Apesar do título deste livro conter o de um tema musical de Nat King Cole -"South of the Border" (que não encontrei no YouTube, interpretado por ele) - entendo que a sua temática se prende mais com este "Star-Crossed Lovers", que Duke Ellington e Billy Strayhorn compuseram em 1957, que também é mencionado nas suas páginas, como uma das melodias preferidas do narrador/personagem. E que, segundo ele, significa "amantes nascidos sob uma má estrela". Fica, para quem quiser ouvir um jazz pianinho, enquanto lê o post:
À partida, há alguns pontos de contacto entre Haruki Murakami e Hajime (o dito narrador/personagem), mas nada que nos leve a crer que o livro seja autobiográfico, como já li por aí. De qualquer modo, confesso desde já que é apenas o segundo livro que leio do escritor e que o meu conhecimento sobre a sua vida se cinge à wiki....
Hajime nasce "na primeira semana, do primeiro mês, da segunda metade do século XX" (ou seja, a 4 de janeiro de 1951), daí o seu nome significar "princípio". Filho único, numa época em que era pouco vulgar, só encontrou uma rapariga, Shimamoto, que durante os primeiros seis anos escolares partilhava o mesmo estatuto: "Tornámo-nos bons amigos e falávamos de tudo e mais alguma coisa. Entendíamo-nos às mil maravilhas. Podia até dizer-se que estava apaixonado por ela." Longas horas a ouvir os mesmos discos na aparelhagem do pai dela, a discutir livros ou assuntos diários, colmatavam a timidez e a sensação de solidão que ambos sentiam. Contudo, aos 12 anos, o pai de Hajime é transferido para outra cidade e a família vai com ele. E o contacto perde-se!
O jovem Hajime tem uma nova escola e novos colegas, quando encontra a simpática Izumi, com quem mantém o primeiro namoro, que não passa de umas carícias mais íntimas, embora ele, como todos os adolescentes daquela idade, deseje sexo. A traição acontece e Izumi não lhe perdoa, mas entretanto ele segue os estudos universitários e muda-se para Tóquio. O curso não o entusiasma por aí além, o primeiro emprego onde permanece durante 8 anos é completamente entediante, Hajime continua solitário, rodeando-se de música e de livros. Porém, um dia conhece Yukiko, com quem acaba por casar e ter duas filhas. O sogro incentiva-o a iniciar um negócio próprio e ele abre um bar de jazz e depois outro. O sucesso dos bares desperta o interesse de uma revista cor-de-rosa e ele é entrevistado. Muitos antigos amigos e colegas vão visitá-lo a "Robin's Nest", até que um dia Shimamoto se senta ao balcão...
Não me restam dúvidas que, ao ler este livro, cada leitor vai ter uma interpretação diferente. Algumas até fantásticas ou fantasmagóricas. Mas uma coisa fica clara: apesar da época e da cultura diferente, os sentimentos e as emoções de crianças e adolescentes não divergem assim tanto cá ou naquele canto do planeta. E mesmo em adultos, não sei, não... ADOREI!
Citações:
"As pessoas vêm aqui para tomar uma bebida, ouvir música, trocam dois dedos de conversa e depois regressam a casa. Tudo pessoas dispostas a gastar o seu dinheiro para se deslocarem até aqui só para beber um copo - e sabes porquê? Porque toda a gente, em maior ou menor grau, anda em busca da mesma coisa: um lugar imaginário, o seu próprio castelo no ar, um lugar que lhes garanta uma atmosfera de sonho e fantasia."
"Há muitas maneiras de viver. Há muitas maneiras de morrer. Isso, porém, não tem qualquer importância. No fim, fica apenas o deserto. Só o deserto permanece verdadeiramente vivo."
"Chegara à conclusão de que o trabalho não passava de uma obrigação mecânica e entediante e que a única coisa a fazer era desfrutar ao máximo da vida empregando o tempo livre da melhor forma possível."
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Desta vez, não houve unanimidade no Clube de Leitura, a não ser em relação à escrita do autor, que se lê muito bem. Desde adorar (como eu e outra participante), até ao bom, assim-assim, considerar o final "a despachar" ou "quase um romance de cordel", não faltaram opiniões diversificadas...
A próxima sessão ficou agendada para dia 7 de julho, com "O Retorno", de Dulce Maria Cardoso.
Esse arco-iris opinativo é que dá interesse e riqueza, né?
ResponderEliminarBeijinhos
Do Haruki Murakami só ainda li "O elefante evapora-se" (contos). Devo dizer que gostei bastante.
ResponderEliminarNunca li nada de Haruki Murakami. Mas a resenha é interessante.
ResponderEliminarUm abraço
Nunca li nada dele. Mas é curiosa essa diversidade de opiniões, Teté.
ResponderEliminarAlgumas vez debateram, por exemplo, Os Maias? Tinha curiosidade de saber as opiniões :)
Óbvio que tem mais piada quando as opiniões diversificadas, SÃO! Algumas discussões não passam de gostámos do livro e pronto, não há muito mais a acrescentar. Mau, mau, em que todas concordámos só nos aconteceu uma vez... :))
ResponderEliminarBeijinhos!
Esse comprei-o na Feira do Livro, por metade do preço, LUISA! Mas terá de esperar a sua vez... :)
ResponderEliminarEu gosto de contos, especialmente quando estou de férias! :D
Bom, como também só li dois, ELVIRA, estou longe de ser uma entendida. Mas tenciono ler mais dele... :)
ResponderEliminarAbraço!
É, verdade, VIC! Parece que não lemos todas o mesmo livro... :))
ResponderEliminarNunca discutimos "Os Maias", porque eu recuso-me a ler o livro novamente. Não porque não tenha gostado, gostei bastante! Mas o livro foi morosamente debatido nas aulas de português do liceu, esquadrinhado cada pedacinho, posso não me lembrar de algumas frases, mas lembro-me bem de toda a história. E com tanto livro para ler, não me apetece reler um que conheço tão bem... :D
Claro que se algum dia decidirem que vai a discussão, tudo bem! Mas já lhes disse que não vou reler... :)
É esse livro que estou a ler neste momento embora seja um processo lento devido ao período de muito trabalho que estou a atravessar e de passar “algum” tempo a “blogar”. Mencionaste este livro noutro post e fui logo à biblioteca requisitá-lo. Até agora, estou a gostar.
ResponderEliminarAbraço
Havia imensos livros deste sr. na Feira, dele só tenho o "Sputnik, meu Amor", um livro que li muito pouco porque ficou esquecido em casa de uns amigos e só mo devolveram 1 mês depois, como nessa altura andava na minha fase "não ler", acabou por ficar por aí...
ResponderEliminarO Dança, dança, dança faz-me lembrar o anúncio da Zon fibra eheheh
Este parece interessante e já anotei.
Teté, cada cabeça sua sentença...
Beijinho :)
Deste senhor, só li "Sputnik, meu amor" e "Em busca do Carneiro Selvagem". Fiquei fã.
ResponderEliminarQuem sabe as férias que se avizinham não permitam ler mais qualquer coisinha. Palpita-me que este me prenderia.:)
beijocas
Só li o "Sputnik, meu amor" e não me deixou grandes saudades. Lê-se bem, sim, mas não fiquei a pensar nele muito tempo e, para ser sincera, já só tenho uma vaguissima ideia da trama.
ResponderEliminarConcordo, contudo, com a citação: "Chegara à conclusão de que o trabalho não passava de uma obrigação mecânica e entediante e que a única coisa a fazer era desfrutar ao máximo da vida empregando o tempo livre da melhor forma possível."
Se bem que eu já digo isto há anos, e nem por isso compram livros meus, o que acho muito mal!
Bjs
Creio já ter dito aqui que sou absolutamente fã do Murakami e gosto de todos os livros dele, embora Kafka à Beira Mar seja o favorito.
ResponderEliminarAcabei este fds de ler o segundo volume de IQ 84 e estou ansioso que saia o terceiro.
Cheguei agora a casa e respondi imediatamente ao teu comentário a explicar a caricatura.
ResponderEliminarVolto daqui a pouco para comentar sobre este livro, que há tanto tempo tenho vontade de ler, mas primeiro como alguma coisa.
Este li-o em 3 ou 4 dias, CATARINA, mas é óbvio que tenho mais tempo livre. Mencionei-o no anterior Clube de Leitura, mas ainda não o tinha lido, como faço em relação a todos do Clube, mas nunca aos outros. Serve também como lembrete... :))
ResponderEliminarNo fim diz-me o que achaste, OK? :)
Abraço!
Esse foi o único que já tinha lido, MARIA, e gostei, mas não me entusiasmou tanto como este! Na Feira comprei "O Elefante Evapora-se" (que é de contos), a metade do preço! Vou guardá-lo para as férias de verão, que gosto de ler os contos entre mergulhos... :))
ResponderEliminarMas claro que tem piada haver opiniões diversificadas. Outra amiga hoje disse-me que este também é o seu preferido dele e ela leu mais... I'm not alone! :D
Beijocas!
Sabes que tenho o mesmo feeling, que deste vais gostar, NINA? Ainda por cima já sendo fã até é mais fácil, mas eu gostei muito mais deste que do Sputnik, embora também tenha gostado desse. Palpita-me que também vou virar fã... :D
ResponderEliminarBeijocas e as melhoras!
Eu gostei do Sputnik, mas adorei este, SAFIRA! Mas quer dizer, há livros que nos caem mais no gosto do que outros, mesmo que do mesmo autor... :)
ResponderEliminarÉ agarrares-te ao teclado a escrever um livro com frases dessas et voilá! um dia podes estar no top de vendas literário tuga! :))
Beijocas!
Também estou a caminho de virar fã, CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA! Essa trilogia só começarei a ler quando ele a terminar. O Kafka é que tenho algumas dúvidas, porque eu não gosto de Kafka... :))
ResponderEliminarOK, já li a tua resposta, EMATEJOCA! :)
ResponderEliminarpessoas são pessoas, independentemente da latitude e mesmo da cronologia. é uma teoria que tenho verificado empiricamente e com resultados positivos :)
ResponderEliminarÉ verdade, MOYLITO! Mas muitas vezes temos a ideia preconcebida que os muçulmanos e os orientais, por exemplo, não têm os mesmos sentimentos que nós... :)
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