terça-feira, 7 de julho de 2009

COMPANHEIRO DE ESTUDO

Fotografia de Ian Britton

Encontrei-o por acaso, num pequeno Centro Comercial aqui da zona, sentado a uma mesa, numa das actuais espécies de "café" a ler o jornal. Talvez por isso o tenha reconhecido tão rapidamente, habituada a vê-lo naquela mesma postura, se bem que debruçado sobre livros de estudo. Apesar disso, tantos anos depois, as diferenças não se notavam por aí além: mais uns brancos no cabelo, uns óculos diferentes, pouco mais...

Nunca fomos amigos, na verdadeira acepção da palavra. Mas companheiros de estudo, no velho "entulho", foi cena que durou anos! Um pouco mais velho, a estudar medicina, quando nós ainda estávamos naquele amaldiçoado primeiro propedêutico (o antecessor do actual 12º ano, inventado por um tal de SottoMayor Cardia, que já se finou, e que ainda teve a enorme lata de concorrer a umas eleições presidenciais, como se aquela "inovação" não tivesse marcado as gerações futuras da pior maneira, mas que acabou por desistir por falta de apoio partidário e de todos os ex-estudantes daquela época), passava o tempo a mandar-nos calar, porque, a bem dizer, nós nem tínhamos por onde estudar, os fascículos ou sebentas saíam poucos dias antes dos exames, era mais galhofada do que outra coisa. Ele muito sério e nós, convenhamos, um bocado tontas e amigas da gargalhada. Umas desistiram, outras foram trabalhar, algumas deixaram de frequentar o local, mas eu, ele e mais uns quantos estudávamos ali, de manhã, à tarde, à noite, quando os horários de empregos e aulas permitiam. Claro que apareceram novos putos, a falar mais do que estudar, aí já trocávamos olhares de cumplicidade uns com os outros, mas "porque-é-que-esta-melga-vem-práqui-chatear"?! Adiante...

Um dia sentou-se na mesa ao lado da minha, folheou lá um livro e meteu conversa. Pensei cá com os meus botões: "Olha, este hoje não me vai deixar estudar! É a vingança do chinês..." Nervoso, um pouco inquieto, tretetéu pardais ao ninho, às tantas refere, como quem não quer a coisa, que está à espera de "uma amiga"! Hummm...

A rapariga entra e dirige-se a ele, a JE pasma a olhar, tinha sido minha colega de turma no ciclo preparatório (leia-se, actual 5º ano), nem por isso uma amiga do peito - que, surpresa das surpresas, também era demasiado séria para fazer parte do núcleo de amizades mais próximas. E andava na minha Faculdade, quando nos cruzávamos havia apenas um vago aceno de cabeça, na incerteza mútua de reconhecimento! A ele é que não agradou muito esse conhecimento prévio, foi conversar para outra mesa, porque "eu estava a estudar". Talvez, se ele tivesse permitido!

Com quase todos esses "colegas" circunstanciais houve comemoração com espumante lá no "entulho", assim que alguém acabava o curso - todos nos alegrávamos com os sucessos estudantis próprios e alheios! (e sim, ele acabou por casar com a minha ex-colega, o filho mais velho acabou agora o curso, o mais novo vai entrar no 10º ano). É booooom, rever antigos companheiros!!!

19 comentários:

  1. Melhor que vê-los é reconhece-los e que nos reconheçam, hehehe!

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  2. É bom demais!
    E junto com eles as recordações e ao mesmo tempo uma sirene!
    - O tempo passa muito rápido :P

    beijokas e boa semana

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  3. Sabe sempre bem encontrar velhos colegas. Ainda ontem à saida do cinema encontrei um!

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  4. è mesmo muito bom.....eu também fico muito contente quando encontro antigos colegas de escola.

    E como tu também eu conheci o antigo pro-pedêutico....ahahahahah
    Isto é o que Roberto Carlos chamava a "Velha Guarda"....hihihih

    Beijokitas

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  5. e sem darmos conta voltamos a viver, em poucos segundos, tantas coisas que nos marcaram...
    é boooomm! sem duvida.

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  6. Não encontraste o Sócrates?
    Ou não era Domingo?

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  7. É mesmo!
    De dois em dois anos, a minha antiga turma do 12º ano reune-se para uma jantarada. São bons momentos que passamos a recordar...

    Beijinhos!

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  8. Vou colocar o comentário que fiz na parisiense auqi, não vás não o ver. Ora aqui vai:

    "...Teté linda, não era para ficares chateada.
    Eu não quero é incomodar! ;-)
    Mas tens razão. Na altura deviam arranjar óculos em muitos sitios, não haja dúvida.
    Iam à feira de Carcavelos e lá estavam eles a vender óculos de todas as cores e feitios.
    ahahahahah

    ..."

    Beijocas
    ;-)

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  9. eh pá, encontrar antigos colegas é sempre um embaraço do caraças. a maior parte das vezes tento escapar-me porque não tenho nada que dizer e as conversas seriam uns largos minutos de generalidades e tretas sem sentido, às vezes lá calha um "Tudo Bem? Então que tal? Já há muito tempo!"

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  10. Pois, SUN, isso foi fase que já passou, quando se tem dúvidas que nos reconheçam e nem se fala... ;)

    Passa sim, MYLLANA, tanto as recordações como essa sirene... :)
    C'est la vie!
    Beijocas!

    Também gosto de os reencontrar, RODERICK, antigos e até mais recentes. Porque a vida vai afastando as pessoas dos seus núcleos, por razões alheias à própria vontade! 8-o
    Quanto ao segundo comentário, epá, não me lixes, alguma vez ficava chateada contigo por causa de um assunto desses?! :h É que não, MESMO!!! :g
    Beijocas, amigo!

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  11. Ui, PARISIENSE, suponho que não apanhaste o primeiro ano daquela bagunça, que aquilo foi uma cena em que ninguém se entendia. Com aulas via TV e tudo, ainda não havia escolas (públicas ou privadas) a leccionar, nem os programas se conheciam... :-/ Segundo creio, melhorou nos anos seguintes (ou mais ou menos?)! :p
    Beijokitas, nina!

    É verdade, VÍCIO, em poucos minutos desfolhámos as novidades mais recentes, se bem que presentes estivessem essas mais antigas... :)

    Às vezes aparecia por lá um cretino ou outro, CAPITÃO, mas com esse nome, só na livralhada... e nunca ao Domingo! (descanso do pessoal, 'tás a ver?!) :e

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  12. A minha turma do 7º ano (actual 11º) reuniu-se ao fim de 10 anos, MATCHBOX32, e foi giro! Ficámos de nos voltar a encontrar uns 5 anos depois, mas a organizadora (que não era eu) desistiu: as pessoas nem a reconheciam pelo nome, quando lhes telefonava! Pessoalmente, tenho pouca pachorra para malta "tão esquecida"... :-o
    Beijinhos!

    Oh, MOYLITO, deves ser daqueles que quando vejo faço (fazia, né?) uma festa e depois de uma sobrancelha levantada, de um olá com voz ténue e dos tais "tudo bem!" fogem a sete pés! :))
    Enfim, cada qual é como é! ;)

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  13. eh pá, é um bocadito assim, mas eu não sei que hei-de dizer. acho que não tenho assunto e depois iria ficar ali, a arrastar-me e a pensar: "olha a figurinha que devo estar a fazer". para evitar isso :)

    [outra coisa, só me lembro das caras. nomes... chapéu]

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  14. Até eu deliro -ou não- com o rever de alguns antigos colegas de liceu, preparatória e primária :D. Mas, o maior choque de todos foi qd revi o antigo mister liceu, supostamente o jove mais binito do sitio...quase que não o reconheci, de tão gordo que está...8-o

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  15. Bom, MOYLITO, na verdade também já retemperei as minhas "festas"! :-L Começo com um sorriso, :) se vir que não há correspondência, passo ao lado... :g
    Nomes, nem sempre, às vezes surgem mais depressa as alcunhas... :e

    As da primária e da preparatória não sei se as reconheço todas, VANI, que algumas já não as vejo desde essa época... remota! :] E tinham cara de miúdas, como é evidente!!! E alguns e algumas do liceu também prefiro não reconhecer... :h
    Quanto aos restantes, como era o caso, pois, se vir que me estão a "enxotar", também me piro de fininho... ~xf

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  16. Propedêutico é a uma referência comum, pelos vistos. Nessa altura andava eu na idade de romantismos e a vender auto-colantes!!!

    De qualquer modo estas lembranças são únicas, para as gerações mais recentes talvez sejam incompreensíveis.

    O teu texto, Teté,
    como sempre expressivo, fez-me relembrar muitas caras, muitos nomes, do paradeiro destas pessoas não sei. O que ficou bem vivo na minha memória foram as manifestações estudantis gigantescas, em Lisboa, onde fui duas vezes. Como era tão novinha!

    Nem sei se ria ou...outra coisa. Mau-mau, dizem que não é bom ter saudades da juventude!!!

    Beijinhos
    Isabel

    p.s. de facto ando preguiçosa e até fazer uma nova publicação tenho de assentar bem as ideias, o que comigo é coisa irritante, elas saem-me em catadupa.

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  17. Começo por te dizer que "Mais vale tarde do que nunca". Qquero dizer que só agora venho cá deixar comentário por impossibilidade de o fazer quando utizo webproys para aceder ao blogue, e isto porque não sei bem porq, simplesmente não me surge no monitor o botão: "Enviar comentário".

    Agora sobre o post, quando estava a cumprir o serviço militar reencontrei vários colegas de escola, depois mais raramente voltou a acontecer. Interessante mesmo é que uma das tais colegas, aquelas com as quais se um certo tipo de relacionamento mais platónico a certa altura da juventude, vive no mesmo prédio que eu há vários anos. Não me lige nenhuma, snifff...

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  18. Pois, essas "hormonas aos saltos" próprias da adolescência, também não ajudavam nada à concentração nos livros de estudo, ISABEL! :))

    Nem essas lutas partidário-estudantis, embora nessa altura já me tivesse deixado disso... ;)

    Mas suponho que há sempre momentos que foram únicos para nós, não vejo nada de mal ao recordar essas pessoas e esses tempos, com um sorriso nos lábios, nada de saudosismos exacerbados! :D

    Beijinhos!

    ps - há dias assim, que pretendo escrever sobre tanta coisa e depois... não sai nada de jeito!

    ps1 - estes dois últimos comentários escaparam-me, é o que dá as pressas e o atraso na leitura do livro...

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  19. Às dúvidas informáticas também não te sei responder, PAULOFSKI! :-/

    Quanto a encontros e reencontros, pois, às vezes não nos dizem nada, outras sabem tããão beeem! :))

    Mas felizmente que não encontro antigos amores (platónicos ou outros) aqui pelas redondezas... :D

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)