Ao ler o rasgado elogio que a Teresa Dias teceu a este livro, fiquei curiosa. E com vontade de dar uma espreitadela. Comprei-o na Feira do Livro, no intuito de o oferecer a uma amiga, mas comecei a folheá-lo e a gostar do que lia, de modo que as 207 páginas "voaram"...
O romance começa no dia 25 de abril de 1974, com a fatídica morte do Celestino lá "naquela pequena aldeia com nome de mamífero, encalacrada num sopé da Serra da Gardunha", que acaba por ser a notícia que mais emociona a população local. O tempo, indefinido, desenrola-se algures entre a I Grande Guerra Mundial e a queda do muro de Berlim ou, provavelmente, até bastante depois disso. O espaço intemporal vagueia da aldeia para Queluz, para Angola, passando por várias outras cidades do mundo, nomeadamente.um museu de Viena e um hotel de Buenos Aires.
Duarte é neto do médico Augusto Mendes - que um dia acreditou que o seu futuro estava naquela pequena aldeia, comprando a casa de família que o seu ex-colega Policarpo herdara, quando este se prepara para abandonar o país, desiludido - e tem um dom para a música como poucos, interpretando ao piano Beethoven e Bach, embora nutra uma especial embirração por Mozart. As cartas que ao longo de quarenta anos o avô troca com Policarpo, que lhe vão dando notícias do mundo além fronteiras, as imaginariamente sangrentas comissões em Angola que o pai nunca lhe revelou, a orfandade muda da sua mãe, o professor de piano fascinado pelo seu talento e por um quadro de Bruegel, vão moldando a sua personalidade. Uma noite, sonha que incendiou a sua vasta coleção de partituras...
A História contemporânea delineada pela memória de quem a viveu (mesmo que meio alheada da realidade ou por interposta pessoa), transforma-se quase sempre numa agradável leitura. Como é o caso!
João Ricardo Pedro, por favor, continua a escrever!
Citações (para não repetir as da Teresa Dias):
"Falarem-lhe de alemães ou de homens com trinta cabeças ia a dar no mesmo. Pisar a Lua era tão irreal como receber a visita dos doze apóstolos num domingo de Páscoa."
"[...] E, se era certo que cada nova carta de Policarpo era recebida com sincero entusiasmo, assim que terminava a sua leitura, os olhos revestiam-se-lhe de uma indisfarçável nostalgia. Talvez porque lhe relembrassem a sua condição de exilado. Mais: talvez porque lhe relembrassem as razões desse mesmo exílio."
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Curiosamente, fiquei com a sensação que aquela tirada patética (para não dizer pior!) de PPC sobre "o desemprego poder ser uma oportunidade para mudar de vida" tinha a ver com o prémio LeYa 2011, que João Ricardo Pedro ganhou. Contudo, não deixa de ser patética, porque tal como uma árvore não faz a floresta, não é um desempregado (dois, três, dezassete, trinta e oito ou cinquenta e nove!) - engenheiro e com gosto pela escrita e leitura - que pode servir de exemplo a cerca de 1 milhão de portugueses na mesma situação...
Mais uma opinião positiva a somar a todas as que já li sobre este romance do engenheiro Prémio Leya 2011.
ResponderEliminarO livro já vai na sua 3ª edição, acho eu, e foi o livro que mais vendeu na Feira do grupo Leya.
Tenho de o possuir rapidamente!!he he
Como eu gostava de ler a descrição sobre a pintura do Pieter Bruegel, o Velho.
ResponderEliminarClaro está, que é isso mesmo, o que mais me desperta curiosidade em ler este livro.
Vamos lá ver se alguém mo manda do Porto ou tenho de esperar até chegar aí.
Pensas que o PPC se lembrou deste autor quando falou das novas oportunidades para quem está desempregado? Talvez!!!
Boa noite!
Não conhecia nem o livro nem o autor. Parece bastante interessante. Vou dar uma espreitadela à opinião da Teresa Dias. Mais um para a wishlist.
ResponderEliminarnão sou muito adepto de muitas letras juntas mas vi uns excertos de entrevistas que lhe foram feitas e gostei do "estar" dele!
ResponderEliminarcontrastava com algumas dondocas que estavam em sessões de autografos, lá na feira, sem ninguém à frente :D
Já tinha ouvido falar deste livro, e fiquei um pouco desconfiada muitas vezes estes livros da "moda" decepcionam, mas ao ler a tua opinião vou lê-lo, és uma pessoa de bom gosto literário :)
ResponderEliminarOlha que os trechos abrem o "apetite" para o resto.
ResponderEliminar;)
Parece uma boa dica.
ResponderEliminarbjs
Obrigada pela pista.
ResponderEliminarUm abraço
Ofereci esse livro à minha mãe mas já tencionava vir a lê-lo depois de ela ler, esta tua opinião só reforça essa minha intenção! ;)
ResponderEliminarBeijinhos,
FATifer
Fico bastante satisfeita quando um autor é reconhecido pelo seu trabalho.
ResponderEliminarEstou mesmo muito Curioso em relação a este livro, quase ninguém consegue passar indiferente a este novo autor.
ResponderEliminarGostei bastante da tua opinião e é definitivamente um livro que irei ler, mais tarde ou mais cedo.
também ouvi muitos elogios e, por isso mesmo, não há-de ser para já. manias...
ResponderEliminarFiquei a pensar nesta tua última observação. Tem lógica. O nosso 1º a querer dizer uma coisa de jeito, enterrou-se, mais uma vez.
ResponderEliminarEnfim.
Quanto ao livro, o enredo pareceu-me bem interessante.:)
bji e boas leituras
Já o comprei, mas ainda não li, porque ainda não tive tempo. Creio que só o vou ler no avião, dentro de umas semanas.
ResponderEliminarVolto só para dizer que já respondi aos seus comentários sobre os Globos de Ouro e o Mark :-)
ResponderEliminarPartilho a opinião da Teresa Dias, MIGUEL, incluindo no que toca a um ligeiro excesso de repetições, mas para obra de estreante é mesmo uma agradável surpresa! :)
ResponderEliminarEntão possui-o (ai, esta língua portuguesa é muito traiçoeira... :))) e depois dá a tua opinião, que fico curiosa! :D
Até escrevia aqui a descrição do quadro, mas já o ofereci à minha amiga, EMATEJOCA! :)
ResponderEliminarQuanto ao PPC tenho quase a certeza, até porque ele esteve presente na entrega do prémio. Mas podia ter-lhe saído uma frase mais sensata, até porque a afirmação foi feita noutro local e contexto... ;)
Boa noite para ti!
É o primeiro livro dele, de modo que não é de estranhar que não o conhecesses, LANDA! :)
ResponderEliminarSó li uma entrevista dele, VÍCIO, e pareceu-me um homem simples e sincero... ao contrário de muita dondoca que anda por aí, de nariz empinado! ~xf (assobiando)
ResponderEliminarÉ verdade, RAINHA, não és a única a ficar dececionada com livros da "moda"... Os gostos não são todos iguais, mas este agradou-me à partida pela temática! :)
ResponderEliminarTambém só se um livro fosse muito parvo é que evidenciariam as piores citações, não é, ANA? Ou se calhar nem isso, nem direito a post... :)
ResponderEliminarEspero que sim, NORMA! :)
ResponderEliminarBeijocas!
Gosto de escrever sobre os livros que tenho prazer em ler, SÃO, só isso! :)
ResponderEliminarAbraço!
Lê, FATIFER, e depois diz-me o que achaste! :)
ResponderEliminarBeijocas!
Ainda por cima estreante, CATARINA, é muito raro... :D
ResponderEliminarPelos vistos não, NUNO, mas isto quando os elogios são muitos às vezes os leitores sentem-se um bocado dececionados. O mesmo que com os filmes... :)
ResponderEliminarDepois então lerei a tua opinião, que também tenho curiosidade em conhecer! :D
Uma mania como outra qualquer, MOYLITO, mas também percebo que os elogios excessivos por vezes acabam por desiludir quem lê... ;)
ResponderEliminarEle esteve na entrega do prémio, NINA, e possivelmente falou-se nisso, que era um desempregado que resolveu escrever um livro e que se saiu bem. Mas daí até chegar a uma conclusão como a da frase que lhe saiu boca fora, vai um enorme passo, porque como é lógico não acontece com a grande maioria das pessoas, antes pelo contrário! Enfim... :P
ResponderEliminarTambém achei, além de ter gostado da estrutura da história em si, a temática pareceu-me abordada de um ponto de vista diferente do habitual... :)
Beijocas e boas leituras para ti também!
Fiquei muito satisfeita por saber que o prémio afinal foi PARA SUA CASA, CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA! :D
ResponderEliminarPeço desculpa pela confusão! :)
Quanto ao livro, não lhe sei dizer se é boa leitura de avião: não consigo ler nada em voo! Too much scare! (e bem sei que é uma idiotice, mas pronto!) :))
À laia de informação, o autor não foi um desempregado qualquer. Foi um desempregado que saiu com um cheque chorudo, e om uma família com posses suficientes para o manter 2anos totalmente dedicado à leitura.
ResponderEliminarComo digo, Teté, não foi um desempregado qualquer, Teté. Ouvi a entrevista dele ao Primo, do Vasco Plmeirim e do Markl, e gostei do u ouvi.
Claro que não foi um desempregado qualquer, VIC! Ou achas que entre o milhão de portugueses desempregados são todos engenheiros (ou licenciados), com gosto por ler e escrever? Coitados, muito estarão próximos do analfabetismo...
ResponderEliminarDessa situação familiar não sabia, só que a mulher felizmente mantém o emprego e que é ele que leva os filhos à escola, ficando depois com um dia inteiro livre, pelo que resolveu dedicar-se à escrita! Mas obrigada por essa achega! :)
ficamos gratos pelo feedback
ResponderEliminarhttps://www.facebook.com/premioleya
De nada, PREMIOLEYA! Se não gostasse, também o dizia... :)
ResponderEliminarComprei-o também na Feira do Livro deste ano e ainda não iniciei a sua leitura porque só ontem terminei "Quando os Lobos Uivam"!
ResponderEliminarAbraço
Já li esse livro há muitos anos, ROSA, lembro-me vagamente de um fulano acusado de ser comunista num tribunal e ter respondido, "Não, não conheço nenhum Carlos Marques!"... :))
ResponderEliminarQuanto a este, é ler para ver se gostas... Para mim foi uma agradável surpresa, ainda por cima sendo um estreante! :)
Abraço!
Tenho de ver se consigo que alguém me ofereça no aniversário. ;) É que com tantas opiniões positivas, fica complicado não ter curiosidade em ler este livro. :)
ResponderEliminarPois, pelo menos já somos duas com opinião positiva, TONS DE AZUL! E já não falta assim tanto para o teu aniversário... :))
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