Quase todas as semanas o facebook nos brinda com uma nova polémica. Ou duas ou três. Por vezes fica-nos a dúvida se essas polémicas não são orquestradas de modo a fazer-nos esquecer problemas mais importantes. Mas certo é que as posições se radicalizam, as discussões generalizam-se e de repente todos parecem verdadeiros peritos na matéria, mesmo que na véspera nem sonhassem sobre a existência do assunto.
Esta sobre a decisão unânime da CML em substituir progressivamente a calçada portuguesa - mantendo e preservando a denominada artística, nas zonas históricas da cidade - por outro tipo de pavimento, tem a sua piada. A começar pela própria unanimidade, tão rara de obter com os vários partidos.
Óbvio que o rendilhado do calcário branco e negro é muitíssimo apreciado pela sua beleza, está igualmente presente noutras cidades e/ou países lusófonos. Mas Lisboa tem 7 colinas, logo o piso está longe de ser plano. E os acidentes com pessoas a cair devido aos declives acentuados, às características da pedra escorregadia em dias de chuva ou humidade e/ou ao mau estado do pavimento sucedem-se a um ritmo alucinante.
E a pergunta que se impõe é a seguinte: o que é mais importante para qualquer cidade - um pavimento que todos admiram a beleza ou as condições de mobilidade e de acessibilidade (e não estou a falar só de deficientes ou de velhinhos com dificuldades de locomoção, já que acidentes de "percurso" têm acontecido com todas as faixas etárias) da população que aí reside, trabalha ou visita? E já agora, a beleza não se perde quando o estado do pavimento é este ou similar?
E a pergunta que se impõe é a seguinte: o que é mais importante para qualquer cidade - um pavimento que todos admiram a beleza ou as condições de mobilidade e de acessibilidade (e não estou a falar só de deficientes ou de velhinhos com dificuldades de locomoção, já que acidentes de "percurso" têm acontecido com todas as faixas etárias) da população que aí reside, trabalha ou visita? E já agora, a beleza não se perde quando o estado do pavimento é este ou similar?
(Ambas as fotos são minhas, mas foram captadas em meses e anos diferentes. portanto é provável que o pavimento da segunda já tenha sido reparado.)
Há um blog que costumava visitar com alguma frequência onde “as pedrinhas da calçada” ou falta delas foram (e continuam a ser) tema de vários posts ao longo dos anos; continua a alertar os seus leitores para as condições degradadas da calçada lisboeta. Assim, atrevo-me a palpitar que o passeio da segunda foto continua nesse estado deplorável.
ResponderEliminarNão sei, porque a foto já foi tirada à cerca de dois anos, era só para dar um exemplo, CATARINA. Mas há muitos mais, está claro, daí essa bloguista ter alguma razão nas suas queixas...
EliminarPor aqui, a calçada portuguesa é moda.
ResponderEliminarNum clima húmido, dá origem a alguns percalços :))
Beijocas e votos de boa semana!
Podes crer que dá, PEDRO! :)
EliminarBeijocas
Pessoalmente, acho a calçada portuguesa linda.
ResponderEliminarEvidentemente, deve ser feita a sua manutenção adequada e regular, como em tudo.
Será substituída por que material? Esse também terá que ser cuidado , obviamente e , espero, não tire claridade à cidade.
E por causa das polémicas que, como tum me parecem feitas por vezes como manobra de diversão, já sabes da que existe sobre a Bimby e outra maquineta do género? Chaga-se ao insulto, imagina! Deve andar tudo meio desatinado, rrss
Minha linda, boa semana
Até aí todos concordamos, SÃO: é linda!
EliminarMas 30 calceteiros parece-me manifestamente pouco para dar conta de todas as calçadas lisboetas. E mesmo que deem formações, não é muito garantido que esses jovens queiram seguir a profissão... Bem difícil, por sinal!
Essa da Bimby nem cheguei a ver e ainda bem! :)))
Beijocas
Sem dúvida que a "calçada portuguesa" é bela e deveria ser mantida e bem conservada, mas,... embora isto custe muito a muitos, eu privilegio a segurança em detrimento da beleza e da tradição ! ... Sei que a maioria pensará o contrário, mas esta é a minha opinião !
ResponderEliminarBeijocas, Té ! :))
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Não, RUI, penso exatamente como tu: primeiro as pessoas, depois a beleza e a tradição da calçada! :)
EliminarBeijocas
"às características da pedra escorregadia em dias de chuva ou humidade e/ou ao mau estado do pavimento sucedem-se a um ritmo alucinante". - a sério?!?!
ResponderEliminarSabes que eu NUNCA ouvi falar de um caso? Nunca vi um também. As quedas que dei nunca foram na calçada. As vezes que patinei nunca foram numa calçada portuguesa. Já vi uma pessoa cair no que calhou ser uma calçada, mas foi porque estava distraída e esbarrou com um poste. Não estou a ironizar, estou a falar sério.
Para mim esta proposta não faz sentido algum. Manter a calçada deve ser bem mais económico do que mandar removê-la. O que se calhar acontece é que as pedras são MAIS VALIOSAS a quem as quiser comprar do que ficando no chão. Não me surpreenderia nada... Afinal aqui há uns anos, durante a expo 98 existiu carência deste tipo de pedra (a qual utilizaram para colocar em toda a freguesia que agora é Oriente). Chegaram a remover de outras zonas aplicando pedra falsa de imitação para que existisse suficiente para pavimentar a Expo98. E hoje em dia a pedra é uma matéria prima muito admirada e requisitada pelos «cheios de dinheiro no bolso». Casas abandonadas em pedra, autênticas obras de arte de engenho e técnica, são localizadas e seus proprietários localizados com «avisos» de coimas e coisas tais tudo para que alguém coloque as mãos nessas toneladas de pedras adornais... Não me surpreenderia mesmo, mesmo nada. Até me surpreende é que não pensem nisso! Sim, porque vão tirar mas... o que vão por? E de que vale outro piso em zonas muito inclinadas para pessoas portadoras de deficiência? É para os automóveis estacionarem melhor que querem remover as pedras? Sinceramente, não entendo, não vejo necessidade alguma. Fica mais económico reparar!
Ainda bem que nunca caiste ou escorregaste, PORTUGUESINHA. Confesso que nos últimos 5 anos dei três tralhos, sem gravidade de maior para além de um entorse que demorou algum tempo a curar. Mas tenho duas amigas que partiram um pé (cada uma o seu, está claro) e ambas estiveram vários meses de baixa, creio que uma mais de um ano.
EliminarAqui à porta de minha casa também todos os vizinhos tropeçavam, pois soltaram-se (ou alguém soltou) duas pedras. E veio cá algum calceteiro arranjar? Claro que não! De princípio a porteira tentou tapar o buraco com um tapete, mas não resultou (as pessoas não viam e ainda era pior), até que resolveu o problema enchendo-o de gesso.
Quanto ao resto, a ideia com que fiquei é que a pedra ia sendo substituída à medida que fosse necessária intervenção. E posso dizer que aqui em Benfica já foram feitas duas grandes no parque de estacionamento debaixo da segunda circular e não resultaram: as raízes das árvores depressa deformam o pavimento, fora os condutores de jeeps que estacionam em cima (os passeios já foram feitos bem altos, para evitar que os carros estacionem, mas mesmo assim...)
Mas enfim, todos são livres para concordar ou discordar da proposta camarária. Pessoalmente, eu concordo.
Se fizessem a devida manutenção da calçada, nada disto acontecia.
ResponderEliminarMas eles só têm 30 calceteiros na CML, o que é manifestamente pouco para toda a cidade de Lisboa, INÊS E. Além de que um jovem que fez formação para calceteiro e se diz grande defensor da calçada Lisboa, torceu o nariz a seguir a profissão, quando entrevistado... ;)
EliminarSegundo percebi a calçada portuguesa vai manter-se em zonas históricas e em locais onde deve ser preservada e devidamente apreciada. E será a calçada artística. Acho bem. Noutros locais e quando se trata de calçada sem o tal valor artístico acho de facto melhor optar por uma solução mais confortável e segura para os peões. E não me digam as senhoras que nunca ficaram com saltos presos na calçada... :)
ResponderEliminarPois, LUISA, também foi o que percebi, de modo que não tenho nada contra. Uma das minhas amigas que partiu um pé foi precisamente por o salto ficar preso na calçada... :P
EliminarBoa, Teté! Também queria falar disto lá no meu espaço, mas meteram-se outras coisas e passou. É o que eu ia chamar de «Tempestade num copo de água»!
ResponderEliminarBeijinhos
E são tantas e tão frequentes no facebook, GRAÇA... ;)
EliminarBeijocas
O meu comentário sobre as AS PEDRINHAS DA CALÇADA era tão longo, que entretanto fiquei sem net, não sendo publicado.
ResponderEliminarPois, assim ficámos sem saber a tua opinião, EMATEJOCA! :)
EliminarEm primeiro lugar partilho a tua “dúvida“ se certas polémicas não serão “cortinas de fumo” mas, passando ao assunto deste teu texto, direi que deveria ler primeiro o enquadramento em que tal proposta da CML existe e a sua formulação para poder opinar como conhecimento de causa. Não me considerando especialista de nada, assim de repente pergunto-me se alguém referiu a questão da impermeabilização? Para mim uma das grandes mais-valias da calçada é ser permeável à água. Mas isso sou eu que gosto de mandar bocas.
ResponderEliminarBeijinhos,
FATifer
O enquadramento, FATIFER? Parece-me óbvio que têm havido muitas queixas na CML, daí esta não poder fazer orelhas moucas ou fingir que não conhece o problema... ;)
EliminarHá países onde chove imenso, muito mais que cá, de modo que a calçada portuguesa não deve ser a única com condições de permeabilização. E suponho que a edilidade não é tão burra que não tenha essa questão pensada. Isto sou eu, que também gosto de mandar bocas... :)
Beijocas
Já fui vítima da calçada portuguesa duas vezes. Não sabia dessa decisão da CML , mas também apoio. Gosto muito da sua estética mas, como já escrevi em tempos no CR, sou a favor da sua retirada nos locais onde é mais perigosa e é quase impossível conservar em bom estado. Espero é que a mantenham nos bairros históricos e na Baixa ( mas não no Chiado, pois esse foi um dos locais onde dei uma aparatosa queda)...
ResponderEliminarBeijinhos