segunda-feira, 15 de agosto de 2011

MORTE NO RETROVISOR

Sobejamente conhecido como político, dramaturgo, poeta, ensaísta, cronista e tradutor, Vasco Graça Moura reúne neste livro 22 contos, que só muito vagamente poderão ser considerados do género policial, embora o título do primeiro (emprestado ao livro) eventualmente sugira que enveredou por esse rumo. Mas não, um ou outro crime em 251 páginas não transforma a leitura em policialesca...
Exceptuando algumas crónicas jornalísticas, foi a primeira vez que li um livro do autor. Mas tal como essas, não me convenceu totalmente, embora esperasse ser surpreendida: gostei bastante de alguns contos, como "A Pulseira", "Sorrisos de Uma Escuta de Verão", "Cavalo e3f5" ou "Praia", por exemplo, da ironia patenteada, das voltas ao texto. Não deixei de achar curiosa a sua "intrusão" em vivências como a de Camões ou Pessoa, entre tantos outros grandes poetas ou escritores - como se tivesse andado com eles na escola - utilizando o vernáculo das respectivas épocas, exibindo assim a sua enorme cultura, sabedoria e erudição. E contra isso não tenho nada, embora o travo a presunção e show-off se delineasse atrás dessas linhas.
O que ainda menos se entende - por parte de alguém tão acerrimamente defensor da língua portuguesa e anti-acordo-ortográfico (e a minha paciência para essa discussão, com mais de 20 anos, já esgotou há bué!) - é o uso excessivo de inglesismos e francesismos, a par de outras incursões pelo galego, italiano e até uma palavrinha em alemão, para já nem falar nas citações do latim, a torto e a direito. Imagino é que o interesse dos leitores diminua, à medida que a linguagem se torna mais rebuscada e elitista!
Dito isto, não posso afirmar que desgostei: não entendi minimamente um conto e um outro era tão chato que passei adiante! O que em 22 nem se pode dizer que seja mau, quando desisto de qualquer livro ao fim das primeiras 30 páginas, caso me pareça demasiado aborrecido.
Sobretudo, não é livro para se ler à beira da piscina, para todos aqueles que, como eu, não levam um dicionário de português dentro da sacola... 


2 comentários:

  1. o Graça Moura é um intelectual da língua portuguesa pelo que pode usar e abusar de estrangeirismos. como ele conhece as palavras todas, tem direito a procurar novas porque as que há não chegam. acho que tenho um livro, ou dois, mas nunca li.

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  2. Não tenho nada contra intelectuais, MOYLITO, ainda mais se conhecem a língua portuguesa de todas as maneiras e feitios! :)

    Mas isso não faz dele um grande escritor, antes pelo contrário, suponho que escreve apenas para uma elite mais culta... E, pergunto eu, um livro que é suposto ser de ficção, não pretende chegar ao grande público?! :D

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Sorri! Estás a ser filmad@ e lid@ atentamente... :)