais ou menos generalizados, não estava a referir ninguém em particular - muito menos te estava a ver a ti em teorias da conspiração! :))
ResponderEliminarArredios andam muitos e por razões bem mais estranhas, tais como quintas virtuais. Modas... :p
Beijocas!