O escritor e dramaturgo britânico Somerset Maugham escreveu este livro em 1925, tendo como base do enredo um adultério: Kitty, uma jovem bela e fútil é incentivada pela mãe a encontrar um pretendente rico, mas ao fim de meia dúzia de anos a tarefa mostra-se inglória; quando a sua irmã mais nova (e menos dotada fisicamente) fica noiva do filho de um baronete ela então decide casar-se com Walter Fane, o bacteriologista oficial de Hong Kong, que se apaixona por ela durante umas férias em Londres; depois de casada depressa descobre que o trabalho do marido não lhe dá grande status social e que ele é um homem demasiado sério para a convivência do casal ser divertida; por outro lado, o assédio constante de Charles Townsend, vice-governador local, acaba por a seduzir e Kitty apaixona-se perdidamente. Até ao dia em que o marido descobre o adultério e dá-lhe a escolher entre duas opções: ou o divórcio (que arrastará o nome dos amantes pela lama, já que Charles também é um homem casado) ou acompanhá-lo até Mei-tan-fu, na China, para onde foi destacado como médico e bacteriologista, para tentar acabar com uma epidemia de cólera que tem matado grande parte da população. E como Charles se recusa a abandonar a sua mulher e as suas ambições políticas de vir a chegar a governador, Kitty não tem outro remédio senão seguir o marido. Apavorada, evidentemente.
No entanto, para lá do triângulo amoroso, Maugham dá-nos a conhecer algumas facetas da vivência na China dos anos 20 do século passado, com usos e costumes que hoje nos parecem estranhos e distantes -longas viagens em liteiras, conventos católicos encalhados no meio de montanhas inóspitas ou surtos de cólera que chacinam populações inteiras. Ou outras que ainda se verificam naquela parte do mundo, como meninas abandonadas à nascença pelos simples facto de nascerem do sexo feminino.
Os capítulos curtos, os diálogos contundentes e as descrições pitorescas mas não demasiado alongadas contribuíram para uma ausência de discussão no Clube de Leitura: 293 páginas que se leram com bastante prazer e longe de se encontrarem desatualizadas, apesar de terem sido escritas há quase um século. Muito bom!
Citações:
"E esse é o primeiro requisito para um homem entrar para o Governo. Eles não querem homens inteligentes; os homens inteligentes têm ideias e as ideias causam problemas; querem homens com charme e tacto e que lhes dêem a garantia de não virem a fazer nenhum disparate."
"Quando tudo durava tão pouco e nada tinha grande importância, era uma pena que as pessoas, dando um valor absurdo a objectos triviais, se fizessem a si próprias e aos outros tão infelizes."
A próxima sessão do Clube de Leitura será a 10 de maio, com o livro "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino.
No entanto, para lá do triângulo amoroso, Maugham dá-nos a conhecer algumas facetas da vivência na China dos anos 20 do século passado, com usos e costumes que hoje nos parecem estranhos e distantes -longas viagens em liteiras, conventos católicos encalhados no meio de montanhas inóspitas ou surtos de cólera que chacinam populações inteiras. Ou outras que ainda se verificam naquela parte do mundo, como meninas abandonadas à nascença pelos simples facto de nascerem do sexo feminino.
Os capítulos curtos, os diálogos contundentes e as descrições pitorescas mas não demasiado alongadas contribuíram para uma ausência de discussão no Clube de Leitura: 293 páginas que se leram com bastante prazer e longe de se encontrarem desatualizadas, apesar de terem sido escritas há quase um século. Muito bom!
Citações:
"E esse é o primeiro requisito para um homem entrar para o Governo. Eles não querem homens inteligentes; os homens inteligentes têm ideias e as ideias causam problemas; querem homens com charme e tacto e que lhes dêem a garantia de não virem a fazer nenhum disparate."
"Quando tudo durava tão pouco e nada tinha grande importância, era uma pena que as pessoas, dando um valor absurdo a objectos triviais, se fizessem a si próprias e aos outros tão infelizes."
A próxima sessão do Clube de Leitura será a 10 de maio, com o livro "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino.
Nunca li mas parece-me que iria gostar. No ano passado li "As cidades invisíveis". Gostei bastante. Uma escrita mágica sobre cidades imaginadas.
ResponderEliminarNestas últimas semanas apesar de ter evitado a leitura no computador sempre fui lendo umas páginas antes de dormir. Acabei A sentinela de Zimler e comecei Mentiras e diamantes de Rentes de Carvalho.
Também li "A Sentinela" de Zimler, mas ainda não deu para escrever sobre o livro, LUISA. Com o qual não fiquei completamente convencida... De Rentes de Carvalho nunca li nada, mas já ouvi falar bastante, na blogosfera.
EliminarConheço, razoavelmente, a obra de Somerset Maugham e não é de agora. tenho cá em casa, algures numa prateleira no sótão, onde guardo os livros lidos e relidos, "Servidão Humana" e "O Gume da Navalha".
ResponderEliminarEste "Véu Pintado" que nos descreves parece muito interessante, como não podia deixar de ser.
As citações acicatam a vontade de o ler. Quanto a essa crueldade das crianças do sexo feminino serem abandonadas à nascença, ´na China, já Pearl Buck descrevia esses horrores, em muitos dos seus livros, já que lá viveu muitos anos, no início do século passado.
Acho uma maravilha esses Clubes de Leitura, uma forma de partilhar opiniões acerca do que se lê. Por aqui, não tenho conhecimento de nenhum.
Um beijo e boas leituras, Teté!
A ídeia do Círculo Literário foi roubada do Clube de Leitura da nossa amiga.
EliminarContinua com grande sucesso e todos os membros estão eternamente gratos à TETÉ.
Beijinho e boas leituras a ambas!
JANITA, nunca li "A Servidão Humana" e "O Fio da Navalha" já li há muitos anos, de modo que foi quase como ler o autor pela primeira vez. De Pearl Buck li muitos livros na adolescência, que a mãe de uma amiga minha emprestava-mos - daí não saber os seus títulos. E sim, lembro-me bem de ela referir as meninas por vezes assassinadas à nascença, povos em fuga devido à fome ou outras desgraças naturais, da "moda" de enfaixarem os pés às raparigas e outras barbaridades.
EliminarO Clube de Leitura não foi ideia minha: uma amiga perguntou-me se não achava boa ideia organizar um no nosso círculo de amigos e ficámos as duas entusiasmadas. A primeira sessão foi em janeiro de 2007 e continua até hoje... Mas é um compromisso leve: se por acaso alguém não teve tempo de ler o livro, pode participar à mesma, pois simultaneamente serve de convívio... :)
Beijocas
E eu gostei de explicar como funciona e de saber que o teu Círculo continua a ter o entusiasmo das suas participantes, EMATEJOCA! :)
EliminarContinuação de boas leituras!
Como já te disse , de Somerset li tudo ou quase.
ResponderEliminarPara falar da China , temos a Pearl Buck, de quem li também muita e muita coisa.
Boa semana e dorme bem
É, SÃO, conheço melhor os livros da Pearl Buck que de Maugham, uma vez que este foi o segundo livro que li dele... :)
EliminarBons sonhos!
Somerset Maugham é um escritor injustamente esquecido por mim, embora eu tenha na minha juventude lido quase toda a sua obra como por exemplo o Véu Pintado. Também vi o filme baseado neste romance.
ResponderEliminarA Servidão Humana são 600 páginas de boa literatura.
Italo Calvino é um dos maiores escritores italianos do século XX.
Se Numa Noite de Inverno Um Viajante é uma pequena obra-prima.
Desejo-te que a próxima semana te traga tudo que há de bom, Teté!
Não vi o filme, mas se o apanhar por aí não escapa, EMATEJOCA! A versão mais recente com Edward Norton, claro...
EliminarJá és a segunda pessoa a referir esse título de Calvino, pelo que depreendo que seja das suas obras mais emblemáticas. Mas o escolhido foi o outro...
Obrigada, bem vou precisar!
Li o livro há muito tempo e vi o filme duas vezes. Adoro o livro e gosto muito dos artistas nos papéis principais, principalmente, de Edward Norton.
ResponderEliminarTambém sou fã de Norton, mas o filme escapou-me, CATARINA. Não podemos ir a todas... :)
Eliminar(Ainda) não li.
ResponderEliminarFica registada mais uma sugestão.
Beijocas e votos de boa semana!
Sugestões por aqui não faltam, PEDRO! :)
EliminarBeijocas
Não li...mas parece interessante!
ResponderEliminarAbraço
E é, ROSA! :)
EliminarAbraço
~ Felicito a tua escolha.
ResponderEliminar~ Ecelente sinopse, acompanhada de oportunas citações.
~ ~ ~ Um dia realmente bom. ~ ~ ~ Beijocas. ~ ~ ~
A escolha por acaso não foi minha, mas de uma parceira do Clube de Leitura, MAJO. Mas o importante é que todas gostámos...:)
EliminarBeijocas
Gosto muito de Somerset Maugham, mas este não li. Gostei do resumo e das citações que escolheu.
ResponderEliminarBeijinhos
Somerset Maugham tem uma obra extensa, CARLOS, nem sei se alguns dos seus livros se encontram disponíveis nos tempos que correm. As editoras têm a péssima mania de deixar esgotar as obras e não voltar a editar...:P
EliminarBeijocas
Há alguns anos tive uma verdadeira paixão pelo SMaugham nesse verão mal acabava um corria para a Livraria a comprar o seguinte...de Italvino só li um de Contos gostei muito mas só tenho esse.
ResponderEliminarObrigada, Teté por estas opiniões tão úteis e agradáveis.
xx
Conheço mal a obra de Somerset Maugham, PAPOILA, já que este é o segundo livro que leio dele e o primeiro já li há bué... De Calvino não conheço nada, mas tenho ouvido maravilhas: espero não ficar desiludida com as grandes expetativas! ;)
EliminarNada que obrigadar, sempre gostei de escrever sobre livros! :)
xxx
Excelente escolha este não li, mas gosto de ler Somerset.
ResponderEliminarBoa semana princesa
beijinho e uma flor
Pelos vistos, quase toda a gente gosta de Somerset, FLOR DE JASMIM! :)
EliminarBeijocas floridas!
Nunca li nada do autor, mas tenho imensa curiosidade de começar pela "A Servidão Humana".
ResponderEliminarBeijinho
Esse nunca li, TONS DE AZUL, mas estou a pensar que se o encontrar na Feira do Livro... também marcha! :)
EliminarBeijocas