Seis contos "confeccionados" por seis mãos diferentes, que têm em comum girarem em torno de receitas com chocolate, dá nisto: uma saborosa amálgama, para todos os paladares! De leitura, que as receitas não experimentei!
Assim, Alice Vieira dá-nos a conhecer uma triste mulher enclausurada na própria casa durante dez anos, que se alimenta de filmes a preto e branco da Audrey Hepburn e centra os seus dias na cozinha e no Livro de Pantagruel, enquanto inventa estranhos provérbios da sua lavra: "quando o passado avança, o presente amocha", "para que a dor não mate se inventou o chocolate" ou "vida acabada, louça lavada".
Mais hilariante, a história de Catarina Fonseca podia ter sido argumento de um filme de Charlot, como se percebe nesta passagem: "Ó mãe, não vou, desculpa lá. Quantas vezes tenho de te dizer que odeio casamentos? Toda a gente passa a vida a dizer que já acabou o meu prazo de validade, haha, o pai acaba bêbedo a atirar-se para a piscina, tu acabas bêbeda a dizer que ele te deixou porque não sabe distinguir uma mulher de um tucano, depois querem sempre casar-me com o primo Juca que planta rosas na Madeira, é gay desde que nasceu e mesmo assim acham que é um óptimo partido e o ele ser gay não tem importância nenhuma, até é uma sorte, é da maneira que não tenho de olhar para o tecto e pensar na Inglaterra." Lógico que foi...
A ambição reinante serve de mote a Isabel Zambujal: por uma razão ou por outra, todas as suas personagens são cativadas pelo brilho de uma taça de cristal, "desconhecendo o seu terrível e gelado destino". E mergulham de cabeça!
Dócil, obediente e submissa, assim aparentava ser Ágata, menina de refinada educação com dotes de doceira, a quem todos chamavam Doce. Sentimental, "acreditava na plenitude eterna do amor", quando se apaixonou por José. Contudo, com as imposições maternais a um namoro recatado aprendeu a arte de improvisar, de ser sonsa, mentirosa e sem vergonha. Casou e a vida foi seguindo harmoniosa, durante dois, cinco, dez e vinte anos. "Não passou pela cabeça de José que naquele exacto dia eu tivesse a certeza de que ele tinha estado com outra mulher: Porquê? [..] Quem pode cheirar a Feno de Portugal ao fim de um dia de trabalho? Só quem acabou de passar uma água pelo corpo, a apagar sinais de outro corpo no seu." Como reagirá esta mulher perante a traição? Leonor Xavier revela...
Maria do Rosário Pedreira confessou não possuir nenhum talento para culinária mas, graças à magia da escrita, transformou a sua protagonista (Rosemary) numa cozinheira de mão cheia, que dá cursos nessa área e a vários níveis. Enquanto decide qual os pratos a ensinar - mesmo no básico tinham de "ser minimamente criativos, sob o risco de os pretendentes a cozinheiros se sentirem a brincar com os tachinhos em casa da avó" - secretamente não resiste a dar um empurrãozinho ao destino e "corrigir nos outros uma solidão que, nela, parecia decididamente colada à pele." Um romance pode nascer na cozinha? Porque não? (Nota: curiosamente, na receita final, a escritora esqueceu-se de juntar o chocolate à massa, embora seja fácil adivinhar quando! Ela avisou...)
Por seu turno, Amparo, a personagem retratada por Rita Ferro, representa a mulher de alta sociedade histérica, frustrada e vingativa - devido a "um marido cumpridor na fachada, escorregadio na intimidade e safado nas costas" - que educa os filhos à chapada e despede a criadagem à mínima falha, "cenário de tantas casas portuguesas daquela época". Há quem prefira chocolate amargo, certo?
Seja como for, este livro abre o apetite para a leitura... Saboreiem!
Vida acabada, louça lavada? E porque não "vida acabada, roupa passada"?
ResponderEliminarBeijoca!
Certo! Eu prefiro chocolate preto, perfeito para o meu paladar requintado ~b.
ResponderEliminarE assim encontrei a prenda perfeita para a mais doce das mães. Espero depois saborear uma dessas receitas.
Ena...andava há que tempos para trazer este livro comigo (não é só por causa do "aroma" a chocolate") mas agora abriste-me o apetite de vez!!! Apesar de não gostar nada da Rita Ferro...todas as outras histórias parecem-me "deliciosas"! ;)
ResponderEliminarRealmente a "receita literária" não deve ficar nada atrás das receitas do chocolate (um dos meus pontos fracos, desde que com chocolate negro de mín. 70%), que mesmo em tablette, não há um dia em que não "marche" um ladrilhinho com o café ! :))
ResponderEliminar.
SEmpre a abrir-me o apetite.....eu que adoro chocolate ( e acho que não passo um dia sem dar uma dentadinha num...hihihi) e gosto de ler......falta-me é o tempo.
ResponderEliminarMas deste mesmo vontade de ler este, por ser bem disposto.
Beijokitas
a personagem da Rita Ferro é prima da farinha? =))
ResponderEliminarLamento, mas não me convencem.
ResponderEliminar;)
Olá Teté!! Adoro a Rita Ferro, já li vários livros dela. Esse livro parece-me apetecível ehehhe. Mas não posso, o Natal já é sempre uma perdição calórica e esse livro seria um sem fim de tentações. É que estou quase a ir visitar o Theo e se chego lá a rebolar ele manda-me de volta a nado ehehhehehe.
ResponderEliminarBeijos.
RAFEIRITO, por acaso no contexto do conto faz uma enorme diferença... :))
ResponderEliminarBeijocas!
Chocolate preto para paladares requintados, PAULOFSKI??? :D
ResponderEliminarOk, espero que a "mais doce das mães" aprecie o livro e tu... as receitas! ~b
SU, a Rita Ferro ao vivo é muito simpática (só a vi duas ou três vezes, note-se!), quanto à escrita tem os seus fãs, uns mais do que outros, logicamente... ;)
ResponderEliminarQuanto às receitas com chocolate, ainda não experimentei! :D
Ah, RUI, eu prefiro bombons de chocolate docinho! Chocolate amargo, só mesmo para receitas culinárias... Gostos, evidentemente! :))
ResponderEliminarEste livro lesse num ápice, PARISIENSE! Até com pouco tempo para ler... ;)
ResponderEliminarTambém é raro passar um dia sem um bombonzinho! Estou a ficar gulosa, é o que é... =))
Beijokitas!
Sim, VÍCIO, e também parece que tem uma escola de condução... :e
ResponderEliminarEstou aqui para convencer alguém, REIZÃO??? :D
ResponderEliminarDo próximo (o que estou a ler actualmente) tenho quase a certeza que ias gostar, embora não seja do Cardoso Pires... ;)
Epá, PSIMENTO, ninguém engorda assim tanto num mês, mesmo com o Natal e tudo, para chegar lá a rebolar... =))
ResponderEliminarBeijocas!
chocolate... não muito, obrigado. gosto muito, mas de muito pouco :)
ResponderEliminarQuem disse isso, caríssima Teté?
ResponderEliminarSaudinha para o feriado...
;)
E não refiles, que arrebento tudo debaixo de uma bota!
ResponderEliminarEheheheh!
Ando a beber bagaço de armazém...
Gosto muito e de quase todo, MOYLITO, na categoria de doce, que amargo nem por isso... :))
ResponderEliminarAh, já cá faltava a bota a rebentar tudo, REIZÃO!!! =))
ResponderEliminarVê lá, não exageres no bagaço, senão a saudinha vai-se... :D
Muita saudinha também para ti!
aiiii e eu q comi ontem uma tablete inteira de chocolate com avelãs... :D
ResponderEliminarvenha mais esta tablete! :):)
VANI... sua GULOSA!!! ~b
ResponderEliminarVais gostar desta tablete, se não de todas, pelo menos de algumas das histórias! :D