Talvez não tenha sido a melhor leitura para trazer de férias, mas facto é que já tinha lido as primeiras páginas em Lisboa. Que, assim como assim, me lembraram vagamente o filme "A Janela Indiscreta", de Alfred Hitchcock, embora com umas tonalidades mais negras. Mas se no primeiro capítulo encontramos um homem solitário e amargurado - após a perda da mulher e da filha num incêndio - que passa os dias a seguir outros homens ou a observar a vida dos vizinhos da janela de um apartamento londrino, no segundo o cenário muda de figura: ainda em Londres, e durante os bombardeamentos da II Guerra Mundial, Joseph e a sua mulher Helena ficam soterrados num abrigo, construído debaixo da casa onde residiam e que se tornou num amontoado de escombros. Durante um tempo (propositadamente) indefinido, mas suficientemente prolongado para se assemelhar a uma história de terror.
Quatro capítulos e 214 páginas depois descobrimos os elos que unem as diferentes personagens, se bem que pelo meio e nas histórias entrecruzadas algumas pareçam fantasmagóricas ou sonhos e pesadelos resultantes de noites mal dormidas ou de passados mal resolvidos. Quer dizer, se bem entendi, porque não tenho a certeza de ter entendido todas as ligações, nas sequências de um tempo vago e longínquo.
Dito isto, gostei da escrita de João Tordo e da estrutura original do enredo que se completa tipo puzzle, à medida que vamos avançando na leitura. Mas não tanto das histórias sombrias, solitárias e soturnas dos "homens sem luz"...
Mesmo assim, espero que a próxima leitura seja mais adequada à beira-mar!
Mesmo assim, espero que a próxima leitura seja mais adequada à beira-mar!
Citações:
"Compreendia que a nação se encontrasse em guerra; compreendia´até que o mundo inteiro se encontrasse em guerra. Mas não compreendia que inimigos eram estes que nunca tinha visto, e que lhes tinham destruído a casa, que era a única coisa que tinham."
"Nesses momentos de solidão - uma solidão tão potente e irrevogável que julgava ouvir vozes à distância - parecia-lhe que o único destino possível era extinguir a luz e deitar-se sobre o colchão, onde se abandonaria. Parecia-lhe que o único final era apodrecer."
"Senti-me aterrorizado ao ver a gigantesca montanha de escombros, algo irreconhecível que não fazia lembrar uma casa, mas a imagem exacta do que acontece à própria existência dos homens, ruína atrás de ruína."
Nunca li nada dele.Mas gostei das entrevistas , escritas e orais.
ResponderEliminarCom um título desses, não surpreende que as estórias sejam sombrias...
Abraço e continuação de boas férias...e , se me permites, para compensar lê "Salve-se Quem Puder" de Lawrence Durrell
Também foi o primeiro livro de João Tordo que li, SÃO! Mas tens razão, com este título, já devia esperar... ;)
EliminarNão esqueci a sugestão, mas para já trouxe os livros a ler e não tenciono comprar mais... :)
Abração!
Como já tenho dito muitas vezes, à beira-mar já não leio! : ) Por razões tb mais que conhecidas ...
ResponderEliminarCATARINA, o meu "beira-mar" é mais na esplanada da praia ou da piscina, de vez em quando também adio a leitura e fico a observar a gente que me rodeia... :)
EliminarOntem estive na casa de uma amiga e vi em cima da mesa da sala “As Três Vidas” de João Tordo. Claro que lhe pedi logo emprestado. Ainda não o acabou de ler; diz-me que está a gostar. E como sabe que gosto muito de Miguel de Sousa Tavares e teve conhecimento do lançamento do seu último livro que mo vai trazer quando regressar de férias! Será a sua prenda. Todos os anos recebo um livro de um autor português desta minha grande amiga! : ) Vivam as grandes amigas! : )
EliminarBom, CATARINA, de Tordo só li este e o outro de Miguel Sousa Tavares também ainda não li (nem comprei). Demasiados livros para ler nos próximos tempos, vão atirar essas leituras para outra altura... ;)
EliminarMas se entretanto os leres, diz o que achaste! :)
Vivam as grandes amigas! :D
Concordo, ler coisas que envolvam luz ou electricidade perto da água pode ser perigoso. Beijoca!
ResponderEliminarUi, que sorte a minha eles não terem luz, RAUF! Já viste o perigo??? :)))
EliminarBeijocas!
Tétéamiga
ResponderEliminarConcordo contigo. O João Tordo (que escreve bem) neste O Livro dos Homens sem Luz é quase tétrico. Para se chegar a esse estado não e preciso mais do que tentar perceber um discurso de Sua Insolência o Palhaço que vive em Belém. É que homens sem luz nem conseguem encontrar o fim do túnel. Por pouca sorte minha comecei a ler o livro - e não o terminei. Mas o que li chegou-me para dizer já chega!
Qjs
Henrique
"Homens sem luz" não conseguem encontrar o fim do túnel, HENRIQUE, e alguns ainda se dão ao luxo de insolências e palhaçadas. Mas no caso do livro, mesmo que meio tétrico, era só ficção, na vida real cai muito pior. E, na realidade, também preferia que já chegasse! :P
EliminarBeijos (e queijos)!
Creio que nunca li nada do João Tordo. Uma lacuna que tentarei preencher. Já ouvi elogios a Hotel Memória e Três Vidas, talvez comece por um deles, se bem que este também me deixou curioso.
ResponderEliminarBeijinhos
Se gostar de leituras mais leves de férias, leia sem ser em férias, CARLOS, que pelo menos este é um bocado pesado... :)
EliminarBeijocas!