Quando o Carlos Barbosa de Oliveira escreveu sobre este livro no seu blogue "Crónicas on the rocks", eu própria tinha acabado de o ler há poucos dias. Com a diferença que ele é grande fã do escritor, mas por aqui foi a primeira vez que o li. E, tanto quanto julgo saber, este género "policial psicológico" não é habitual nas suas obras, mais viradas para romances históricos.
Dito isto já há alguns anos que estava curiosa de ler Zimler, principalmente porque duas grandes amigas têm opiniões diametralmente opostas: uma que os livros dele são uma estopada, a outra que é um escritor fantástico e imperdível. Ora nestas questões alinho mais no ler para crer... Parece-me agora é que comecei pelo livro errado - não o escolhi por gostar de policiais (embora começar por aí se tornasse mais cativante), mas por ser o mais recente à venda no Círculo dos Leitores.
Bom, como policial, considerei muito fracote: Pedro Coutinho, um abastado construtor civil, é assassinado e Henrique Monroe, um inspector da Polícia Judiciária, é chamado a investigar o caso. As suspeitas seguem em dois sentidos: o envolvimento do empresário em casos de corrupção que alguém deseja abafar ou de tentar defender a filha adolescente de um caso de assédio sexual. Mas o crime depressa passa para um plano secundário, ao descobrirmos o segredo que tanto atormenta o inspetor e como ele também se serve dessa "arma fantasmagórica" para avançar na investigação. Para tal, muitas destas 424 páginas são passadas a descrever a infância infeliz de Monroe e do seu irmão mais novo, a relação muito próxima que ainda mantém com ele na atualidade e o seu dia a dia com a mulher e os dois filhos do casal. Resumindo: um enredo um bocado confuso, sem sabor a carne ou peixe.
No entanto, não li tantas páginas só para ver como acabava: a escrita é apelativa, mas onde o livro me parece ter mais mérito é no retrato realista que faz do nosso país, com a crueza de quem nasceu americano e decidiu viver em Portugal há mais de duas décadas (e naturalizar-se português). Agora está visto é que terei de ler outro livro mais caraterístico de Zimler, para formar uma opinião mais abalizada...
Citações:
"De perfil, parecia mais velha - e dava a sensação de ter acabado de compreender que se afastara tanto de tudo que sempre sonhara que nunca conseguiria voltar a onde queria estar."
"O Alentejo não tinha nada de monumental - nem montanhas com cimos de neve nem morros altaneiros como no Oeste americano -, mas as casas caiadas e as ruas calcetadas exibiam uma tal ordem e limpeza, e a variedade de verdes das suas paisagens era tão tranquilizadora - como um sonho de criança que tivesse tomado forma - que parecia ser o sítio perfeito para mim e para os miúdos."
"- Vamos andar todos a pedir pelas ruas antes de darem cabo de nós. É o que eles querem.
- Eles quem? - perguntou Ernie.
- Os que fazem as regras... O FMI e as agências de notação, os banqueiros e os tipos da bolsa... Dormem com os canalhas que governam este país. Todos eles sujeitinhos de fato de marca que vivem em Cascais e no Estoril..."
"Ao mesmo tempo, apercebi-me que o nosso sistema de filtragem estava gravemente avariado: em vez de rejeitar as pessoas mais corruptas, o aparelho político permitia-lhes subir até ao topo." (na página 369, e após um resumo muito elucidativo da "licenciatura" de Miguel Relvas na Universidade Lusófona)
Dito isto já há alguns anos que estava curiosa de ler Zimler, principalmente porque duas grandes amigas têm opiniões diametralmente opostas: uma que os livros dele são uma estopada, a outra que é um escritor fantástico e imperdível. Ora nestas questões alinho mais no ler para crer... Parece-me agora é que comecei pelo livro errado - não o escolhi por gostar de policiais (embora começar por aí se tornasse mais cativante), mas por ser o mais recente à venda no Círculo dos Leitores.
Bom, como policial, considerei muito fracote: Pedro Coutinho, um abastado construtor civil, é assassinado e Henrique Monroe, um inspector da Polícia Judiciária, é chamado a investigar o caso. As suspeitas seguem em dois sentidos: o envolvimento do empresário em casos de corrupção que alguém deseja abafar ou de tentar defender a filha adolescente de um caso de assédio sexual. Mas o crime depressa passa para um plano secundário, ao descobrirmos o segredo que tanto atormenta o inspetor e como ele também se serve dessa "arma fantasmagórica" para avançar na investigação. Para tal, muitas destas 424 páginas são passadas a descrever a infância infeliz de Monroe e do seu irmão mais novo, a relação muito próxima que ainda mantém com ele na atualidade e o seu dia a dia com a mulher e os dois filhos do casal. Resumindo: um enredo um bocado confuso, sem sabor a carne ou peixe.
No entanto, não li tantas páginas só para ver como acabava: a escrita é apelativa, mas onde o livro me parece ter mais mérito é no retrato realista que faz do nosso país, com a crueza de quem nasceu americano e decidiu viver em Portugal há mais de duas décadas (e naturalizar-se português). Agora está visto é que terei de ler outro livro mais caraterístico de Zimler, para formar uma opinião mais abalizada...
Citações:
"De perfil, parecia mais velha - e dava a sensação de ter acabado de compreender que se afastara tanto de tudo que sempre sonhara que nunca conseguiria voltar a onde queria estar."
"O Alentejo não tinha nada de monumental - nem montanhas com cimos de neve nem morros altaneiros como no Oeste americano -, mas as casas caiadas e as ruas calcetadas exibiam uma tal ordem e limpeza, e a variedade de verdes das suas paisagens era tão tranquilizadora - como um sonho de criança que tivesse tomado forma - que parecia ser o sítio perfeito para mim e para os miúdos."
"- Vamos andar todos a pedir pelas ruas antes de darem cabo de nós. É o que eles querem.
- Eles quem? - perguntou Ernie.
- Os que fazem as regras... O FMI e as agências de notação, os banqueiros e os tipos da bolsa... Dormem com os canalhas que governam este país. Todos eles sujeitinhos de fato de marca que vivem em Cascais e no Estoril..."
"Ao mesmo tempo, apercebi-me que o nosso sistema de filtragem estava gravemente avariado: em vez de rejeitar as pessoas mais corruptas, o aparelho político permitia-lhes subir até ao topo." (na página 369, e após um resumo muito elucidativo da "licenciatura" de Miguel Relvas na Universidade Lusófona)
~ Vou esperar pela segunda opinião.
ResponderEliminar~ Já passei a fase de ler para apreciar a qualidade de um bom texto, agora não dispenso uma boa história, que me entusiasme.
~ ~ ~ Beijocas. ~ ~ ~
Também gosto acima de tudo de uma boa história, MAJO, mas um bom texto nunca é de desprezar... :)
EliminarBeijocas
Gosto dele mas não posso opinar sobre este livro porque ainda não o li nem o tenho na lista a ler proximamente!
ResponderEliminarMas já fiquei com uma ideia!
Abraço
Pois, ROSA, com tanto excelente livro para ler, para quê perder tempo com alguns menos conseguidos? A não ser que calhe, evidentemente... ;)
EliminarAbraço
Gosto de policiais com um impacto psicológico intenso, no género dos livros de Elizabeth George ou Patrick Redmond, se este "Sentinela" de Zimler, o consideraste de nível fracote, fica desde já fora da lista...:)
ResponderEliminarSe bem que essa citação escrita a verde, me tenha despertado o interesse pelo autor, do qual não li nada.
Vamos ver, se ele me cair nas nãos, pode ser que o compre.
Abraço, boas leituras e vai-nos pondo ao corrente das tuas preferências!
Beijocas.
Tanto o Carlos como a São já apontaram livros melhores do escritor, JANITA (no seu entender, evidentemente!), portanto é preferível seguires por aí: este só se te cair no colo e oferecido! :)
EliminarNormalmente escolho as citações porque me agradaram, achei que tinham algo de relevante dentro do contexto da época ou da realidade. Mas só isso normalmente é pouco... ;)
Abraço, beijocas e boas leituras para ti também!
Este não é, sem dúvida, o melhor livro de Zimler, Teté, mas gostei dele principalmente pelas razões que refere. Se me permite, dou-lhe uma sugestão para ler o "verdadeiro" Zimmler: Meia Noite ou o Princípio do Mundo é, em minha opinião, fantástico, mas tem outras opções igualmente boas: "O último cabalista de Lisboa", " Goa e o Guardião da Aurora" ( este sobre a inquisição) e ainda "À procura de Sana" , sobre o qual já escrevi também no On the rocks.
ResponderEliminarEm lista de espera tenho "A Sétima Porta".
Beijinhos e boas leituras
O próximo que ler de Zimler (o que não será para já) terá em conta essas suas preferências, CARLOS! Pelo menos com o Cabalista, já não é o primeiro a referi-lo como das suas melhores obras... :)
EliminarBeijocas e boas leituras
Ma belle, o primeiro livro dele"o Último Cabalista de Lisboa" acho-o muito bom.
ResponderEliminarSegundo uma amiga minha que leu tudo dele, este mais recente não khe agradou muito.
Sobre o sionismo , o próprio escritor recomendou-me "À Procura de Sana", que está esgotado.
E o nosso amigo Carlos já te deixou aí uma boa lista de sugestões.
Bons sonhos
Pois, SÃO, o "Cabalista.." está bem colocado para ser o próximo a ler do escritor. Mas não para já... ;)
EliminarBons sonhos!
Nunca li nada do autor.
ResponderEliminarFica na lista
Beijocas
Também não tinha lido, até agora, PEDRO! Já agora, aproveite e leia outro... ;)
EliminarBeijocas
TENHO QUE UM DIA LER UM LIVRO DO RICHARD ZIMLER!!!
ResponderEliminarA minha amiga Beatriz não me perdoa, que eu nunca tenha lido nenhum livro do americano.
Grande admiradora da sua obra, só não lhe perdoa, ele ter como companheiro (marido???) um dos homens mais bonitos de Portugal (segundo a opinião dela, eu nunca o vi mais gordo, enquanto que ao americano já o encontrei várias vezes no Porto).
Oh. minha linda, a tua amiga tem razão nas duas coisas, rrrssss
EliminarBom resto de fim de semana
Alexandre Quintanilha é companheiro de longa data de Zimler, não é segredo para ninguém, EMATEJOCA. Agora quanto a ser um dos homens mais bonitos de Portugal, pois, até pode ter sido, mas aos 68 anos não haverá muita gente a afirmar isso tão peremtoriamente... Como nunca o conheci antes deste teu comentário (fui ver a cara dele ao google), não o achei uma grande belezura... :)))
EliminarQuanto a livros de Zimler, não te faltam aí sugestões do Carlos e da São!
Bom, como já expliquei à Ematejoca, não o achei assim tão bonito, SÃO! :)
EliminarBoa semana!
Eu não sei como é que Quintanilha está actualmente , há anos que o não vejo.
EliminarE , depois, também há a questão da proximidade de idades: tu és muito mais nova do que nós.
Eu acho-o principalmente interessante e charmoso mais do que bonito e quanto a inteligência é um intelectual a sério.
Saúde!
SÃO, não sou assim tão mais nova. Mas tens de convir que ao olhar para a cara do homem de 68 anos no google, tenha dificuldade em vê-lo como o mais bonito, interessante e charmoso de Portugal... :)
EliminarNem do seu inteleto tinha ouvido falar, só como companheiro do Zimler! Mas isso é capaz de já ser ignorância minha! :)
Beijocas
Estou um pouco como tu. Este foi o único livro que li de Zimler. Não me encheu as medidas mas li-o com agrado.
ResponderEliminarÉ, LUISA, não foi um sacrifício acabar de ler (sacrifício que aliás não costumo fazer), mas não me encheu assim tanto as medidas... :)
EliminarEm outubro de 2010 li “Hunting Midnight” – não me recordo se gostei ou não! : (
ResponderEliminarPara além de anotar as datas e os títulos dos livros que li, creio que terei que começar a acrescentar uma nota: gostei ou não gostei. : )
Bom, CATARINA, a vantagem de ir escrevendo sobre os livros, é essa mesmo: também relembramos o que mais e menos gostámos em cada um deles... :)
EliminarCom esta canalha
ResponderEliminarjá não há pudor
Estes comentários em spam valem o que valem, PUMA: rigorosamente nada! :P
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